Francisco apertou os olhos de repente:- O que você disse?- Eu disse para você ir embora! Não entendeu? - Julieta já não queria mais discutir.Na verdade, nunca houve real necessidade para uma discussão.Os problemas entre eles iam além de apenas Mayara. Se proteger Mayara era o problema mais imediato, então o problema mais profundo entre eles era que este homem... Simplesmente não gostava dela.Desde o início, ele nunca a valorizou de verdade. Por isso, diante de uma escolha, ele a abandonava repetidas vezes.Quanto àquela situação anterior, deveria ser vista apenas como um teste.Se fosse necessário lidar com Mayara, ela teria de ponderar a possibilidade de Francisco protegê-la. Afinal, se este homem protegesse Mayara, isso se tornaria um grande obstáculo para ela e para Emanuel.Uma chama de raiva se acendeu instantaneamente nos olhos de Francisco.Ele tinha sido realmente mandado embora?Essa mulher teve mesmo a audácia de mandá-lo embora?- Julieta, é assim que você trata seu sal
Francisco se enrijeceu subitamente. O desejo que tinha acabado de emergir em sua mente esfriou de imediato, recuando.Lentamente, ele soltou Julieta. Seus olhos ocultavam uma dor efêmera. A pergunta de Julieta era como uma faca afiada cravada em seu coração.Desde o incidente, esta era a primeira vez que ela o mencionava.Ele pensava que tudo havia sido superado. Ele também pensava que, se ninguém tocasse no assunto, seria como se nunca tivesse ocorrido.Mas agora, bastava uma pequena fissura para que o tema se tornasse uma cicatriz entre eles.Indelével, inextirpável, a dor não se atenuava nem um pouco com o tempo.Naturalmente, não era só Julieta que sofria, mas ele também.A maçã do rosto de Francisco se tensionou duas vezes e ele deu dois passos para trás.Ao trazer o incidente à tona, as intenções de Julieta não poderiam ser mais claras.Ela realmente não desejava que ele a tocasse. Não era meramente um capricho.- Você prefere abrir essa ferida a permitir que eu a toque, é isso?
Francisco saiu do quarto, mas não se afastou. Ele apenas encostou na parede ao lado da porta, baixou a cabeça e acendeu um cigarro. Ele não estava certo se era a falta de vontade de desistir de Julieta, mas estava completamente certo de que seu abandono era relutante. Não fazia sentido que o relacionamento que começou com dois acabasse com apenas ele preso no mesmo lugar.Claramente, ele conseguia sentir o cuidado de Julieta por ele anteriormente. Pensando agora, ela realmente se importava muito com ele. Ela ouvia tudo o que ele dizia, dava tudo o que ele queria. Mas agora, ela conseguia se desvencilhar dessa relação com total tranquilidade. Só se pode dizer que quando uma mulher decide ser implacável, ela pode ser muito mais cruel que um homem.Francisco não se moveu. Ele ficou parado na porta do quarto de Julieta a maior parte da noite, fumando um cigarro atrás do outro. As pessoas que passavam não podiam deixar de olhar para ele. Finalmente, um garçom trouxe a ela um cinzeir
Julieta não queria provocar aquele homem, então ela se manteve calada. Francisco soltou um riso sarcástico e perguntou: - O café da manhã estava bom?Julieta mordeu o lábio, hesitante, mas respondeu: - Estava gostoso, Sr. Francisco. O senhor já comeu?A expressão de Francisco escureceu. Ele não tinha comido, nem tinha apetite. Ele não estava tão livre quanto ela. Francisco tinha acabado de terminar um relacionamento de mais de três anos e já conseguia ver Julieta feliz, tomando café da manhã com outro homem.- Gerente Julieta é fácil de agradar, um simples café da manhã já te deixa feliz? - A amargura em suas palavras era clara.Julieta achava difícil ignorar aquelas palavras. Cansada de discutir trivialidades com ele, ela preferiu cumprimentar a secretária do parceiro ao lado. Francisco foi completamente ignorado e sua expressão se tornou ainda mais sombria.A secretária se aproximou de Julieta, amigável: - Srta. Julieta, aquele que veio lhe trazer é seu namorado?Julieta
Julieta estava arrumando suas coisas. Assim que terminou, ouviu a secretária do parceiro de negócios chamá-la:- Srta. Julieta, seu namorado veio buscá-la.Julieta hesitou por um instante e olhou para fora, avistando Carlos de pé na porta.Carlos, vestindo um terno simples e elegante, se destacava com sua postura ereta, chamando a atenção de todos.Julieta sorriu, meio sem graça, sem oferecer explicações. Ela apenas sorriu timidamente para o Presidente Bernardo:- Desculpe, Presidente Bernardo, tenho outro compromisso e não poderei ir com o senhor.O olhar do Presidente Bernardo brilhou por um instante e ele se virou para Francisco. Os outros podiam não saber sobre a relação entre esses dois, mas ele estava ciente.Francisco tinha organizado este evento, fazendo concessões e pedindo sua participação na encenação.Se dizia que era por causa da Gerente Julieta.“Mas qual era a situação agora?Seria improvável uma interferência de terceiros.No mundo de hoje, quem poderia usurpar a parcei
Francisco não tinha mais vontade de comer. A reunião que havia sido organizada foi cancelada imediatamente. O presidente Bernardo desejava convidar apenas Carlos. Porém, Carlos claramente não estava disposto a aceitar o convite e Bernardo teve que desistir. Os três deixaram juntos a empresa, o presidente Bernardo também os acompanhou até a saída. Carlos e Julieta caminhavam à frente, discutindo sobre a cerimônia de abertura da Feira Internacional de Comércio, que ocorreria à noite. Francisco observava as costas de ambos com os olhos semicerrados, incapaz de resistir à tentação de acender um cigarro. Nem a densa fumaça podia ocultar a turbulência em seus olhos. O presidente Bernardo o observava e sorriu, dizendo: - Eu pensei que a Srta. Julieta pertencesse ao Sr. Francisco. Francisco soltou uma risada fria. Ele também pensava assim. Desde o início, sempre supôs que Julieta estava apenas encenando. É normal que mulheres, nessas circunstâncias, façam um pouco de cena. Ap
Caso contrário, uma pessoa tão orgulhosa quanto ele não teria se aproximado dela várias vezes para fazer as pazes. No entanto, mulheres não faltavam ao redor de Francisco. Mesmo que ele estivesse arrependido, assim que encontrasse uma nova companhia, rapidamente se esqueceria dela. Julieta respirou fundo, decidida a não deixar seus pensamentos voltarem a esse homem. Ela se recordou de algo mais. - Veterano, não precisa se forçar a almoçar com alguém por minha causa. Ela percebeu que Carlos realmente não apreciava esse tipo de socialização. Além disso, com o tipo de família que ele tinha, provavelmente também preferia não interagir com pessoas que pouco conhecia. - Não estou me forçando. - A voz de Carlos era suave. Ele se virou para olhar Julieta. - Juli, eu só queria aproveitar essa oportunidade para me integrar ao seu trabalho, à sua vida. Não é por você, é por mim.Julieta olhou para Carlos, de repente sem saber o que responder. Após um longo silêncio, ela sorriu a
Carlos entrou no elevador com Julieta antes de se confessar.- Eu vi Francisco lá embaixo um pouco antes, então decidi subir com você. Ele provavelmente veio te procurar, não é? - Perguntou ele.Julieta se surpreendeu por um instante, pois ela não o tinha visto. Mas, para ela, já não fazia mais tanta diferença ele estar lá ou não.- Você tem problemas para dormir se beber café à noite? - Perguntou Julieta diretamente.Carlos ficou confuso no início, mas logo percebeu que ela realmente não se importava mais. Ela estava tentando deixar aquele relacionamento para trás.- Não, não tenho. - Ele olhou para Julieta e sorriu. - Você entende de café?Julieta acenou com a cabeça.- Eu estudei um pouco.Os olhos de Carlos brilharam.- Então você pode ter que me ajudar no futuro, porque meu Vovô Pietro adora experimentar diferentes tipos de grãos de café. Provavelmente vou precisar muito da sua ajuda.Julieta riu.- Certo, um dia desses eu mostro minhas habilidades com café para o Vovô Pietro.Os