Marina disse: - É a chamada do Miguel.Luiza ficou em silêncio por um momento e atendeu, ela não podia ignorar a ligação, pois sabia que Miguel era perspicaz. Sempre que ela deixava de atender, ele iria a procurar. Ela não queria que Miguel soubesse que tinha encontrado Marina hoje, para evitar que ele pensasse que ela era cúmplice e viesse cobrar explicações.- Alô. - Disse Luiza ao atender, mas seu coração batia descontroladamente, com a sensação de ter feito algo errado.- Já trocou os remédios? - A voz calma e suave de Miguel ecoou do outro lado da linha.Luiza respondeu: - Já troquei.- Onde está?Ele imediatamente percebeu que ela não estava em casa.Luiza ficou um pouco nervosa e lançou um olhar para Marina, sorriu e disse: - Estou no estúdio. Não vim trabalhar por alguns dias e muita coisa se acumulou. Vim resolver algumas coisas.Miguel franziu a testa. - Você ainda está doente, não deveria trabalhar. Volte para casa logo. Vou pedir para a Lívia preparar algo gostoso para
Luiza voltou a si, vendo o rosto bonito de Miguel. Dois anos de casamento, e pela primeira vez ela sentiu que não o conhecia de verdade.Antes, ela achava que o entendia bem, mas agora percebia que tudo era apenas superficial, que nunca conseguia enxergar seu verdadeiro pensamento.- Você... Tem algum segredo? Luiza disse sem pensar, se arrependendo imediatamente, com medo de que Miguel pudesse perceber algo e reagir de forma exagerada.- Por que está perguntando isso?Miguel parou de comer e a olhou profundamente nos olhos.O coração de Luiza batia forte, e ela falou baixinho: - É que, de repente, percebi que sempre que estamos juntos, sou eu quem fala sem parar, como se nunca tivesse ouvido você falar sobre nada.- Eu não sou muito de desabafar, além disso, o que posso dizer não é mais um segredo. - Miguel sorriu.Mesmo sorrindo, Luiza sentiu que ele parecia perigoso. Ela não sabia o que dizer, então não disse nada. Depois do jantar, ela arrumou uma desculpa para subir e tomar
- Não consigo mesmo beber isso, é como sangue.A cor também era como sangue, muito repugnante.Miguel disse com voz séria: - Se não beber, vai continuar tonta todos os dias. Você sabe quantos litros de sangue perdeu no acidente? Quase dois litros, por isso que ficou em choque e desmaiou por três dias.Luiza franziu o cenho. - Mas é que realmente não consigo beber.- Mesmo assim, tem que beber.Ele a obrigou a beber.Luiza não teve escolha a não ser engolir com dificuldade. Depois de beber, sua garganta ficou especialmente irritada, e ela estendeu a mão em busca de água. Miguel levou o copo até seus lábios, a alimentando com alguns goles, depois a abraçou ternamente e a fez arrotar. Luiza ficou em seus braços, sentindo um amargor inexplicável no nariz. Seu comportamento era bastante gentil. Mas em sua mente, só havia as coisas entre ele e seu pai. Por que ele mandou seu pai para a prisão? Qual era o rancor entre eles? Luiza já tinha tentado o sondar durante o jantar, mas Miguel n
Não havia como, ela só podia continuar de olhos fechados. Não sabia quanto tempo havia se passado, quando a mão de Miguel pousou em sua testa, acariciando suavemente seu rosto. Os cílios de Luiza tremeram ligeiramente e ele a beijou. O beijo dele era muito suave. Diferente de todos os beijos dominadores e autoritários do passado, ele a beijava cuidadosamente. Lentamente, o beijo ficou mais intenso, queimando seus nervos. Luiza não conseguia mais fingir estar dormindo, abriu os olhos repentinamente, encontrando Miguel olhando para ela. Luiza instintivamente tentou o empurrar, mas não conseguiu, ele segurou sua cabeça, aprofundando o beijo...- Miguel... - Ela estava um pouco sem fôlego.- Por que mentiu para mim? - Miguel perguntou com a voz rouca.Luiza ficou surpresa. Será que ele ouviu sua conversa com a Mari?Ela ficou nervosa e olhou para ele, dizendo:- Eu não fiz isso.Ela falou baixo, com um pouco de culpa em sua voz.Miguel a encarou por dois segundos antes de dizer: -
- Por que está tão envergonhada? Miguel abaixou o olhar para ela, com uma expressão perigosa.O nervosismo dela foi interpretado como timidez por ele. Luiza ficou um pouco frustrada, mas não teve coragem de dizer que estava nervosa. - Seu olhar está como se fosse me devorar, é claro que estou com medo.- Na verdade, eu adoraria te devorar. Ele não escondeu seu desejo, levantando o queixo dela com os dedos, falando roucamente: - Se você não estivesse se recuperando, eu já teria te devorado.Luiza sentiu um ligeiro tremor nos cílios. No segundo seguinte, ele a beijou. Luiza esperava que ele se vestisse e fosse embora o mais rápido possível, então não resistiu, respondeu ao beijo dele, querendo acabar logo com aquilo. No entanto, sua resposta fez com que ele ficasse mais excitado, e suas grandes mãos impacientes entraram sob a saia dela, apertando sua pele macia.Luiza franziu a testa e disse de forma suave e manhosa: - Já chega, meu corpo ainda não se recuperou, não consigo lida
- Está bem. - Respondeu Miguel.Justo quando estava prestes a desligar, Luiza o chamou repentinamente:- Miguel.- O que foi? - Perguntou ele.- Você... Me ama?Naquele momento, ela não sabia ao certo o que estava pensando e apenas deixou escapar essa pergunta.Talvez, Miguel tivesse sido muito gentil com ela ultimamente, o que a fazia duvidar das palavras nas mensagens. Se Miguel dissesse que a amava, ela contaria tudo para ele, teria uma conversa sincera. Mas Miguel ficou em silêncio por muito, muito tempo.Luiza esperou cerca de cinco minutos, ele não respondeu, e foi somente quando Eduardo entrou para o apressar que Miguel disse: - Tenho que ir trabalhar.- Está bem. Luiza desligou a ligação.Naquele momento, seu coração parecia ter morrido. Talvez as palavras nas mensagens fossem verdadeiras afinal. Ele agia como se gostasse dela, mas o coração de alguém não podia mentir, se não amava, não consegueria dizer. O coração de Luiza ficou gelado. Sem hesitar, ela vestiu a jaqueta
Meia hora depois, Miguel saiu da sala de reuniões. Eduardo falou em tom sério: - Sr. Miguel, parece que a Sra. Luiza deixou Valenciana do Rio. Uma hora atrás, o rastreamento do celular dela se mostrava nos arredores de Valenciana do Rio, mas quando nossas pessoas chegaram lá, não havia ninguém.- Se não havia ninguém, como o rastreamento do celular dela apareceu lá? - Miguel disse com o rosto sombrio.Eduardo respondeu: - A Sra. Luiza provavelmente passou por lá e jogou o celular.Ao ouvir isso, os olhos de Miguel escureceram. Ele não era tolo e já entendia o que Eduardo queria dizer. Isso era uma fuga planejada.Miguel ficou sério e perguntou:- E o vídeo das câmeras de segurança?Eduardo pegou o celular e mostrou o vídeo da câmera: - Depois que a Sra. Luiza saiu do shopping, ela estava usando um conjunto de roupas esportivas pretas, entrou em um Audi e foi para os arredores da cidade, onde ela jogou o celular na área rural.Miguel olhou para o celular, na tela, realmente havia
- Você é a melhor amiga dela, como não sabe?Miguel se aproximou lentamente, seus olhos extremamente frios.Marina sentiu que Miguel estava assustador neste momento, emanando uma aura demoníaca que deixava o coração das pessoas gelado inexplicavelmente.Ela recuou dois passos e disse: - Eu realmente não sei, Lulu só me pediu para a ajudar a arrumar as coisas, não me disse para onde ia!- Você vai me dizer ou não? Os olhos escuros de Miguel pareciam ter traços de sangue, parecendo terríveis.Marina estava assustada, mas se manteve firme e disse a ele: - Nesse caso, você deveria primeiro lidar com sua mãe, foi ela quem não deixou a Lulu ficar com você. Se você se importa com ela, resolva o problema com a sua mãe e a Clara. Talvez, se você resolver essas questões, a Lulu volte. Valenciana do Rio é o lugar onde ela cresceu desde criança, afinal de contas, tem um vínculo diferente. Se não fosse por circunstâncias extremas, quem não gostaria de viver na cidade natal, com amigos e familiar