Ivone parecia estar atolada na lama, se deixando levar sem pensar em seu futuro, consciente apenas de sua crescente dependência de Lorenzo.Na Mansão dos Botelho, as obras de renovação já haviam começado. Patrícia preparou café para todos na mansão e entrou no escritório.Ao ver Jorge com uma expressão preocupada, Patrícia se aproximou dele suavemente e disse:— Vovô, já está tarde, você deveria descansar.À frente de Jorge, havia uma pilha de documentos com letras vermelhas, e seu semblante também estava carregado de preocupações.— Paty, não é que eu não queira dormir, é que simplesmente não consigo.— Algum problema sério aconteceu? — Perguntou Patrícia.— A notícia do meu ferimento acabou vazando, e nos últimos dias, os países ao redor do País da Serenidade Azul começaram a causar problemas novamente. O País das Joias deteve mais de cinquenta de nossos pescadores na Ilha do Martelo Sul, há agitações na fronteira oeste, e ainda temos problemas ao leste e noroeste...Jorge estava cla
Nos dias subsequentes, Salvador se tornou uma figura praticamente invisível, enquanto Teófilo estava constantemente ocupado, se movendo sem cessar. Antes, ele enviava mensagens diariamente, mas agora só as enviava tarde da noite, perguntando se ela já estava dormindo.Frequentemente, ela só via as mensagens pela manhã e respondia a Teófilo, sem saber quando ele teria tempo para retribuir.Por outro lado, ela estava com mais tempo livre. Os designers da Mansão dos Botelho vinham e iam, num dia, era para fazer roupas sob medida para ela, no outro, um designer de joias aparecia.Além das peças sob medida, todos os dias alguém trazia roupas de alta costura e joias prontas, conforme Salvador havia prometido, ele a compensaria, não apenas com carinho, mas também materialmente.Natacha observava aquelas pilhas de roupas sendo levadas para o quarto de Patrícia e começava a ficar nervosa. Sabia que Jorge sempre valorizou a economia e nunca permitiu desperdícios. Porém, agora, ele mesmo estava
Natacha ligou para Ivone, extremamente animada:— Ivone, tenho uma boa notícia para você. Seu pai pediu que você jante em casa amanhã à noite. Aproveite a oportunidade e não o faça ficar zangado novamente.Ivone acariciou sua barriga ainda lisa, onde há três dias descobriu estar grávida.Com um sorriso doce e os cantos dos lábios levantados, ela respondeu:— Entendi, mãe. Eu também tenho uma surpresa para contar.— Uma surpresa? O que você preparou desta vez?Ivone mal podia esperar para compartilhar a boa notícia, mas a razão a aconselhou a guardar a revelação surpreendente para o jantar de amanhã.— Você saberá amanhã! Mãe, você vai ficar muito feliz.Embora um pouco desconfiada, Natacha realmente viu que Ivone estava se comportando bem ultimamente, sem causar problemas. Ela sentiu que talvez sua filha finalmente tivesse amadurecido.Depois de dar alguns conselhos, desligou o telefone.Ivone olhou para o relógio. Lorenzo ainda não tinha voltado, então ela decidiu ligar para ele.Demo
Patrícia havia acabado de terminar uma videochamada com Frederico quando o telefone de Teófilo tocou. Há mais de meio mês sem contato, ouvir sua voz foi um alívio para ela: — Paty.Do outro lado da linha, um vazio acompanhado pelo assobio do vento gelado. — Estou aqui. — Respondeu Patrícia, pensando em perguntar onde ele estava, mas, considerando que ele poderia estar em alguma missão militar secreta, decidiu não perguntar.— Sentiu minha falta? — A voz de Teófilo estava rouca, provavelmente porque estava em uma região extremamente fria. Patrícia, que já havia visitado lugares assim algumas vezes, sabia como até respirar o ar gelado parecia explodir os pulmões.— Estou bem.— Paty, você não é nada fofa. Diferente de você, eu sinto muito a sua falta.A voz rouca, de alguma forma, adicionava um charme masculino que fazia o coração de Patrícia derreter.Ela já não era mais como antes, quando não podia ver Teófilo e sentia uma saudade constante dele. Agora, ela tinha muitas coisas para
Teófilo, após uma jornada apressada, finalmente chegou à Cidade A ao meio-dia do dia seguinte. Sem sequer parar em casa para se lavar, foi direto à Mansão dos Botelho, se apresentando no escritório de Jorge com o corpo ainda frio e o cheiro de sangue.Patrícia estava preparando café, enquanto Jorge lia um livro.Teófilo entrou decidido, seu olhar pousou em Patrícia e seu rosto gelado se suavizou com um toque de carinho.— Jorge, cumpri minha missão com sucesso.Jorge fechou o livro, já ciente do relatório detalhado que recebera na noite anterior. Ele olhou para Teófilo com admiração:— Você fez um excelente trabalho. Já é tarde, por que não fica para o jantar?Por causa da presença de Patrícia, ele não se estendeu muito em assuntos de trabalho.Antes, Teófilo teria recusado antes mesmo de ser convidado tantas vezes. Era sempre Ivone que estava presente, mas agora, com Patrícia ali, seu coração estava alegre.— Então, aceito o convite. — Teófilo olhou para Jorge. — Jorge, preciso falar
Todas as suas últimas oportunidades foram completamente bloqueadas!Os dedos de Patrícia alcançaram o zíper dele enquanto ela olhava nos olhos suplicantes de Teófilo: — Preciso ir primeiro.Teófilo a abraçou apertado:— Como você vai compensar isso para mim?— Aguente firme, encontraremos outro momento.— Então, você não sente minha falta? Nem um pouco?O desejo dela nunca foi tão forte, e, na verdade, ela não havia pensado muito nele após a partida dele, embora o beijo recente tivesse despertado algo nela.Patrícia pigarreou:— Um pouco. — Ela se inclinou para beijar o rosto dele. — Seja bom, vá para casa tomar um banho.— Passarei lá esta noite.Patrícia mordeu o lábio:— Tá bom.Ela arrumou as roupas e saiu sob o olhar frustrado de Teófilo.Como esperado, o mordomo estava diligentemente esperando na porta, Patrícia voltou para o lado de Jorge.Jorge deu uma olhada nos lábios dela, um pouco inchados e avermelhados, e as orelhas de Patrícia ficaram vermelhas.Mesmo depois de ter vári
Patrícia não sabia exatamente o que havia acontecido naquela época, mas sempre que via Jorge olhando distraidamente para aquele retrato ou para o rosto dela, sabia que o avô devia ter amado muito a avó.À medida que o crepúsculo caía, Ivone retornava à Mansão dos Botelho.Natacha, percebendo que ela estava vestida mais pesadamente do que o usual, franzia a testa e perguntava:— Por que está usando tantas roupas?— Estou com medo de pegar um resfriado, mãe. Estava com tanta saudade! — Dizia Ivone, fazendo manha nos braços de Natacha.— Ivone, você não deve mais fazer coisas que deixem sua mãe triste. Você sabe o quanto eu me preocupo com você?— Mãe, eu realmente entendi.Segurando a mão dela, Natacha dizia:— Aliás, você mencionou que me traria uma surpresa. Onde está?Natacha ainda olhava para trás, mas não via Ivone trazendo algo.— Você vai saber em breve. — Respondia Ivone com um ar misterioso.Natacha continuava a instruí-la:— Se lembre das lições do passado, não faça mais nada c
Salvador estava prestes a responder quando notou Patrícia se aproximando ao longe. Ele acenou para ela:— Paty, vem aqui.Ivone murmurou, incerta:— Mãe, desde quando meu irmão ficou tão íntimo dela?Ela se sentia desconfortável com isso, pois Salvador sempre mantinha distância, especialmente das mulheres, evitando elas a todo custo. Ao longo dos anos, a pessoa mais próxima dele havia sido ela mesma, mas agora ela observava Salvador olhar para Patrícia com uma expressão de gentileza inesperada. Não poderia ser possível que ele ainda nutrisse interesse por ela, sabendo que Patrícia já havia sido casada antes.Patrícia cumprimentou Natacha e Ivone educadamente com um aceno:— Sra. Natacha, Srta. Ivone.Natacha, que recentemente evitava criar conflitos, respondeu de maneira cordial, embora brevemente:— Srta. Patrícia.A única reação de Ivone foi um resmungo, ela conseguia se segurar para não provocar Patrícia, mas dar a ela um sorriso amigável era absolutamente impossível. O status de