Como Joaquim ainda não havia chegado, Natacha aproveitou para terminar de tricotar o cachecol. Os fios deslizavam suavemente por entre seus dedos enquanto as agulhas se moviam de forma rítmica. Estava tão concentrada que quase não ouviu o celular tocar. Ela deu uma olhada no identificador de chamadas e viu que era seu pai.- Pai, agora está tarde. O que aconteceu? - Perguntou Natacha, intrigada, enquanto ajustava os óculos e apertava o celular contra a orelha.- Já foi descansar? - Rodrigo perguntou com uma voz pesada, carregada de preocupação. - O Joaquim está com você?Natacha achou a pergunta estranha, franzindo o cenho.- Por que está perguntando sobre o Joaquim? Ele está trabalhando até tarde na empresa hoje. Ainda não voltou.Rodrigo ficou em silêncio por um momento antes de responder, com uma seriedade que deixou Natacha tensa:- Hoje, levei sua avó ao hospital para um exame. Vi Joaquim lá com uma mulher. Ele não me viu, mas eu os vi juntos.O coração de Natacha disparou, e sua
Natacha sentiu o coração disparar como um tambor frenético. Ele chamou ela de “querida”. Foi a primeira vez que Joaquim chamou ela assim. A ternura em sua voz parecia prestes a submergir ela em um mar de emoções. Joaquim, com um olhar cansado, mas afetuoso, ajudou ela a ajeitar o cobertor e, com gestos cuidadosos e carinhosos, disse:- Vou tomar um banho, hoje foi realmente exaustivo.Natacha, com o coração pesado e cheio de pensamentos não ditos, finalmente não conseguiu se conter e perguntou de forma indireta:- A empresa está tão ocupada assim? Você passou o dia todo lá cuidando das coisas?Joaquim parou por um instante, depois assentiu, evitando seu olhar.- Sim, há muito o que fazer.O olhar de Natacha escureceu, sentindo como se uma pesada cortina negra tivesse caído sobre seu coração, tornando difícil até respirar. Então, ele realmente enganou ela. Ele esteve no hospital com outra pessoa, mas não mencionou nada a ela. Joaquim, sem perceber a mudança em suas emoções, se dirigiu
Laura entregou os exames pedidos a Rafaela, que a pegou com um sorriso, e então, inesperadamente, se dirigiu a Laura.- Doutora, será que esta jovem doutora poderia me acompanhar? Tenho sentido muitas tonturas e aperto no peito, e tenho medo de desmaiar sozinha no caminho até os exames.Laura achou a mulher um pouco exigente, mas, lembrando que no mês passado havia sido penalizada com uma multa de mil reais por causa de uma reclamação de um paciente, decidiu evitar problemas. Agora, preferia atender às solicitações dos pacientes sempre que possível.- Natacha, por favor, acompanhe ela até os exames.- Claro.Natacha sabia que Rafaela estava fazendo isso de propósito. Mas certas coisas aconteceram, queria você quisesse ou não. Resignada, Natacha seguiu Rafaela para fora do consultório.- Que coincidência encontrar você aqui, Srta. Natacha. - Comentou Rafaela, acariciando levemente sua barriga ainda discreta, enquanto observava a reação de Natacha com o canto dos olhos.Os corredores do
Natacha estava com o coração em pedaços, olhando para Rafaela com uma expressão contida. Seus olhos estavam vermelhos e marejados de lágrimas, mas ela se esforçou para manter a compostura e perguntou: - Você conseguiu o que queria. Agora, me diga, o que mais você quer?Rafaela, satisfeita com a reação de Natacha, cruzou os braços e lançou um olhar de desprezo. - Srta. Natacha, parece que você não é alguém que não se importa com sua dignidade e reputação. Os fatos estão bem diante de você. Insistir em perseguir Joaquim não faz sentido, não acha? - Disse ela, antes de se afastar com um ar triunfante.Natacha ficou ali, sozinha, como se o mundo inteiro tivesse parado ao seu redor.Apesar da movimentação constante de pessoas e do barulho ao redor, com conversas abafadas e o som distante de aparelhos médicos, Natacha parecia não ouvir nem ver nada. Sua mente estava completamente vazia, um turbilhão de emoções que ela não conseguia processar.Foi só quando a voz de Isadora soou ao seu lado
Laura mencionava Joaquim várias vezes, tentando fazer com que Natacha falasse sobre o irmão, incluindo suas condições econômicas e sua ocupação. Infelizmente, Natacha nunca revelava informações sobre Joaquim.Sem uma alternativa, Laura decidiu ser mais direta e perguntou sem enrolação:- A propósito, seu irmão vem te buscar hoje? - Não sei. - A resposta de Natacha foi breve, seu rosto mostrava um momento de confusão, enquanto sua mente ainda estava presa na notícia da gravidez de Rafaela. Ela se sentia como se estivesse presa em uma neblina, incapaz de pensar claramente.Laura tentou mais uma vez.- Seu irmão deve estar sem namorada, não é? Caso contrário, ele estaria com ela, e não teria tempo para te buscar. - Laura se inclinou levemente para frente, esperando que a pergunta casualmente inserida levasse Natacha a revelar algo mais.- Sra. Laura, o expediente acabou. Vou indo. - Natacha se levantou, desviando o olhar, e saiu do consultório. Seus movimentos eram rápidos, quase apressa
Luiz sabia que não tinha condições de enfrentar Joaquim no momento, mas temia que sua visita de despedida pudesse fazer Joaquim descontar sua raiva em Natacha.- Irmão, eu só vim me despedir da Natacha. Não precisa ficar tão zangado. - Disse Luiz, com uma voz trêmula que deixava transparecer seu medo. - De qualquer forma, amanhã eu vou embora e não represento ameaça alguma para você. Por favor, não dificulte as coisas para Natacha, estou te pedindo. Seus olhos imploravam por compreensão, enquanto ele mantinha a postura humilde.Joaquim soltou uma risada debochada, seus olhos faiscando com desprezo. - Mesmo que você não fosse embora, não seria uma ameaça para mim. Quanto à minha esposa, você deveria chamar ela de “cunhada”. Natacha é um nome que você não tem o direito de usar. - A voz dele era cortante, cada palavra um golpe de autoridade e possessividade.O rosto de Luiz mudou de cor, empalidecendo, mas ele sabia que não tinha argumentos para rebater. Natacha agora era esposa de Joaqu
Porque ele conseguia ver que ela já sabia de alguma coisa.- Quem te contou?O rosto de Joaquim estava sombrio. Ele havia alertado Isadora, mas não esperava que ela fosse tão imprudente a ponto de contar tudo a Natacha!Mas as lágrimas de Natacha caíam em cascata, e sua voz tremia:- Se não fosse a Rafaela vir ao hospital hoje para me provocar, eu ainda estaria como uma idiota, sendo enganada por você. O que você quer afinal? Está esperando ela ter o bebê para que eu veja vocês três curtindo a felicidade familiar? Joaquim, você é cruel demais! Você é cruel demais!Ela tremia de raiva, chorando descontroladamente, sem qualquer dignidade.Joaquim de repente a abraçou, dizendo baixinho:- Desculpe, Natacha, desculpe...- Não diga mais “desculpe”! - Natacha o empurrou com força, balançando a cabeça. - Joaquim, por que você me enganou? Por que não me contou quando soube? Você tem medo que eu não queira me divorciar? Ou que eu insista? Eu não vou, vou te dar a liberdade, e a mim também!A fi
Natacha estava um pouco abalada e perguntou com cuidado:- Quando você fala em "resolver", quer dizer que Rafaela deve abortar a criança?- Sim, já que não posso lhe dar um futuro, ter esse filho seria irresponsável tanto para ela quanto para a criança. - Joaquim acariciou os cabelos dela com ternura e disse, com pesar. - Não chore mais. Confie em mim desta vez, por favor?Embora Natacha achasse triste a situação do bebê que ainda não havia nascido, ela também queria sua própria felicidade. Contanto que Joaquim não estivesse apenas brincando com ela e não fosse um homem qualquer, ela estava disposta a dar mais uma chance a eles, apesar dos erros passados. Por isso, ela olhou para Joaquim e perguntou:- Quanto tempo levará? Quando você resolverá sua situação com Rafaela e terminará tudo com ela?- No final deste mês. Joaquim pensou que até o final do mês, Rafaela estaria grávida de três meses. Antes dos três meses, a cirurgia era mais fácil e causava menos danos ao corpo da mãe. Port