CELINA

Dois meses, desde que cheguei nesse hospital, cirurgias, e mais cirurgias.

Hoje estou com a cabeça enfaixada, disseram que irei poder olhar-me no espelho hoje.

— Bom dia Celina, vamos tirar a faixa.

Percebi que as mãos que tocavam o meu rosto tirando a faixa, não eram da médica, mas sim mãos que me davam calor, carinho, conforto, e o perfume, não era possível, ele disse que chegaria apenas daqui seis meses.

Quando sinto toda a faixa sair, abro os meus olhos, sim, já sentia as minhas pálpebras se moverem, mesmo tendo a visão de um único olho, e com ele, ver a minha frente, o meu amor, Murilo.

— Oi minha flor, achou que iria perder um momento tão especial como esse para você.

Joguei-me nós braços dele, estava muito feliz.

— Calma casal, momento dela ver como está o resultado. — Ouvimos a médica.

Antes de olhar no espelho, perguntei-lhe, ansiosa.

-O que você acha?

Ele analisou-me, ficou a olhar cada detalhe, e falou:

— Acho que você deveria continuar a andar com o lenço na cabeça,