As palavras de Mayara feriram Julieta profundamente, atingindo o ponto mais sensível de seu coração.O bebê realmente não tinha sobrevivido, mas ela sabia que, mesmo se tivesse sobrevivido, Francisco não o teria aceitado.A dor em seu coração era asfixiante.Mayara, contudo, parecia insatisfeita e se aproximou de Julieta, sussurrando ao seu ouvido.- Julieta, você ainda não percebeu? Você sempre foi apenas uma diversão para ele. Acha mesmo que poderia melhorar sua posição por causa de um filho? - Ela soltou uma risada fria. - Imagine se eu ficasse grávida, como Francisco reagiria?“O que aconteceria se fosse Mayara?”Julieta nem precisava pensar para saber que a atenção seria extrema.As mãos de Julieta estavam cerradas, as pontas dos dedos pálidos tremiam levemente.Ela ergueu a cabeça, enfrentando Mayara com um sorriso forçado, tentando manter seu tom de voz leve e despreocupado:- Bem, Srta. Mayara, parece que terá que se esforçar bastante. Você já voltou há tanto tempo e Francisco
Julieta falou e logo percebeu o quão irônico aquilo soava.Para Francisco, permanecer era uma responsabilidade.Levar Mayara ao hospital para trocar os curativos se tornou o seu desejo.Ela sempre acreditou que jamais se rebaixaria a usar a responsabilidade como uma corrente para alguém.Assim como quando descobriu que estava grávida, não quis empregar essa suposta responsabilidade para retê-lo.Mas agora, ela havia feito exatamente isso.Não queria, de fato, ver Francisco simplesmente seguir Mayara e desaparecer.Talvez fosse apenas para competir com Mayara.Francisco a encarou com os olhos semicerrados e, após um breve momento, sorriu.- A Sra. Julieta antes não desejava que eu ficasse, não é verdade? Como se sente agora? Mudou de ideia?Julieta encarou o olhar sarcástico dele.Seus lábios estavam levemente pálidos:- Foi o Sr. Francisco que disse que cuidar de mim é sua responsabilidade, correto?Francisco riu suavemente e a soltou.- Fique tranquila, Sra. Julieta, eu não vou abando
Do outro lado da linha, após dois toques, a chamada foi atendida.- Sr. Francisco, eu agora...- Sra. Julieta? - Antes que Julieta pudesse terminar, a voz de Gustavo soou do outro lado, impregnada de um sarcasmo descompromissado. - Francisco foi buscar Mayara. Partiu tão às pressas que esqueceu o celular aqui. A senhora precisa de algo?Os dedos de Julieta apertando o celular branquearam levemente.Ela desligou diretamente o telefone e persistiu na tentativa de conseguir um carro pelo aplicativo.Quando finalmente conseguiu um e chegou ao hospital, mais de uma hora havia se passado.Olívia encarou Julieta, encharcada pela chuva, com uma expressão de advertência.- Você sabe que não deveria se molhar na chuva agora, certo?Os lábios pálidos de Julieta se curvaram num sorriso forçado:- Está bem, eu sei. Não se irrite, estou me sentindo péssima agora. Posso pedir para não ficar brava comigo, já que estou doente?Olívia, oscilando entre a irritação e a preocupação, suspirou profundamente
Depois de deixar Mayara, Francisco retornou para casa.Ao entrar, ouviu a governanta informar apressadamente.- Sr. Francisco, finalmente chegou. A Srta. Julieta teve febre.Francisco, que estava a trocar os sapatos, se deteve abruptamente, franzindo a testa de imediato.- Como assim ela teve febre? - Perguntou e se apressou em direção ao quarto.Ao abrir a porta, viu que estava vazio.Sua expressão escureceu instantaneamente.- Onde ela está?- A Srta. Julieta foi ao hospital.A resposta da governanta fez a expressão de Francisco se tornar ainda mais carregada.- Por que você não a acompanhou?A governanta se mostrou desconfortável:- A Srta. Julieta disse que podia ir sozinha. Eu queria ir, mas ela não permitiu.A severidade na voz de Francisco era palpável:- Ela disse que podia ir sozinha e você simplesmente aceitou? Não percebe que ela está doente e a deixou ir sozinha?Sua autoridade natural, agora misturada à irritação, intimidou a governanta, que não encontrou palavras para res
Julieta acenou afirmativamente com a cabeça.Olívia se posicionou ao lado da cama, desenrolando a gaze com meticuloso cuidado.Ao vislumbrar a ferida, suas sobrancelhas imediatamente se contraíram.- Dói?Julieta, contendo a dor, lançou um breve olhar à ferida antes de rapidamente desviar a atenção.- É tolerável.- Tolerável, como assim? Sua face denota a palidez da dor. - Olívia, enquanto falava, trocava o curativo com destreza. - Essa ferida, sem dúvida, resultará em uma cicatriz. Ainda possui aquele remédio para cicatrizes em casa?Julieta acenou com a cabeça em concordância.Nos anos anteriores, frequentemente machucada por Dario a ponto de ter a pele lacerada, ela se habituou a usar o remédio para cicatrizes, mantendo um estoque em casa.- E o episódio com a fã, como foi resolvido? - Indagou Olívia, franzindo a testa.- Se seguiu o procedimento padrão judicial.- Foi só isso? Não haverá uma investigação mais aprofundada?Julieta soltou um riso gelado:- O que mais poderia ser fei
Julieta desviou o olhar dele.- Meu celular estava no silencioso, não percebi as chamadas.Francisco emitiu um murmúrio frio, avançou alguns passos em sua direção, observando ela de cima a baixo:- É realmente verdade que não percebeu?Julieta ergueu a cabeça para encarar seu olhar.- Qual outra razão haveria? O Sr. Francisco acha que eu não atendi propositalmente?A expressão de Francisco imediatamente se agravou.- Sra Julieta, já lhe adverti sobre evitar essas birras desnecessárias, não?- O que seria considerado "necessário"? - Julieta, incapaz de se conter, interrompeu. - Será que no coração do Sr. Francisco só as lágrimas da Mayara têm valor? Só a Mayara tem o direito de ficar abalada, enquanto eu nem sequer tenho direito de expressar os meus sentimentos?Os olhos de Francisco se estreitaram, seus dedos, frios, avançaram para segurar o queixo dela:- Por que a Sra. Julieta se coloca nessa posição de vítima? Providenciei a cuidadora que precisava, ofereci a compensação devida, por
Os lábios de Julieta estavam tensos, mas, após um breve momento, ela sorriu e encontrou o olhar de Francisco.- Isso não se repetirá, Sr. Francisco, pode ficar tranquilo. A partir de agora, evitarei criar problemas por questões tão pequenas.Francisco a encarava com uma expressão intensa.Ele tinha a intenção de prometer que atenderia suas ligações de agora em diante, mas, ao invés disso...Ele soltou um riso frio, abandonando a ideia.Visivelmente incomodado, Francisco ajustou sua camisa molhada.- Ligue para Rafael. Ele está por perto. Peça que ele traga um conjunto de roupas.Os lábios de Julieta tremeram levemente.Ela queria dizer que ele não precisava permanecer ali.Ela já estava melhor, qual seria o motivo para ele ficar?Mas Francisco já tinha ido ao banheiro após falar.Sendo extremamente meticuloso com sua vestimenta, certamente ele não vestiria novamente as roupas encharcadas, provavelmente aguardaria Rafael trazer novas roupas antes de partir.Com isso em mente, Julieta fe
Rafael arqueou as sobrancelhas de imediato.- Sra. Julieta, não estou brincando, falo sério. Você conviveu ao lado do meu irmão por tanto tempo, está realmente disposta a cedê-lo para Mayara? Se estivesse em seu lugar, definitivamente não me conformaria sem lutar, mesmo que precisasse arriscar.Julieta sorriu, mas sem emitir som.“Qual o sentido de não se conformar?”Questões do coração nunca se resolveram simplesmente por não aceitar uma situação.Ela também lutou.Durante os últimos três anos, se esforçou para conquistar o afeto desse homem.Mesmo que fosse apenas uma fração.Contudo, ao final, não obteve êxito.Não conseguiu antes.Agora, com o retorno de Mayara, a situação se tornou ainda menos provável.Julieta permaneceu em silêncio.Ela sequer sabia o que responder.Rafael parecia preocupado ao seu lado:- Sra. Julieta, você nem imagina o quão preocupado meu irmão estava quando não conseguia falar com você. Ao se deparar com um congestionamento a caminho, ele abandonou o carro e