Fernando guardou o celular, intrigado com a pergunta repentina de Patrícia. Ela havia descoberto algo?Ele decidiu ir pessoalmente à sala de monitoramento. A mansão estava localizada em uma colina, com câmeras instaladas ao longo do caminho. Se algum veículo se aproximasse, seria detectado na base da montanha e monitorado em tempo real. O local era isolado e abrigava uma mansão luxuosa, afastando a maioria das pessoas comuns. Raramente alguns alpinistas se aventuravam até lá, e quando isso acontecia, eles eram persuadidos a retornar antes de chegarem ao destino.Sempre foram eles mesmos que transportavam os suprimentos, sem a presença de estranhos. Depois de um tempo observando, Fernando não encontrou nada suspeito. Seu olhar se dirigiu para a parte inferior da tela, onde notou que algumas câmeras estavam fora do ar.Essas câmeras estavam posicionadas na beira do penhasco. A área era íngreme e, com o nível da água subindo nos últimos dias, combinado com as fortes ondas e chuvas
Patrícia estava debaixo das cobertas, perturbada pelo som dos trovões lá fora. Ela pressionava as mãos contra os ouvidos, tentando desesperadamente dormir. Quanto mais inquieta se tornava, mais difícil era adormecer, e uma sensação gelada percorria suas costas.Em sua mente, uma voz insistente parecia a alertava: - Fuja, fuja!“Fugir? Para onde? E por que deveria fugir?” Ela já havia ligado para Fernando, e a mansão estava protegida por guardas que patrulhavam o local 24 horas por dia. Se houvesse algum problema, eles o teriam detectado imediatamente.Patrícia balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Se sentia um tanto ridícula por começar a ouvir coisas inexistentes. Após um bom tempo se revirando na cama sem conseguir adormecer, ela pegou a arma que Marcos havia deixado para ela há seis meses. Talvez isso pudesse afastar o medo.Os dois bebês em sua barriga pareciam finalmente ter se acalmado após toda a agitação. Os trovões e o som das ondas quebrando nas roch
Alguém estava vindo atrás delas. Embora estivesse vestido com uma roupa impermeável e usasse óculos de proteção, Patrícia reconheceu imediatamente o queixo exposto.Era Antônio!Naquele momento, ela desejava perguntar a ele por que ele estava fazendo isso, quem ele realmente era. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Antônio levantou a arma, apontando diretamente para Patrícia. Não houve palavras, nem sinais de hesitação, ele estava claramente ali para a matar.Antônio agora parecia um ceifeiro saído do inferno, sem nenhum traço da pessoa que Patrícia conhecia. A chuva encharcava seu corpo, escorrendo pela roupa impermeável e molhando o luxuoso tapete de lã do corredor.No momento em que ele apertou o gatilho, Suzana, sem pensar duas vezes, se colocou na frente de Patrícia. A bala perfurou a carne, e Patrícia ouviu um gemido abafado.Os olhos de Patrícia se arregalaram ao ver o sangue jorrar do corpo de Suzana. Um segundo depois, o corpo dela começou a cair lentamente no ch
O choro de Patrícia ressoiu por toda a mansão. Fernando, que acabava de neutralizar o homem que saiu do quarto de Patrícia, estava atrasado. Ao ver o sangue jorrando do peito de Suzana, sentiu como se seu próprio coração estivesse paralisado. No entanto, como profissional treinado, sabia que não poderia hesitar, tinha uma missão a cumprir.Ao perceber que Antônio não estava ferido, graças ao colete à prova de balas, Fernando se atirou sobre ele, iniciando um confronto físico.Patrícia largou a arma, com a mente totalmente perturbada, enxergando apenas um oceano de sangue à sua frente. O corpo de Suzana jazia ao lado dela, e o sangue não parava de encharcar a pulseira em seu pulso. O delicado pingente em forma de cabeça de rato, que Patrícia tanto admirava, agora estava ensopado de sangue, acompanhando Suzana em sua derradeira viagem.Patrícia se ajoelhou ao chão, as lágrimas correndo incessantemente. Tentou desesperadamente estancar o sangue, mas era inútil, o líquido continuava
Patrícia compreendia esse raciocínio, mas havia acabado de passar por essa situação. Como poderia se acalmar?Dra. Natália acariciava suas costas, tentando acalmar suas emoções, e dizia suavemente: - Não se preocupe, o Sr. Simão já foi transferido, ele está bem, você está bem, isso já é uma sorte.Sorte?No entanto, ela tinha perdido uma amiga que lhe era querida há pouco tempo.O carro acelerava, e com essa velocidade, levaria apenas alguns minutos para descer a montanha e acessar a rodovia.A chuva caía intensamente, e os limpadores de para-brisa se moviam rapidamente, mas não conseguiam eliminar toda a água.A neblina na montanha era densa, e, combinada com a chuva e o vento fortes, tornava a direção extremamente difícil.Todos tinham o coração na boca, e os bebês em seu ventre se agitava há algum tempo.Patrícia acariciava a barriga repetidamente, tentando acalmar os bebês, murmurando entre soluços: - Crianças, precisam ser bonzinhos, não se agitem, a mamãe está aqui, a mamãe va
Ao ouvir isso, até Dra. Natália, que estava atrás, entrou em pânico: - Senhora, não me assuste.- Já passei por um parto prematuro no mar antes, e a sensação é a mesma. - Afirmou Patrícia.- Senhora, se segure firme em mim. - Instruiu Pietro.Pietro não relaxou nem por um segundo e nadou rapidamente com Patrícia até a costa.Ele a puxou para fora da água com dificuldade e retirou uma lanterna de emergência do bolso.Completamente encharcada, Patrícia era um retrato da indefinição entre água do mar e líquido amniótico. Dra. Natália, com uma expressão grave, insistiu: - Me deixe ver.Havia sangue misturado ao líquido amniótico. A expressão de Dra. Natália empalideceu: - Isso não é bom, Senhora. Sua bolsa estourou e também há sangue.Se fosse apenas a bolsa amniótica rompida, indicaria um parto prematuro. Mas a presença de sangue complicava tudo.Era incerto se os capilares na borda da bolsa haviam se rompido, causando o sangramento, ou se o sangue provinha dos próprios bebês, o que
Patrícia terminou de falar e atirou o celular de lado, se concentrando em ajudar a Dra. Natália.- Senhora, com estas condições, não consigo realizar a cirurgia. Agora, tudo depende de você. Você precisa dar à luz o mais rapidamente possível, caso contrário, os dois bebês morrerão por falta de oxigênio. Faça força, o colo do útero já está dilatado.Patrícia sentiu a cabeça do bebê descendo. Provavelmente porque tinha perdido o líquido amniótico, os bebês se mexiam descontroladamente dentro dela.Os bebês pareciam peixes encalhados na praia, lutando desesperadamente, tal como ela.- Meus bebês, vocês precisam resistir, o papai já está a caminho para buscar vocês. Tudo vai ficar bem, a mamãe está aqui. A mamãe não vai desistir de vocês, e vocês também não podem desistir.Embora já tivesse passado por isso antes, enfrentar essa situação novamente a aterrorizava ainda mais e intensificava sua dor.Seu corpo tremia violentamente, sem saber se era de medo ou de frio.Nenhuma grávida poderia
- O que você disse?- Parece que ele se sufocou quando estava saindo, senhora. Não fique triste, é muito difícil manter um bebê com mais de seis meses de vida, mesmo que nasça bem. Agora, o mais importante é a sua saúde. Você é tão jovem, pode ter mais filhos.- Não, eu não posso acreditar que meu filho se foi assim. Eu sofri tanto para carregá-los por tanto tempo.- Senhora, os assassinos estão chegando, precisamos sair daqui rapidamente.- Não, isso não pode ser! Eu não vou abandonar meu filho.Dra. Natália não podia se preocupar com mais nada. Sua ordem era proteger Patrícia, e o bebê era secundário.Quando Patrícia e o bebê estavam em perigo, a prioridade dela era a segurança de Patrícia.- Senhora, me desculpe.Dra. Natália rapidamente a carregou nas costas, e Patrícia olhou para os dois bebês silenciosos deixados sobre as roupas, suas lágrimas se misturando com a chuva que fluía livremente:- Não! Meus bebês!Dra. Natália a carregava com dificuldade enquanto escalava o penhasco,