Miguel pensou um pouco antes de atender. — Alô. — Miguel, a Alice está tendo uma crise porque não consegue te ver, está chorando e gritando sem parar. Você pode vir ao hospital falar com ela, por favor? — Isabelly falou ao telefone, preocupada. Luiza, que estava perto o suficiente para ouvir, olhou para Miguel enquanto segurava a pipoca. Miguel já a observava e, vendo sua expressão despreocupada, perguntou: — Chamaram um médico? — Chamamos, mas ela não quer ouvir o que o médico diz, trancou a porta do quarto e continua chorando lá dentro. — A voz de Isabelly estava cheia de urgência. — Ela não para de chamar o seu nome, venha vê-la, por favor. Miguel apertou os lábios, lançando um olhar inconsciente para Luiza. Luiza sorriu de leve. — Vai, Alice precisa de você agora. — O filme está para começar. — Miguel respondeu. — Não tem problema, a gente pode ver o filme depois. A Alice está doente, ela é mais importante. — Luiza disse gentilmente, pegando o refrigerante das
Isabelly ficou tão irritada que quase quebrou os dentes de tanto ranger e xingou com a voz rouca: — Eu sabia que você não prestava! — Depois disso, desligou o telefone bruscamente, parecendo extremamente aborrecida. Luiza soltou um sorriso sarcástico e entrou na sala de cinema segurando um balde de pipoca. Ela assistiu ao filme inteiro sozinha. Embora fosse uma comédia, ela acabou chorando copiosamente. Às vezes jogava pipoca na boca, mas seu sorriso era mais triste do que o próprio choro. Quando saiu da sala, Luiza já havia recomposto suas emoções. Com seus seguranças a acompanhando, ela estava prestes a sair quando ouviu uma voz familiar: — Luiza? Luiza virou a cabeça e viu o rosto radiante de Luana. Ao seu lado estava um homem alto, seu irmão, Simão. Ambos pareciam surpresos ao vê-la. — Então é você mesma. — Luana e Simão se aproximaram. — Você voltou ao país? Luiza acenou com a cabeça e deu uma olhada em Simão, que retribuiu o gesto com um leve aceno de cabeça
— Como você encontrou a Luana e o Simão? — Miguel perguntou de lado, no carro.Luiza estava com a cabeça baixa, mas ao ouvir a voz dele, olhou em sua direção e viu a desconfiança em seus olhos.Por mais que ela se esforçasse para agradá-lo, ele ainda não confiava nela.Luiza sentiu um pouco de autodepreciação, mas respondeu com seriedade: — Acabei de ver o filme e os encontrei. Troquei contatos com a Luana e combinamos de tomar um café da próxima vez.Ela parecia tão gentil e sem qualquer erro aparente que Miguel ficou em silêncio por um momento antes de perguntar: — O filme era bom?— Sim, muito engraçado. — Ela sorriu e perguntou. — Conseguiu resolver o problema da Alice?— Sim, fiquei com ela por um tempo. Depois deram um calmante e ela dormiu. — Miguel respondeu casualmente.— E depois você voltou?— Sim.— A mãe dela não tentou te segurar? — Luiza perguntou.Isabelly a xingou tão ferozmente ao telefone, não parecia o tipo de pessoa que deixaria Miguel ir embora facilmente.— T
Ela rapidamente se escondeu no closet e atendeu a chamada de vídeo.Quando a chamada foi conectada, o rostinho bonito de Felipinho apareceu na frente de Luiza, dissipando temporariamente o frio que havia em seu coração.— Felipinho. — Ela sorriu, mas seus olhos ficaram um pouco marejados.Felipinho era uma criança esperta, e suas pequenas sobrancelhas imediatamente se franziram.— Mamãe, você não está feliz?— Claro que estou. — Luiza sorriu amplamente, com medo de não parecer convincente o suficiente, ainda piscou de forma brincalhona. — Você acha que alguém com essa cara está infeliz?Felipinho não disse nada, e só depois de um momento, com sua voz doce e suave, ele disse:— Mas mamãe, eu acho que você não está feliz.As lágrimas quase escaparam dos olhos de Luiza. Ela rapidamente os fechou, piscando para afastar a ardência.— A mamãe não está infeliz.— Mamãe, se você não está feliz com o papai, volte para nós. — A voz de Felipinho era tão leve e suave, como se quisesse confortá-la.
Luiza também acenou com a cabeça e entrou.— Lulu, você veio. — Marina ficou radiante ao ver Luiza.Luiza sorriu levemente: — Não tinha nada demais para fazer, então vim fazer companhia para você e o Leo.Marina, entediada no hospital, riu: — Você pode vir sempre que quiser, estou aqui sozinha todo dia, é bem chato.— Claro. — Luiza entregou presentes e frutas para Leo. — Leo, isso é para você.— Leo, essa é sua madrinha, a madrinha Luiza. — Marina apresentou.Leandro olhou silenciosamente para Luiza e, como raramente, sorriu.Luiza ficou surpresa: — O Leo sorriu.— Eu também vi. — Marina estava surpresa, com os olhos arregalados, olhando para Luiza. — Lulu, o Leo com certeza gosta muito de você, ele quase nunca sorri.— Sério? — Luiza ficou contente e se aproximou um pouco mais de Leandro. — Você gosta de mim? Que tal apertar minha mão?Ela estendeu a mão para Leandro e, para sua surpresa, Leandro realmente estendeu a mão e segurou a mão delicada dela.Até Luiza ficou intrigada.
Luiza assentiu com a cabeça e disse: — As coisas mudam, mas as pessoas também. Quatro anos, nem muito tempo, nem pouco, mais de mil dias e noites, tempo suficiente para mudar muita coisa. — Sabia que você não era boa coisa. — De repente, uma voz fria se fez ouvir ao lado. Luiza virou a cabeça. Viu Isabelly apoiando a Sra. Nunes, e o resmungo de desprezo veio dela. O olhar severo da Sra. Nunes caiu sobre Luiza, depois se voltou para Simão, com evidente desdém, perguntando: — Ela é a Luiza? Aquela mulher sem-vergonha que vive correndo atrás do Miguel por aí? A Sra. Nunes já conhecia Luiza, mas disse aquilo de propósito para que todos ao redor ouvissem. Ela queria humilhar Luiza em público. De fato, algumas pessoas pararam para assistir à cena. Isabelly falou friamente: — Mãe, você nem imagina, ontem eu liguei para essa garota e ela ainda me desafiou, dizendo que iria mesmo seduzir o Miguel e perguntou o que poderíamos fazer contra ela. Luiza olhou friamente para
A Sra. Nunes pensou no caso de Alice e ficou ainda mais furiosa.— A Alice também! Ela era uma menina tão boa, cresceu ao meu lado sem passar por nenhuma dificuldade. Mas foi por sua causa, por sua culpa! Só por sua causa ela passou por aquilo...Se não fosse pelo fato de estarem no saguão do hospital, cheio de gente, a Sra. Nunes teria revelado tudo. Ela engasgou com as palavras, a voz embargada de raiva:— Luiza, eu nunca vou te perdoar!Luiza ficou ali parada, como se estivesse distante, sem qualquer expressão no rosto.As pessoas ao redor começaram a se juntar, curiosas.Simão percebeu que aquela situação não levaria a nada e puxou Luiza dali.No estacionamento, ele olhou para Luiza. Ela parecia completamente atordoada. Ele sentiu um aperto no peito e não pôde deixar de perguntar:— Luiza, você está bem?Luiza voltou a si e esboçou um leve sorriso.— Ela já terminou de me xingar?Sua atitude era de alguém que não se importava com as palavras de Sra. Nunes.Simão, no entanto, ainda
Simão tinha uma leve tristeza no olhar enquanto contava o que havia acontecido no hospital. Luana suspirou: — Essas pessoas da família Nunes realmente falam de uma maneira muito grosseira. Ao entrarem no salão privado, Luiza estava sentada sozinha, quieta. Para animá-la, Luana a mimava, servindo a ela comida e vinho constantemente. Luiza, se sentindo sufocada, pegou seu copo de vinho e o bebeu de uma vez só. Sem perceber, já havia bebido vários copos e estava completamente tonta, apoiando o queixo na mão, com o olhar perdido. Simão olhou para ela, sentindo uma profunda compaixão. Ele estendeu a mão e tirou o copo de vinho de suas mãos: — Beber demais faz mal. Beba menos. — Não, me devolva o copo. — Luiza protestou, tentando pegá-lo de volta. Simão levantou o copo, o tirando do alcance dela, com uma expressão um pouco séria: — Você já está bêbada. Não beba mais. — Ela está chateada, deixe ela beber. — Disse Luana. Ela acreditava que, se a pessoa estivesse de mau hu