O táxi parou em frente à mansão de Ângelo. Ele estava apoiado no ombro de Vitória, ainda segurando sua mão.Quando chegaram, ele não teve nenhuma reação.— Ângelo, chegamos.Ao ouvir sua voz, Ângelo finalmente abriu os olhos.— Certo, vamos.Vitória estava sentada do lado de fora, então teve que sair primeiro. Quando Ângelo desceu, imediatamente a envolveu com os braços e se encostou no corpo dela.Será que ele realmente estava bêbado? Ou estava apenas fingindo?— Sinto minha cabeça doer um pouco, pode me levar para dentro? Não quero voltar sozinho.Vitória estava sem palavras, mas ainda assim o levou para dentro. Parecia que ela estava se permitindo ser um pouco mais tolerante com ele.Ela o ajudou a se acomodar no sofá e pensou em deixá-lo ali para se recuperar sozinho, mas não imaginava que ele a puxaria para o sofá também, caindo com ela sobre o estofado.E, para piorar, ele ficou por cima dela.O que esse homem estava querendo fazer? O que passava pela cabeça dele?— Ângelo, você
Enquanto isso, Vitória não foi diretamente para casa, mas procurou Paulo. No entanto, quem ela encontrou foi Gustavo, o filho de Paulo, que estava ali para pedir dinheiro ao mordomo. Quando Paulo se recusou, Gustavo o agrediu.— Você é meu pai, não é? O seu dinheiro não é para mim? Vai levar tudo isso para o caixão? — Disse Gustavo, furioso. — Eu não me importo. Se você não me der o dinheiro hoje, ninguém aqui vai sair vivo.Gustavo era viciado e já devia uma grande quantia. Depois de seus parentes se recusarem a ajudá-lo, ele recorreu a agiotas, que agora o pressionavam para pagar. Se não o fizesse, sabia que as consequências seriam fatais.— Pai, por favor! Você não trabalha para a família Neves? Eles são ricos, e você ajudou a Giovana e a filha dela no passado. Pergunte a elas, elas com certeza vão te ajudar. Eu sou seu único filho. Se eu morrer, quem vai cuidar de você quando ficar velho?Paulo nada respondeu.Será que isso era um castigo? Afinal, há cinco anos ele havia traído Tá
— Gustavo, não...Paulo tentou impedir, mas já era tarde demais.Vitória agarrou o pescoço de Gustavo com força e, empurrando sua cabeça, a bateu contra a parede.Gustavo ficou completamente atordoado. Tentou reagir, mas o uso constante de drogas havia comprometido sua saúde, e ele não tinha forças suficientes para enfrentar aquela jovem.Sangue começou a escorrer de sua cabeça.Neste momento, os olhos de Vitória estavam cobertos por uma sombra ameaçadora.— Você... Você...Gustavo não conseguia mais falar. Ele só queria o dinheiro dela, mas aquela garota estava disposta a tirar sua vida!— Pai, me ajuda!Gustavo só podia clamar por seu pai, já passando dos cinquenta anos.Ao ver a fúria de Vitória, Paulo também ficou assustado.Vitória, agora, não era mais a frágil princesinha da Cidade J. Ela poderia matá-los com as próprias mãos.— Srta. Vitória, eu errei, eu realmente errei! Por favor, não mate meu filho! — Paulo implorava, desesperado. — Srta. Vitória, pelo amor de Deus, nos per
Ele já estava tão velho que não valia a pena discutir com ele.Vitória apertou o pescoço dele com força.— Perdoar você? Quando ajudou aquele casal de traidores a enlouquecer minha mãe, você pensou em perdoá-la? Suas mãos apertaram ainda mais.Paulo fechou os olhos, resignado. Pensou que, de fato, seu castigo estava apenas começando. Mas, apesar da idade avançada, ele não queria morrer. Quem, afinal, não deseja continuar vivendo?Foi então que Gustavo, finalmente recuperado, se levantou do chão. Pegou um vaso da sala e tentou acertá-lo na cabeça de Vitória.— Sua vagabunda, como ousa me enfrentar? — Gritou ele, furioso. — Hoje eu acabo com você!Mas Vitória, de costas para ele, parecia ter olhos na nuca. Com um empurrão, afastou Paulo e, com um chute giratório impecável, quebrou o vaso em pedaços contra o corpo de Gustavo.Gustavo ficou paralisado, aterrorizado!— Srta. Vitória, eu já lhe entreguei tudo o que pediu. Por favor, poupe meu filho. — Implorou Paulo, sem acreditar no qu
Quando Vitória voltou para a mansão dos Neves, já era madrugada.Ela não esperava encontrar Ângelo lá. Ao ver o carro dele estacionado, sentiu uma vontade repentina de fumar.O cheiro do cigarro de Ângelo era agradável, e, de algum jeito, ela gostava disso.Assim que Vitória apareceu, Ângelo percebeu sua presença. Ele estava dentro do carro, enquanto ela ficava do lado de fora.— Me dá um cigarro.Vitória foi direta, sem rodeios. Mesmo assim, Ângelo percebeu que algo não estava certo com ela.Ângelo retirou um cigarro da caixa, colocou-o entre os lábios e o acendeu. Após duas tragadas, passou o cigarro para ela.Vitória aceitou, apoiando-se na lataria do carro enquanto soltava a fumaça.Naquele momento, havia algo nela que transparecia uma fragilidade quase sufocante, capaz de despertar uma enorme compaixão.Onde ela esteve? Com quem se encontrou? O que a teria deixado assim?— Está tudo bem? — Ele perguntou.— Sim.Ele queria se aproximar, demonstrar preocupação, mas sabia que, às vez
Francisco, inicialmente, planejava apenas observar. O talento de Ângelo para o tiro era impressionante, ele mesmo havia aprendido com o primo, mas nunca alcançara o mesmo nível. Queria aproveitar a oportunidade para aprender mais, mas, ao encontrar o olhar significativo de Ângelo, tudo fez sentido.Claro! Ele trouxe uma mulher aqui só para impressioná-la!A presença de Francisco claramente não era desejada. Procurando uma desculpa, ele se retirou discretamente, deixando o estande de tiro apenas para os dois.Ângelo então pegou um par de óculos de proteção e abafadores e ajudou Vitória a colocá-los.— Sabe atirar? — Perguntou ele.Vitória lançou a ele um olhar desdenhoso. Esse homem acha que eu sou o quê?Francisco estava praticando a montagem de uma arma quando recebeu a ligação de Ângelo. Naquele momento, a arma ainda não tinha sido completamente montada.Sem dizer nada, Vitória pegou as peças e, em menos de um minuto, montou a arma por completo. Em seguida, olhou para Ângelo com in
Ângelo mal encostou nela, e Vitória abriu os olhos imediatamente. Anos vivendo em meio ao perigo a tornaram extremamente alerta. No entanto, ao perceber que era ele, voltou a fechar os olhos, exausta.Depois de tanto tempo enfrentando situações imprevisíveis sozinha, tudo o que ela queria era descansar. Ela era, afinal, uma jovem de menos de 20 anos, carregando um fardo que poucos poderiam suportar.— Continue dormindo. — A voz de Ângelo era suave, quase um sussurro.Vitória não respondeu. Apenas se aninhou em seus braços, permitindo-se finalmente relaxar. Para alguém que sempre teve um sono leve e agitado, conseguir dormir profundamente era um luxo raro.Agora, mesmo que o mundo desabasse, ela não queria se importar.Ângelo a carregou cuidadosamente até o quarto principal, colocando-a suavemente na cama. Tirou os sapatos dela e puxou o cobertor, cobrindo-a com delicadeza.— Durma bem. Qualquer problema pode esperar até amanhã. Não importava o que tivesse acontecido de ruim naque
No momento em que Ângelo terminou de colocar os absorventes no balcão, a atendente, com um sorriso divertido, não conseguiu resistir e comentou: — Oi, gato, você comprou cuecas também? Talvez sua namorada precise. A observação inesperada fez Ângelo refletir. Ele assentiu brevemente e, sem perder tempo, voltou ao corredor para pegar algumas peças. Enquanto isso, Sophia, que ainda estava no caixa, pagou suas compras, observando a cena com sentimentos conflitantes. "Bonito, atencioso, mas... Sem dinheiro, Daniel é melhor" pensou ela, tentando se convencer. Desde que Vitória havia retornado, algo dentro dela não estava em paz. Daniel era um bom parceiro, sempre tinha sido. Estavam juntos há cinco anos, e tudo sempre parecia perfeito, até agora. "É só uma fase" ela se consolava. "Quando Vitória se for, tudo voltará ao normal." Mas, por mais que tentasse se convencer, uma ponta de insatisfação permanecia. "Por que o namorado da Vitória a trata tão bem? Até compra absorventes