Roberto sentia um arrepio na espinha, Teófilo agora parecia uma fera prestes a romper suas correntes. Patrícia era a última corrente que o prendia, se algo acontecesse com ela, era incerto o que ele poderia se tornar.- Você não acha que está sendo muito autoritário? Antes de decidir sobre o tratamento, você deveria ao menos consultar a própria Patrícia.Teófilo falou com intensidade:- Manter ela viva é o melhor desfecho. Não me importo com o processo, eu só quero que ela sobreviva, entendeu?Dizendo isso, ele se afastou rapidamente. Roberto observava sua figura apressada, sentindo que Patrícia não merecia isso. Esse homem ainda era como sempre, egoísta, nunca havia aprendido a amar alguém verdadeiramente.Fábio chegou correndo, cheio de culpa ao ver Teófilo, e deu um forte tapa em seu próprio rosto:- Presidente Teófilo, a culpa é minha, negligenciei o mais importante e isso levou a Sra. Patrícia a esta situação.Teófilo não tinha o direito de culpar ninguém, Patrícia estar nesta s
- Presidente Teófilo, a quimioterapia é como usar veneno contra veneno. Além das células cancerígenas, as células normais também são atacadas indiscriminadamente. A condição da Sra. Patrícia já é muito grave, e é muito provável que, sob o duplo golpe do câncer e da quimioterapia, ela não consiga esperar pela ajuda e possa...Teófilo, com a cabeça baixa, respondeu com a voz rouca:- Não, Paty não vai morrer.Fábio, vendo ele assim, não sabia como consolá-lo. Agora, eles só podiam esperar por um milagre.Após uma noite de emergência, Patrícia temporariamente saiu do perigo, mas sua condição ainda era precária, extremamente fraca. Os médicos aconselharam repetidamente que agora não era o momento para a quimioterapia, ela não suportaria.Teófilo olhou para Patrícia inconsciente e, por um momento, ficou sem ideias, a quimioterapia teria que esperar.Lucas chegou às pressas:- Presidente Teófilo, a situação não está boa. Acabei de descobrir que o Sr. Simão teve um problema.- O que aconteceu
Teófilo quase deixou o prato escorregar de suas mãos enquanto começava a se explicar:- Paty, não é como você está pensando, eu e a Mariana não...Patrícia o interrompeu com um olhar gelado:- Que história você vai inventar desta vez? Eu só quero saber, no dia em que eu e Mariana caímos no mar, quem você salvou?Essa era a única lembrança que ela conseguia recordar, e ainda lhe causava uma dor aguda no coração, como se fosse uma picada de agulha.Teófilo sabia que não podia mais esconder nada dela ao ouvir essa pergunta.- Paty, eu tinha meus motivos naquele momento.Patrícia disse calmamente:- Talvez você tivesse seus motivos, mas abandonar sua própria esposa para salvar outra pessoa... Desculpe, não consigo sentir empatia pelos seus sofrimentos. Sinto apenas tristeza por mim mesma. Você está certo, talvez seja melhor esquecer essas memórias, pois lembrar delas só traz mais preocupações.Patrícia, tão perspicaz, deixou Teófilo sem saber o que dizer, pois sabia que, independentemente
Teófilo voltou para o quarto principal e, sem pensar muito, abriu o chuveiro. Mesmo sem a água estar aquecida, entrou debaixo dela. A água fria caía sobre seu corpo, mas era menos gelada do que o frio em seu coração naquele momento. Ele se lembrou da noite de dois anos atrás, a imagem de Patrícia amarrada no banheiro e encharcada com água fria. Como a água era fria, ela deve se ter sentido tão desesperada.Ao pensar em como Patrícia estava agora, Teófilo se arrependia de ter feito aquilo, e toda a crueldade que ele havia mostrado a ela se transformou em facas que o apunhalavam de volta! O quanto ele amava Patrícia era tanto quanto se culpava agora.Gabriel correu para lá, parando do lado de fora do banheiro. Dentro, tudo estava escuro, mas ele podia ver Teófilo encostado na parede, apenas pela luz que vinha de fora. Teófilo inclinava sua cabeça para trás, deixando a água do chuveiro bater em seu rosto, sua camisa ensanguentada colada ao corpo, uma imagem de decadência e tristeza.G
A situação de Félix estava longe de ser boa. Após Patrícia ter sido levada às pressas para o hospital na noite anterior, Ricardo teve um surto de raiva que o deixou novamente em um estado de confusão mental como antes. Felipe e Valéria tentaram levá-lo embora, mas as ordens de Teófilo foram claras e os seguranças não permitiram que eles saíssem. Félix desmaiou uma vez e os médicos conseguiram reanimá-lo no local, mas ele continuou sendo obrigado a ficar de joelhos até agora.Na noite anterior, enquanto todos observavam, ele ainda conseguia lançar insultos, mas depois de uma noite de joelhos, Félix sentia que a vida não valia a pena ser vivida. Seus joelhos já doíam tanto que estavam dormentes, e o ferimento em sua cabeça havia sido apenas superficialmente tratado, fazendo com que ele perdesse a sensação nas pernas. Exausto, faminto e sonolento, ele não se atrevia a cair, pois já tinha caído uma vez de tão cansado, resultando em seu corpo ficar cheio de cortes de vidro, o que era ex
Felipe interveio entre os dois, falando seriamente:- Chega, por que vocês precisam se machucar? Se é necessário, ele renuncia a todos os direitos de herança agora. Me deixe levá-lo embora e ele nunca mais aparecerá diante de vocês.Até agora, a fala de Felipe ainda carregava um tom de superioridade, sem perceber seus próprios erros.Se fosse o Teófilo de alguns anos atrás, certamente estaria muito triste, mas agora ele apenas desviou seus olhos vermelhos sangue lentamente para o rosto de Felipe, com um sorriso que não era bem um sorriso, como se fosse o diabo falando:- Por que ele precisaria renunciar a algo que já é meu? Felipe, se eu fosse você, sairia logo daqui para não atrapalhar.- Você me chamou do quê?Antes, Teófilo ainda o chamaria de Sr. Felipe, mas agora ele simplesmente diz seu nome, sem querer mais conversar.Ele olhou para Félix de cima, com frieza:- Você não vai falar, é? Eu tenho meus métodos para fazer você falar.Dito isso, Teófilo agarrou o braço de Félix e o arr
Félix desmaiou novamente, e Lucas cuspiu sobre ele com desprezo, dizendo:- Olha só para esse homem de pele clara, tão fraco que nem começou a luta. Que nojo, é uma pena para o Presidente Teófilo.Teófilo, sendo o filho mais velho da família Amaral, foi submetido a um rigor extremo por Ricardo desde a infância. A primeira metade da vida de Teófilo foi muito dura, nada comparável à família calorosa e feliz de Félix.Teófilo olhou para ele friamente:- Chame um médico para tratá-lo, não o mate. Vamos tirar algo útil de sua boca.- Entendido, Presidente Teófilo.Sem nenhum remorso, Teófilo se virou e foi para a cozinha, onde os empregados organizavam metodicamente a desordem da casa.Tamires o seguiu:- Sr. Teófilo, nos fale o que você quer comer, por que se dar ao trabalho de cozinhar?Teófilo a ignorou, seus dedos longos manuseando um frango que acabou de matar.Tamires olhava com os olhos arregalados, afinal, um segundo antes, esse homem parecia brutal, mas no momento em que amarrou o
Teófilo ficou imóvel, atordoado, sem compreender imediatamente o que Patrícia queria dizer.- Paty, me deixe explicar, não aconteceu nada íntimo entre mim e a Mariana...Patrícia não desejava ouvir nada sobre Mariana vindo dele, isso a deixaria enojada.- Teófilo, eu já disse que não quero saber o que vocês são um para o outro, o que eu quero é falar sobre a minha doença.Teófilo, segurando um copo de água, parecia surpreendentemente desajeitado para um homem de sua estatura.Ele se sentou na beira da cama, colocou o copo ao lado e tentou acalmar suas emoções:- Bem, fale, estou ouvindo.- Eu quero que você organize minha alta, quero ir embora daqui.- Não, você não pode ir agora. - Teófilo tentou explicar. - Os médicos já elaboraram um plano de tratamento, e eu estou procurando medicamentos contra o câncer, não desista por conta própria, não é tão difícil, Paty, com o tratamento você certamente melhorará.Patrícia sorriu levemente:- Teófilo, estudei medicina, e nesses dias o que mais