Um Amor e três corações
Um Amor e três corações
Por: Camila Nunes
Prólogo

༺ Will Scanner ༻

O bar de luxo estava quase vazio. Apenas um grupo de jovens em uma mesa afastada e duas mulheres conversando em outra. No balcão, um homem parecia afogar as mágoas de um coração partido. Suspirei e virei o copo de uísque, tentando afogar minha culpa.

Minha vida estava um verdadeiro inferno. Não tinha para onde correr, nem como resolver a bagunça em que tudo se transformou. Por anos, deixei meu pai me manipular, mas uma hora a paciência se esgota e a revolta surge.

Pedi mais uma dose generosa de uísque ao barman. Beber parecia a única solução para encarar as fatalidades que estavam por vir. Os escândalos sobre a família Scanner seriam manchete em todos os jornais amanhã. O jovem barman, percebendo minha aflição, comentou:

— Dia difícil, amigo? Cada dose que você pede parece dizer isso.

— Se eu pudesse, apagaria esse dia da minha memória. Sinto que estou preso em um inferno sem saída. — Ele me lançou um olhar compreensivo enquanto limpava o balcão.

— Todos temos nossos dias de inferno. Mas sempre acredito que o dia seguinte será melhor.

— Também espero que amanhã seja melhor. Agora, me serve mais uma dose, por favor.

Desta vez, bebi devagar, saboreando o gosto forte da bebida. Se me perguntassem se trocar um verdadeiro amor por dinheiro vale a pena, diria que não. O vazio que isso deixa nunca será preenchido. Deveria ter enfrentado meu pai e tomado as rédeas da minha vida, em vez de ser uma marionete.

Casei-me com uma mulher que não amo. Senti afeto por Beatriz, mas sempre fui louco por Anne. Nesse amor, acabei machucando Beatriz, que também estava cansada e não queria mais sofrer por alguém que não a amava.

Joguei algumas notas de dólares no balcão e saí do bar. Não queria ficar bêbado. Entrei no meu carro e comecei a dirigir pelas ruas da cidade, tentando encontrar clareza em meio a toda aquela confusão.

Descobri que minha esposa me traía com meu irmão. Em um momento de fúria, tentei matá-los, mas eles fugiram. A perseguição terminou em tragédia, com o carro deles caindo de um precipício. Agora, eles estavam em estado grave no hospital.

Parei em frente à ponte do Brooklyn e olhei para o mar. Não podia mais deixar meu pai controlar minha vida. Era hora de tomar minhas próprias decisões, mesmo que isso significasse enfrentar consequências dolorosas.

Quando cheguei em casa, tudo estava silencioso. Fui para o meu quarto, tomei um banho rápido e desci para o escritório. Estava cansado de me esconder atrás da bebida. Precisava enfrentar meus problemas. Ao entrar, vi meu pai, com seu olhar severo, pronto para despejar seu veneno habitual.

— Está feliz, William? Seu irmão está entre a vida e a morte por sua culpa e irresponsabilidade!

— Você acha que estou feliz, pai? Se sou o causador disso, você também é. Esse casamento com Beatriz foi sua ideia. É fácil jogar a culpa nos outros, não é?

— Fiz o que achava melhor para você, William! Se tivesse deixado de amar aquela vagabunda da Anne, nada disso teria acontecido. Você se ferrou sozinho!

— Sempre jogando a culpa nos outros, não é, pai? Fui um idiota por aceitar sua proposta, mas isso acaba agora. Não vou mais deixar você controlar minha vida. — Ele apontou o dedo na minha cara.

— Se você sair daqui, estará deserdado! Esqueça que tem um pai!

— Faça o que quiser, pai. Prefiro ser um fracassado sem um tostão do que viver uma vida infeliz ao lado de alguém que não amo. Vou me separar de Beatriz e correr atrás da mulher que realmente amo. — Levantei-me, deixando o copo sobre a mesa do escritório.

Subi as escadas e comecei a arrumar minhas malas. Quando estavam prontas, olhei para a mansão uma última vez. Não precisava mais daquela vida controlada por meu pai. Eu ia para o chalé onde costumava ir com Anne, mas, acima de tudo, ia correr atrás do prejuízo e reconquistar o amor da minha vida.

Finalmente, percebi que a felicidade não está no dinheiro. Prefiro viver um dia de cada vez, tomando minhas próprias decisões. Não quero acabar como meu pai, controlando a vida dos outros para mascarar minha infelicidade. Eu tinha que lutar por minha felicidade e, principalmente, pelo amor de Anne.

Essa é a carta de um homem que decidiu arriscar tudo por sua felicidade. E nesta história, vocês descobrirão o que ele está disposto a fazer para recuperar o que realmente importa.

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