Capítulo 6

— Promete que não vai contar para ninguém? — perguntei com certa insegurança.

Sei que não vai adiantar mentir, ele sabe muito bem que eu não a conhecia, e querer inventar uma historinha pode ser bem pior.

— Claro que não vou contar para ninguém, você me conhece muito bem, sabe que não sou desse tipo. — Felipe disse parecendo estar ofendido.

Mesmo com certo receio, acho melhor contar a verdade.

— Então, em resumo a empresa da família seria herdada pelo neto que se casasse primeiro, meu irmão está em um relacionamento muito sério, e você sabe muito bem como ele é, um cretino, iria deixar a família em ruínas e iria me deixar da pior maneira possível. Então para me antecipar aos passos dele, eu me casei primeiro, como demoraria encontrar alguém que eu amasse de verdade, eu fiz a proposta de um casamento por contrato para Jasmine, a ruiva da foto.

Felipe me olha espantado.

— Sim, eu sei o crápula que seu irmão é, e sei do que ele é capaz. Tem certeza que um casamento por contrato era o melhor a se fazer?

— Foi a única coisa que eu pensei, foi a única saída que eu encontrei.

— Mas, o que você propôs de tão interessante para a moça aceitar esse contrato?

— Bom... Por acaso eu escutei a conversa dela com a mãe, que está doente, e precisa fazer tratamento urgente, e como eu tenho dinheiro e tenho acesso aos melhores especialistas, eu usei isso no nosso acordo, ela me ajuda, e eu ajudo a mãe dela.

Meu amigo me olha de olhos arregalados.

— Isso é absurdo! Você usou a doença da mãe dela, para conseguir uma herança, isso é tão baixo. — ele diz revoltado.

Sim, sei que não foi uma coisa boa a se fazer, mas, foi o jeito, tive que usar isso ao meu favor, além do mais, estarei ajudando ela e a mãe dela, então ambos vamos sair ganhando.

— É, eu sei que isso não foi legal da minha parte, mas, era isso, ou ver meu irmão assumindo a presidência da empresa, e isso eu não podia permitir.

— Você tem noção que se alguém descobrir isso, pode dar muito ruim para você né?

— Sim, eu sei disso, mas, vamos fazer o máximo para parecermos um casal apaixonado, assim ninguém vai desconfiar de nada.

— Olha, eu de verdade tenho pena dessa moça, ficar presa num relacionamento sem amor algum, e ainda ter que fingir amor eterno, e ter que conviver com sua família, que diga-se de passagem, não é tão fácil assim de lidar.

— A gente vai dar um jeito, e em breve vamos ir para a nossa própria casa, assim vamos evitar a família, e evitar qualquer perigo.

— Me diz uma coisa, qual o prazo desse contrato? — Felipe pergunta curioso.

— O contrato acaba depois que eu estiver estável na empresa, e depois que eu encontrar alguém que eu realmente ame.

Meu amigo coça o queixo e me olha intrigado.

— E se por acaso... — ele para de falar.

— Se por acaso o quê?

— E se com tanta convivência assim, com tanto fingimento, o amor falso se tornar algo real?

— Você quer dizer se a gente se apaixonar? — pergunto rindo.

— Isso, exatamente.

— Acho isso extremamente impossível.

— Por quê acha isso?

— Ela aparentemente tem nojo de mim, disse que só posso tocá-la em público, que quando estivermos sozinhos ela não quer ter contato físico comigo.

— Meu caro amigo, esse lance de vocês é muito recente, e ela com certeza está um pouco traumatizada, por receber uma proposta tão ousada de um desconhecido, ainda mais usando o fato da mãe dela estar doente, ela com certeza vai recuar no início, mas, tudo pode acontecer, vocês vão passar muito tempo juntos.

Não tinha parado para pensar nisso, mas, ele até tem certa razão, querendo ou não seremos próximos, vamos acabar sabendo mais um do outro, vamos ter que nos beijar em algum momento, para manter a aparência, e talvez, um de nós pode acabar gostando, se bem que eu acho muito difícil.

— É, pode ser.

— Outra pergunta.

— Pode perguntar.

— Se você não pode tocar nela, nem nada, vai ficar na seca o tempo todo que estiver com ela?

— Isso eu já não sei se vou aguentar, tenho minhas necessidades né.

— Mas, isso vai ser uma traição ué.

— Nós não somos marido e mulher de verdade, é só um contrato.

— Perante a lei vocês são marido e mulher de verdade sim, sinto lhe informar.

— Isso é apenas um detalhe.

— Cara, eu gosto muito de você, mas acho isso muita sacanagem.

— Você mesmo disse que eu sou pegador, como acha que vou aguentar resistir a tentação? Sendo que em casa não vou estar recebendo nada.

— Realmente não sei, mas, você agora é um cara comprometido, não importa se é de verdade ou não, você tem que criar postura de um cara sério, de um cara fiel, ou você quer ser presidente de uma empresa com fama de galinha e infiel?

— Eu vou tomar cuidado, não vou pegar ninguém em público se é essa a sua preocupação.

— Cara, é impossível querer te ajudar né? Faça o que quiser, mas se der errado, lembra que o amigo aqui tentou alertar.

— Olha, de verdade, muito obrigado pela preocupação, mas, fica tranquilo. E sobre ficar com outras pessoas, você acha mesmo que ela também não vai fazer o mesmo? Uma ruiva linda daquelas, com certeza deve ser muito cobiçada, deve ter bastante safado de olho nela, e ela também não é cega, com certeza deve estar de olho em alguém.

Senti um certo incômodo só de pensar nisso, mas, afinal, não temos nada mesmo, então ambos podemos fazer o que quisermos, ficar com quem quisermos.

— Tá certo, se você diz, e sim, ela é realmente uma bela ruiva.

Era só o que faltava Felipe de olho na minha mulher, é difícil viu, e agora que ele sabe que é um casamento falso ele pode querer procurar papinho com ela, não sei se vou gostar de ver um amigo meu dando em cima da Jasmine.

Agora vamos parar um pouco com esse assunto, e vamos beber um pouco, vamos nos divertir.

— Vamos, mas, tenta se controlar, pelo menos hoje, assim como eu sei que você se casou, mais gente aqui sabe, e pode dar muito ruim.

— Agradeço os conselhos, mas, já chega por hoje senhor certinho.

Pedimos algumas bebidas, e conversamos um pouco, até que uma loira começa a se aproximar de mim, me encarando fixamente.

Ela passa por mim e não diz nada, Felipe fica me observando.

— Matteo, sinceramente, não seja um mulherengo sem controle, a primeira mulher bonita que passa na sua frente você já quer?

— Você viu que loira maravilhosa? E você viu o jeito que ela estava me olhando?

— Sim, eu vi, porém, não vi nada de mais, a ruiva é muito mais bonita.

— Ah! Não começa, fica sem falar da Jasmine pelo resto da noite, pode ser? Não precisa ficar me lembrando dela a cada cinco minutos.

— Pois eu acho que preciso sim, acho que você esqueceu do seu compromisso.

— Agora você tocou no ponto certo, meu compromisso, então para de se importar tanto assim, não é da sua conta.

— Creio que você já bebeu demais Matteo, vamos pra casa amigo, antes que você faça algo que não deve.

Felipe está me irritando tanto, sinceramente, que cara certinho, exageradamente certinho, que chatice, sei que é para o meu bem, sei que ele está fazendo o seu papel de amigo, mas, está me tirando do sério.

— Está bem, vamos embora, mas antes vou ao banheiro. — Felipe me olha desconfiado.

Era só o que faltava ele querer me vigiar até no banheiro, enquanto eu me afastava dele, encontro a loira encostada na parede, nossos olhares se cruzam.

— Oi gatinho, pensei que não ia vir nunca. — ela diz se aproximando.

— Você estava me esperando?

— Sim? Achei que fosse óbvio.

Olhei incrédulo para ela.

A loira se aproximou ainda mais, e aproximou sua boca do meu ouvido.

— Estava te observando desde a hora que você chegou.

— Então acho que temos uma pendência a resolver. — digo colocando minha mão em volta de sua cintura.

— Temos sim. — ela sela nossos lábios.

E mesmo algo me dizendo que eu deveria parar, a tentação fala mais alto, meu corpo necessita sentir o dela.

Continuamos nos beijando, até que ela começou a me puxar para um local mais afastado. Suas mãos percorriam pelo meu corpo, e mesmo por cima da roupa, eu estava me sentindo tão excitado.

— Você é tão linda, não me lembro de já ter te visto aqui, eu com certeza me recordaria de uma beleza assim.

— Eu me mudei recentemente para a cidade, é a segunda vez que venho nesse barzinho. — ela diz continuando com as carícias.

— Ah, agora faz sentido.

Ela beija meu pescoço, enquanto sua mão vai parar no zíper da minha calça, por mais que eu queira, eu preciso interromper isso logo.

Tento tirar sua mão, ela apenas da um sorriso malicioso.

— Que tal a gente sair daqui hein? — ela diz sussurrando em meu ouvido.

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