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Capítulo 02 – Grávida?

Assim que terminei meu trabalho, peguei na minha bolsa pronta para ir embora. Wagner já tinha saído a alguns minutos, só precisei organizar uns documentos para logo ir para a faculdade.

Caminhei até o elevador e quando pensei em entrar, uma voz atrás de mim fez eu parar imediatamente.

- Bella... - Olhei para trás, vendo aquele deus grego vindo até mim. - Achei que já não tivesse ninguém aqui.

Achei que ele já tivesse ido embora.

- Não, quer dizer, eu tinha que organizar uma papelada antes de ir para a faculdade - Forcei um sorriso, entramos no elevador.

- Está fazendo faculdade? - Perguntou parecendo interessado. - Que legal.

Legal nada, tudo que eu mais queria era poder ter meu diploma e mais nada.

- Sim... É legal mesmo - É legal na parte de encontrar meus amigos, porque o resto é só dor de cabeça.

- Seu nome é Bella, certo?

Fiz que sim com a cabeça.

- Na verdade é Isabella, meus amigos próximos é que me chamam de Bella.

- Meu irmão é seu amigo próximo?

- Que, o Wagner? Eu trabalho com ele desde que tinha 18 anos, Wagner me ajudou no momento mais difícil da minha vida, ele conhece a minha história, por isso temos algum grau de afinidade além do de "secretária e chefe".

E isso é verdade, Wagner é mais como um irmão mais velho para mim. Ele cuidou de mim quando mais precisei, me deu todo apoio que necessitei quando estava com uma mão na crente e outra atrás, querendo desistir do mundo.

- Então... Vocês têm ou tiveram alguma coisa?

- Claro que não - Respondi rápido. - Eu e ele somos só bons amigos.

- Fico feliz em saber.

Saimos do elevador, andamos até fora do enorme edifício.

- Quer uma carona até a faculdade, Isabella?

Como o meu nome soa tão suave saindo da sua boca, nunca ouvi meu nome sendo pronunciado dessa maneira tão... Tão... Docê.

- Não precisa, vou pegar um táxi aqui mesmo - Sorri de leve.

- Você é linda sabia?

Meu coração começou a bater acelerado.

Ele disse que sou linda?

Bem, eu não sou tão linda, mas também não sou tão feia assim. Tenho 1,62 de altura, cabelos ondulados até ao pescoço, olhos verdes, uma bunda maior que o meu corpo, magra e só, não sou aquele tipo de garota que chama atenção por onde passa.

- Obrigada - Minhas bochechas coraram num instante. - Você também é muito lindo.

Ele não é só lindo, é maravilhoso.

O táxi logo parou do nosso lado.

- Agora terei que ir, ou vou me atrasar.

- Eu faço questão de te levar - Quando dei por mim, sua mão já estava segurando a minha, me encaminhando para o seu carro.

Sua pele tocando na minha, fez meu coração querer sair pela boca.

Puxei minha mão imediatamente e parei no meio do caminho.

- Desculpa, mas eu não vou com você.

Só aí minha ficha caiu que depois de quase 5 anos, eu entrei no carro de um estranho sem pensar. Tinha tanto medo de perder o emprego que não pensei em mais nada, ou no trauma que carrego desde os meus 16 anos.

- O que foi? - Deu um passo na minha direção, me fazendo recuar automaticamente. - Eu fiz algo que te deixou chateada? Magoei você quando peguei em seu braço?

O que devo responder? Ele só um estranho, o irmão do meu chefe que me trata como uma irmã, eu devia confiar nele por isso?

- N... Não, eu só... Eu vou sozinha, não quero confundir as coisas, o senhor é dono do lugar onde trabalho e eu não devia ter entrado no seu carro.

Se soubesse na hora, talvez nem pensasse, só que eu estava tão transtornada para raciocinar sobre entrar ou não em seu carro.

- Hey calma, eu só vou te dar uma carona até a faculdade tá? Nada demais, uma carona como dei hoje de manhã - Falou parecendo aflito. - Não é como se eu fosse fazer alguma coisa com você, longe disso.

Vou ou não? Faz tempo que não tenho nenhuma crise, não posso deixar que isso volte outra vez.

Enquanto não se decide, a hora está a passar e mais uma vez vai se atrasar para a faculdade - Meu subconsciente alertou.

Verdade. Tudo bem então, é só uma carona e ele não parece ser má pessoa, mesmo que as pessoas más não tenham uma cara.

Decidi não discutir. Entramos no carro e fomos em direção a minha faculdade.

William é um cara divertido e falador. Passou o caminho inteiro me contando sobre a sua vida, e perguntou sobre a minha a faculdade e essas coisas. Algumas respondi de imediato, outras desconversei, porque ainda não me sinto confortável para falar com ele sobre algumas coisas.

- Como uma garota linda como você não tem namorado? - Ele me olhou indignado.

- Não penso muito nisso, nunca pensei nisso.

Me endireitei no banco, me sentindo desconfortável com essa conversa.

- Eu daria tudo para ter uma garota como você do lado, você é linda, parece batalhadora, engraçada e tem esses olhos esmeralda que estão quase me fazendo bater esse carro - Mesmo sem olhar para ele, sei que está com os olhos concentrados em mim, e numa coisa ele está certo, daqui a pouco ele vai bater esse carro se continuar flertando comigo.

Ele está dando em cima de mim?

- Que idade você tem? - Desconversei.

- 24, Wagner é três anos mais velho que eu. E você?

-21.

Ficamos conversando sobre coisas aleatórias, até que seu carro parou na porta da minha faculdade.

- Obrigada pela carona - Sorri sem graça.

- Que isso, não foi nada - Sorriu de volta, me fazendo sentir como se tivessem borboletas em meus estômago.

Ficamos nos encarando por alguns segundos mais uma vez, não sabia o que dizer e parece que ele também não sabia o que dizer.

- Melhor você ir, antes que perca a aula - Disse quebrando o silêncio.

- Verdade, até amanhã então.

- Até logo.

Desci do carro imediatamente, se eu ficasse ali acho que pediria para ele me beijar ou eu morderia sua boca de tão fofa que ela é. Vi seu carro se afastar segundos depois de eu descer.

Estava completamente esgotada, mas não posso mais perder aulas, ou reprovo de ano e ficará parecendo dinheiro jogado ao lixo, porque só trabalho feito louca por conta dos meus estudos e da minha mãe. A única coisa boa nisso tudo, é que o apartamento onde vivo era do meu pai, então quando ele morreu ficou comigo. Vivo sozinha desde os meus 16 anos quando meu pai morreu e minha mãe decidiu sair viajando pelo mundo e gastar tudo o que meu pai deixou. Não era muito, mas se fosse bem investido, não teria que estar sofrendo desse jeito. Mas ela decidiu gastar até ao último tustão e quando ficou sem nada, voltou para Washington sem dinheiro e com câncer.

Sou filha única, e quando minha mãe descobriu a doença decidiu ir morar com a irmã dela na Argentina. Minha tia também não tem muito dinheiro, por isso envio sempre o que posso para o tratamento da minha mãe.

Eu era muito apegada ao meu pai, minha mãe nunca ligou muito para mim, por isso não temos qualquer tipo de relação a não ser a de mãe e filha.

Minha vida não é fácil.

Estou com 21 anos, estou cursando secretariado executivo já a 3 anos, então não posso me dar o luxo de perder o ano.

- Bella... - Marcelle me abraçou assim que cheguei quase na entrada da sala. Percebi que ela não estava bem, quando depois de alguns segundos abraçadas ela não quis me soltar.

- Elle? O que aconteceu? - Senti meu ombro molhado e ela soluçando. - Fala comigo Elle, o que aconteceu?

Ela me soltou, me fazendo ver seus olhos e rosto vermelhos.

- Eu... A minha vida acabou Bella, estou perdida! - Me abraçou novamente chorando.

Marcelle é minha melhor amiga, uma das poucas que tenho, ela é tudo para mim, minha força e meu apoio, Marcelle, depois do meu pai, é a pessoa mais importante da minha vida.

- Elle, está me deixando preocupada - Me soltei dela e peguei nas suas mãos, puxei ela para a sala, que ainda estava vazia e nos sentamos. - Me fala o que aconteceu, o Jason fez alguma coisa com você?

- Não, ele não fez nada - Respondeu rápido. - Eu estou... Eu estou grávida Bella!

Fiquei calada com o impacto da notícia. Não sei que reação ter nesse momento, eu e Elle temos muitos planos, coisas que planejamos desde pequenas, e em nenhum momento mencionamos filhos. Não que eu seja contra em ela ter um filho, mas eu só estaria feliz com essa noticia, se ela viesse me contar rindo e não chorando desse jeito.

- Meu pai me expulsou de casa Bella, disse coisas horríveis - Dizia enquanto chorava. - Minha madrasta não fez nada, ficou lá com aquela cara de sonsa dela.

Elle já não tinha boa relação com o pai por conta da madrasta, acredito que com isso só piorou.

- Fica calma meu amor, sabe que pode ficar lá em casa o tempo que quiser, tem espaço sobrando - Tentei a confortar. - Mas e esse bebé, o que pretende fazer? Conversou com o Jason?

- Eu não quero ter esse filho Bella, ele está acabando com a minha vida. Jason ficou muito feliz com a notícia, mas eu não!

Na hora, Jason parou atrás de Elle, até tentei impedir ela de continuar falando com os olhos, mas ela não percebeu.

- Não quero ter um filho agora, numa coisa meu pai tem razão, esse filho vai atrapalhar todo o futuro que ele preparou para mim. Eu e Jason ainda somos muito jovens, ele não pode me obrigar a ter esse filho, eu não quero viver esse pesadelo!

Jason não falou nada, simplesmente saiu pisando duro do nosso lado. Elle olhou para trás, mas só conseguiu ver ele de costas.

Nem sei o que dizer para ela, é uma situação complicada. Ela e Jason namoram faz 4 anos, ele é uma pessoa ótima e sempre pareceu muito apaixonado pela Elle e ela por ele.

- É complicado - Foi a única coisa que consegui dizer.

Para a minha sorte, o professor entrou para a aula, me dando tempo para pensar no que dizer para ela.

Marcelle é adulta, ela sabe o que é melhor para ela. Mas abortar? Não sei se devo concordar com isso, além disso, ela não estará sozinha, terá a mim e o Jason que a amamos muito, amigos não irão lhe faltar para dar apoio.

Mas a única capaz de tomar uma decisão sobre isso, é a própria Marcelle.

Longos minutos depois, a aula terminou. Elle não parou de chorar, o professor ainda perguntou se ela estava bem e a mandou ir tomar um ar.

Esperei minha amiga terminar de vomitar, me olhei no espelho e tentei me convencer que vou dar um ótimo conselho para ela. Já passamos por muitas coisas, menos uma gravidez, que também não é o fim do mundo.

Marcelle levantou, lavou seu rosto e passou água pela boca.

- Amiga, está me doendo na alma te ver desse jeito - Falei notando seus olhos inchados.

Marcelle é uma garota extrovertida, sempre sorrindo e me fazendo sorrir, ver ela chorando dessa maneira me parte o coração, só vi ela assim quando a mãe dela morreu.

- Tudo vai passar quando eu tirar isso de mim, ai sim poderei ter minha vida de volta.

- O que está dizendo? - Fiquei na sua frente. - "Isso" é o seu filho, não te reconheço Elle, fala desse bebé de um jeito tão frio que até doi. O Jason está do seu lado, é o seu apoio, nós também, pensa bem no que vai fazer.

Ela ficou calada por alguns instantes, talvez pensando e minhas palavras, mas duvido que seja isso, Elle é muito teimosa e quando coloca algo na cabeça não existe ninguém capaz de tirar.

- É melhor a gente ir - Pegou na sua bolsa e saiu do banheiro.

Fui atrás dela respirando fundo. Andamos em direção a cantina onde encontramos Anne, Alice e Carter, três dos nossos melhores amigos e Jason também estava no meio deles. Elle até quis dar meia volta e sair dali, mas eu não deixei, eles precisam conversar e resolver isso.

- Que cara é essa Marcelle? - Carter perguntou assim que chegamos perto deles, logo olhou para o Jason com uma cara intimidadora. - O que você fez para ela imbecil?

- Porque vocês sempre acham que eu é que fiz alguma coisa? - Pergunta Jason olhando para todos nós — Que droga!

Levantou e saiu da cantina, eu e Elle nem tinhamos sentado ainda. Definitivamente eles precisam conversar. Elle contou sobre a gravidez para os outros, que ficaram com a mesma cara que eu quando ela contou, e quando Elle disse que ia abortar, todos ficaram calados.

Com certeza nenhum de nós apoia essa ideia dela, mas sabíamos que a decisão seria exclusivamente dela e de mais ninguém.

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