— Então você aceitou ficar comigo porque acha que o Felipinho não pode viver sem pai? — A voz de Miguel soava um tanto aborrecida. Luiza percebeu isso e continuou explicando: — Eu ainda não terminei. Miguel permaneceu em silêncio, ouvindo ela. Luiza disse: — Na verdade, sobre você, dizer que eu amo... Agora não posso dizer que amo profundamente. Mas sei que ainda me importo com você. Se você se machuca, eu fico preocupada. Se você faz uma cirurgia, eu choro. Eu entendo que, no fundo, ainda ligo para você... Miguel não disse nada. Luiza achou que ele não estava satisfeito, mas mesmo assim se forçou a continuar, reunindo coragem: — Me desculpe. Eu estou sendo honesta. Se isso te deixou desconfortável, me desculpe, mas eu não quero mentir para você. O que eu penso é o que eu quero dizer. Se eu mentisse, você poderia até achar que eu não sou sincera. O que você acha? As palavras dela eram racionais. Um coração outrora frio ainda não tinha se aquecido completamente, mas
Ao ouvir o silêncio de Luiza, Miguel perguntou: — Você não quer? — Não, eu só estava pensando... Se o Felipinho entrar para a família Souza, ele vai mudar de sobrenome, né? Depois vai se chamar Felipe Souza. Ao ouvir ela dizer o nome "Felipe Souza", o coração de Miguel se aqueceu. Ele sorriu e disse: — Felipe Souza... Soa bem bonito. Obrigado, Sra. Souza, por me dar um ótimo filho. Luiza sentiu o coração dar um salto. — Quem foi que teve esse filho para você? Eu tive ele para mim mesma. — Luiza, estou falando sério. Sou muito grato a você por ter dado à luz o Felipinho. — Miguel ficou subitamente sério. Luiza ouviu aquelas palavras, meio atordoada. Depois de um momento, ela disse suavemente: — Já que sabe que não foi fácil para mim, trate de ser mais gentil comigo no futuro. — É claro que sei o quanto foi difícil pra você. — Miguel respondeu imediatamente, com a voz calorosa. — Com sua saúde desse jeito, você ainda teve o Felipinho. Às vezes, quando penso nisso, s
— Eu realmente não pensei assim. — Luiza falou a verdade. Ela, uma senhora que já tinha vivido até o fim de sua vida, talvez porque as pessoas se tornaram mais gentis diante da morte, não sentia muito ódio por Helena. Miguel ficou surpreso por um momento. — Você concorda em deixar o Felipinho vê-la? — Sim. Miguel parecia um pouco feliz. — E você? Se ela quiser te ver, você estaria disposta a encontrá-la? Luiza não respondeu imediatamente. Miguel insistiu: — Considere como me acompanhar e acompanhar o Felipinho? Depois de um momento, ele finalmente ouviu a voz de Luiza: — Pode ser. — Você está sendo relutante ou está realmente de acordo? — Estou de acordo. — Luiza respondeu suavemente. — Já que decidimos ficar juntos, precisamos resolver todos os problemas. Assim, ela estava disposta a encontrar Helena. Miguel sorriu. — Lulu, você é incrível. Luiza sorriu levemente. Miguel perguntou: — Está pensando em mim agora? Luiza imediatamente ficou séria.
— Pode-se dizer que sim. — Luiza respondeu, mas sentiu a necessidade de explicar um pouco mais. — Acho que o Felipinho ainda precisa de um pai. Com ele por perto, o Felipinho está muito mais feliz do que antes. — E você? O que pensa sobre isso? — Bryan colocou o copo de água sobre a mesa e levantou os olhos para olhá-la. — Eu... — Luiza hesitou, sem saber como responder. Bryan disse: — Se você está preocupada que eu fique chateado, não precisa. Apesar das desavenças entre nossas famílias no passado, ele tentou fazer as pazes conosco por sua causa. Acho que ele tem um bom coração. Além disso, quando eu estava em estado vegetativo, ele nunca desistiu de mim. Naquele tempo, mesmo em estado vegetativo, Bryan conseguia ouvir o que acontecia ao seu redor. Por várias vezes, ele ouviu Miguel conversando com o especialista Thomas. Ele sabia que Miguel havia gastado muito dinheiro para desenvolver um medicamento especial que pudesse salvá-lo. Bryan continuou: — Quem nos prejudico
— Desta vez, a reconciliação é real, certo? — Miguel perguntou. Luiza franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. — Quero dizer, uma reconciliação de verdade, sem separações no futuro, certo? — Miguel a olhou diretamente nos olhos, sua expressão séria. Sob o olhar intenso dele, Luiza se sentiu desconfortável e, com um leve sorriso irônico, respondeu: — Isso não é garantido. Quem sabe daqui a alguns dias a gente brigue de novo? Miguel franziu a testa, impaciente. — Da sua boca não sai uma palavra boa. Luiza tentou conter o riso, mas antes que pudesse responder, Miguel a surpreendeu com um beijo. Sua voz rouca ecoou em seu ouvido: — Se não fala coisas boas, então vou lavar essa boca. Luiza congelou por um momento. "Esse é o jeito dele de lavar a boca?" Ele até colocou a língua. O beijo de Miguel a deixou sem fôlego. Tentando se recompor, ela colocou a mão no peito dele e perguntou: — Já terminou de lavar? — Não, ainda está muito suja. Precisa de mais lavagens.
O olhar de Miguel parecia em chamas. Ele segurou a cintura dela com uma mão, enquanto a outra a puxava para mais perto, beijando cada centímetro de sua pele. Luiza estava tão fraca que parecia derreter como água, pendurada pelo pescoço dele, deixando que ele fizesse o que quisesse... ...Ao entardecer, o celular de Luiza tocou. Ela ouviu o toque familiar e abriu os olhos nos braços de Miguel. Viu que ele estava atendendo o celular dela. — Por que você está atendendo minhas ligações? — Perguntou ele, só então percebendo que sua voz estava rouca. À tarde, ele havia sido tão intenso que ela gritou até ficar sem voz. — Foi o Felipinho quem ligou. Então eu atendi por você. — Respondeu Miguel, segurando ela com um braço enquanto usava a outra mão para atender o telefone. Ele falou de forma preguiçosa com Felipinho, que estava do outro lado da linha. — Sua mãe talvez demore um pouco mais. Podem jantar sem ela, não precisam esperar. — Por que não precisam me esperar? — Luiza perg
Durante o jantar, ele a observava o tempo todo. Luiza abaixou a cabeça para tomar a sopa, desconfortável sob o olhar constante dele. Ergueu os olhos e encontrou os dele: — Por que está me olhando assim? — Quando sua avó e as outras voltam para as Américas? — Miguel perguntou enquanto descascava um camarão e o colocava no prato dela com naturalidade. Luiza olhou para o camarão, esboçou um leve sorriso, não recusou e o levou diretamente à boca: — Devem voltar amanhã. Hoje já cuidaram de toda a bagagem. — E seu pai? — Ele continuou, sem desviar o olhar. — Devo começar a organizar o retorno dele para Valenciana do Rio? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Meu pai vai ficar no País R por enquanto. — Ainda não confia em mim? — Ele perguntou, encarando ela atentamente. Luiza respondeu com serenidade: — Não é isso. Só acho que ainda não está tão seguro. Quero esperar até que tudo esteja resolvido para trazê-lo de volta para Valenciana do Rio. — Você tem med
Luiza, sem escolha, caminhou até a entrada do elevador e disse: — Pode ficar por aqui. Eu vou subir sozinha. Volte para casa, eu também já estou indo. — Vou esperar o elevador chegar. — Ele não tinha intenção de ir embora, seus longos dedos se entrelaçando nos dela. Assim, os dois ficaram de mãos dadas até o elevador chegar, e as portas se abrirem diante deles. Luiza olhou para ele e disse: — O elevador chegou. Eu realmente preciso ir. — Tudo bem. Ele soltou a mão dela, mas permaneceu parado do lado de fora, com o olhar cheio de saudade, fixo nela. O coração de Luiza estava agitado. Mesmo quando as portas do elevador se fecharam completamente, o canto de seus lábios ainda estava levemente curvado em um sorriso. Ao chegar ao estacionamento, ela abriu a porta do carro e jogou sua bolsa para dentro. No momento em que ia entrar no veículo, uma sombra repentina surgiu ao seu lado. Luiza levantou o olhar, alarmada. Uma toalha foi pressionada contra seu nariz e boca, e