- Como assim? Para comer, precisa alguém se desdobrar todo para te convidar? - Veio a voz grave e magnética de Henrique por trás.Josiane abriu os olhos e olhou para ele. - Henrique, eu não fiz algo errado com você, né?Henrique franziu o cenho. - O que você está dizendo? - Ele perguntou.Josiane sorriu fracamente. - Como é que agora você nem me dá um sorriso?Os lábios finos de Henrique se fecharam abruptamente.Josiane caminhou em direção a ele. - É só porque eu não quero me divorciar de você, mas isso não é um crime terrível, não é?Seus olhos cintilaram enquanto ela encarava seus olhos negros profundos, tentando encontrar seu próprio reflexo ali.Ela encontrou, mas o olhar dele não era mais de ternura, era de frieza.Ele tinha responsabilidades a cumprir com Viviane.E todo o esforço dela ao longo de um ano, todos aqueles momentos bonitos, pareciam uma piada.Henrique viu a luz nos olhos dela se apagar e então ouviu ela dizer: - Está bem, concordo com o divórcio.Henrique des
O corpo dela se levantou no ar, e Josiane, instintivamente, o abraçou. Seus olhos castanhos e claros mostravam uma expressão de surpresa."Ele... O que isso queria dizer?"Henrique ignorou o olhar dela, colocou ela no carro e logo pegou a caixa de primeiros socorros. Em seguida, tirou alguns itens para cuidar do ferimento no pé dela.Josiane observou cada movimento dele, se sentindo meio atordoada, como se estivesse vendo Rique.Ele era mesmo Rique.- Rique...- Não pense bobagem. - Interrompeu ele com sua voz grave. - Só não quero me arrepender de um divórcio por causa de besteira.Foi como um balde de água fria sobre sua cabeça, extinguindo suas fantasias interiores.O fato era que ele teve medo de que ela mudasse de ideia."Que ridículo!"Ela puxou o pé de volta bruscamente. - Pode ficar tranquilo! O que eu digo, não volto atrás.Mas seu tornozelo delicado foi preso pelos dedos frios do homem e ela não conseguiu se mover.No meio da luta, a saia virou e suas pernas lisas e macias f
Henrique prendeu a respiração por um momento.Seus olhos escuros como tinta se fixaram nela, emoções indescritíveis se transpassavam dentro deles.Josiane se virou, segurando seus sapatos, caminhando lentamente para frente.- Entre no carro. - Novamente, a voz grave e magnética do homem soou atrás dela.Um leve amargor passou pelos olhos de Josiane. - Você não está, realmente, reconsiderando o divórcio?Dizer isso seria injusto com Viviane, que havia perdido a perna tentando salvar ele.- Esse é o território da família Gomes. Se te virem saindo mancando daqui, não vai fazer bem à reputação dos Gomes. - Disse Henrique friamente.Os longos cílios de Josiane tremularam. Era quase cômico como ela poderia pensar que ele não queria mais o divórcio.- Josiane, como você disse, não temos nenhum ódio profundo um pelo outro.Ele devolveu suas palavras exatamente como ela as tinha dito.Os dedos de Josiane se contraíram por um instante. Então ela se virou e entrou no carro.Ao ver ela voltar, po
No dia seguinte.Dez horas da manhã, o celular de Josiane tocou, ela viu a tela e ignorou a chamada.O engenheiro João estava explicando a situação atual do canteiro de obras e ela anotava tudo.Só ao meio-dia conseguiu um tempo para descansar, pegou uma garrafa d'água e tomou um gole antes de pegar o celular.Dezoito chamadas não atendidas.Todas de Henrique.Ha!Ela soltou uma risadinha e estava prestes a ligar de volta quando a décima nona chamada entrou.- Alô?- Josiane, você está me tirando?Assim que atendeu, uma voz sombria e fria se fez ouvir, dava para sentir a respiração pesada dele.Se ele estivesse na frente dela agora, provavelmente a rasgaria em pedaços.Josiane respondeu com leveza.- Henrique, como é que é ser feito de bobo?Ele tinha recuperado a memória e conseguia falar, mas continuava escondendo isso dela, fingindo ser como antes.Se ela não tivesse descoberto, até quando ele continuaria fingindo?Enquanto ela ficava fazendo sinais para ele, será que ele ria dela p
Estranho, hora do almoço e não tinha ninguém por aqui?Josiane sentiu uma ansiedade crescente, seu rosto estava extremamente tenso.- Espere aí!- Eu vi o crachá daquela mulher, com certeza é do Grupo DK!- Peguem ela! Temos que resolver isso!Um grupo de pessoas veio correndo atrás dela.Josiane ficou ainda mais nervosa, correu em uma direção, mas no segundo seguinte, tropeçou e quase caiu de cara no chão, conseguiu se equilibrar com dificuldade, mas não podia mais fugir.Uma dúzia de pessoas, com uma atitude ameaçadora, bloquearam o caminho de Josiane.- Quem são vocês?Josiane controlou suas emoções, olhando com seus belos olhos amendoados para eles.Um homem barbudo disse: - Meu irmão, Bryan Cunha, estava trabalhando aqui e quebrou a perna. Eu vi você é do Grupo DK, precisamos de uma explicação!Josiane franziu a testa. - Entendo sua preocupação com seu irmão, mas essas coisas geralmente são tratadas por canais apropriados.Caio Cunha interrompeu. - Canais apropriados? O cara qu
Os olhos sombrios de Henrique fitaram Josiane por um momento antes de ele se sentar novamente. - Eu estava pensando em fazer isso, mas ao ver você desse jeito... Não é meu estilo intimidar pessoas com deficiência. - Ele disse.Josiane sorriu ironicamente. - Obrigada, Sr. Henrique, pela sua generosidade.Um agradecimento falso.Uma conversa falsa.Entre os dois, parecia que tinha surgido uma parede transparente. Eles conseguiam se ver, se tocar, mas de alguma forma perderam completamente aquela conexão anterior.Nada era assim antes de ontem.Tudo começou quando ela sugeriu o divórcio.Henrique estava de repente irritado. Ele afrouxou a gravata e disse: - Nos próximos dias, se cuide bem. Deixe que outra pessoa se encarregue do projeto.- Isso conta como acidente de trabalho? - Josiane perguntou.Henrique olhou para ela, sem dizer uma palavra.- Deve haver uma compensação por acidente de trabalho, certo? Não me importo com algumas centenas de milhares. Você conhece o número do meu car
Josiane fechou os olhos, com uma dor de cabeça terrível. Lá fora, o céu já estava escuro. Ela virou a cabeça para olhar pela janela, os olhos gradualmente se esvaziando.Na verdade, bem sem graça.Nesse momento, o celular tocou, e ao o pegar, seus olhos se iluminaram de repente.- Nicole!- Oi! Querida, adivinha onde estou? - A voz sutil da garota veio pelo celular.- Cidade Y? - Josiane disse.- Acertou! Estou embaixo do seu prédio, por que você não desce para me encontrar logo? - Nicole Lopes riu levemente.- Ah, minha princesa, acho que não vai dar, fui machucada no trabalho, estou no hospital agora. - Josiane disse.- Me passa o endereço imediatamente! - Nicole ordenou.Ouvindo o tom sério dela de repente, Josiane não pôde evitar rir: - Tá bom.Ela enviou o endereço, e em menos de meia hora, a porta do quarto foi aberta, e uma mulher extravagante e encantadora entrou correndo.- Josi, o que aconteceu? Como você se machucou no trabalho? E onde está aquele marido mudo seu? - As per
Josiane apertou os lábios e ligou para Nicole, mas ninguém atendeu do outro lado.Elas não haviam se separado por muito tempo. Por que Nicole estaria no Hotel Encanto? Ao lembrar do que Nicole tinha dito antes, Josiane prendeu a respiração. Era hora de acertar as contas com Henrique. Isso era algo que ela faria.Sem se permitir pensar demais, ela saiu às pressas e pegou um táxi até o Hotel Encanto.Ao entrar apressadamente, se deparou com o saguão em completa desordem, cacos de vidro espalhados por toda parte, como se o lugar tivesse acabado de ser assaltado.- Onde está a Nicole? - Josiane segurou um garçom pelo braço, perguntando com urgência.O garçom apontou para uma sala no corredor. - Ali.Josiane foi rapidamente na direção indicada, empurrando a porta da sala e encontrando Nicole sendo escoltada por dois seguranças, com raiva estampada em seu rosto delicado.- Me soltem! - Ela continuava lutando.No sofá, Henrique tinha uma expressão sombria, sua camisa branca manchada de sang