Episódio 07

EVIE NARRANDO 

Quando eu tomei a decisão de voltar para o meu trabalho, foi tentando parar de pensar em uma solução para o problema em questão, a saúde da minha avó, eu estava em choque com tudo o que estava acontecendo, fiquei muito magoada por está passando por um problema desses, e o pior é que eu não sei como é que vou arrumar 30 mil reais para a cirurgia da minha avó, porque as minhas irmãs não trabalham, a minha avó recebe o aposento dela, mas quase não dar para as despesas, e isso complica, o meu salário também não dar para muita coisa, e eu não sei mais o que fazer ou pensar, tá complicado a minha vida. E por mais que eu queira apenas ficar bem, eu não consigo ficar, eu não consigo pensar em nada. As lágrimas caíam sobre meu rosto, enquanto olhava para fora do ônibus, então quando percebi que ele se aproximava do meu ponto de parada, então já fui enxugando as lágrimas, então assim que ele parou, desci do ônibus e seguir para a loja, assim que cheguei meu chefe se surpreendeu. 

— Evie, o que faz aqui? — pergunta o meu chefe.

— Precisei vir trabalhar senhor, eu preciso trabalhar agora mais que tudo. — digo, sentindo meus olhos marejarem. 

— Meu Deus, Evie, o que está acontecendo? — pergunta a Alice vindo em minha direção. 

— Oh amiga. — digo sentindo as lágrimas molharem meu rosto. — A minha avó tá com um problema sério. — digo e ela então me abraça, o meu chefe me olha, então o mesmo colocou a mão sobre meu ombro. 

— Amiga, o que tá acontecendo? — ela pergunta, se afastando um pouco para olhar em meu rosto. 

— A minha avó tá com uma doença renal amiga, e é muito grave, ela precisa com urgência de uma cirurgia. — digo a olhando, e ela me abraça forte.

— Meu Deus amiga, mas é paga essa cirurgia? — ela pergunta me olhando, então confirmo com a cabeça. 

— Quanto custa essa cirurgia? — meu chefe me pergunta. 

— Eu não tenho nem coragem de dizer o valor, e eu não sei mais o que fazer, pelo preço tão absurdo que é. — digo, então o meu chefe me olha, até que o filho dele se aproxima. 

— Pode dizer, Evie, a gente ver se conseguimos te ajudar de alguma forma. — diz o meu chefe. 

— Tenho que concordar com meu pai. — fala o Maick.

— Obrigada de verdade, mas o valor é tão absurdo que eu não consigo ver o que posso fazer. — digo baixando a cabeça. — São 30 mil reais. — digo baixinho, e a Alice coloca a mão em sua boca. 

— Meu Deus, realmente é um absurdo. — ela fala surpresa. 

— Eu não posso contribuir com algo tão caro, mas posso tentar ajudar um pouco com isso. — diz o meu chefe, então acabo chorando descontroladamente, eu estava tão mal que o Maick se aproximou e me deu um abraço rápido. 

— Vem, não fica aqui, você pode hoje apenas arrumar a sala de amostras. — ele fala, então me leva para a sala de amostras. — Pronto, quando se sentir melhor, você vai lá pra fora, ajudar as meninas. — ele fala, então concordo.

— Muito obrigada, senhor Maick. — digo o olhando.

— Não precisa agradecer. — diz ele, se retirando da sala, me deixando sozinha. 

Os meus pensamentos começaram a fluir, e tudo só me deixava pior, eu não sabia como é que vou arrumar todo esses dinheiro, mas eu tenho fé que se estou passando por isso, é alguma provação, e eu preciso crê em Deus e deixar que ele faça o que ele reservou para mim. Fiquei com os pensamentos longe, que quando fui acabando de arrumar toda a sala, enxuguei meu rosto, e só então ouvir umas falas, eu não estava sabendo o que estava acontecendo, então fui saindo, e chamei pelo meu chefe, mas ao ver aqueles homens de máscaras cobrindo seu rosto, e aquelas armas, eu não sei como desencadeou o meu trauma, eu me sentir mal, e comecei a ficar distante, a minha cabeça estava girando, e acabei ouvindo algumas vozes distante, era como se eu tivesse vivendo um filme de terror, a minha mentalidade estava me levando para distante daquele lugar, acabei caindo no chão, eu sentia o meu corpo tremer, ouvir a voz da Alice distante, mas ainda sim eu estava submersa demais na minha crise, e tudo aquilo me fez chorar ainda mais, me encolhi em um canto, até que a Alice conseguiu se aproximar, ela foi tentando me acalmar e me tirar daquela crise com calma, eu conseguia ouvir tudo, e ver tudo, mas a distância que a minha mente me levava era algo que eu não conseguia me conter, me manter fora dos meus traumas. 

— Amiga. — diz a Alice, me chamando. — Por favor torna logo, os assaltantes já foram embora, e a polícia está atrás deles. — ela fala, e com calma minha mente vai tornando para a realidade, então nesse momento consigo piscar os meus olhos algumas vezes, e olhar para a Alice. — Você fica sem piscar amiga, e consigo perceber o quão longe seus olhos ficam, é como se a alma deles não estivessem ali. — ela fala, nesse momento olho para todos que estavam em agonia com o que aconteceu. 

— Meu Deus, o que eles fizeram? — pergunto a olhando. 

— Os assaltantes levaram tudo, que tinha de muito valor. — ela diz, então nesse momento vou segurando nela, e com calma vou me levantando. 

— Meu Deus, isso não pode acontecer, o senhor Michel é tão bom. — digo, então ele vem em minha direção.

— Você está bem? — ele pergunta ao me ver de pé, então confirmo com a cabeça. — Graças a Deus. — ele fala, me olhando. — Espero que a polícia prenda todos eles, e tragam tudo que foi levado de volta. — ele fala nervoso.

— Pai, estamos esperando notícias. — diz o senhor Maick para o pai dele, então eles se afastam e nesse momento a esposa do senhor Michel aparece ali. 

— Meu amor, o que aconteceu aqui? Acabei de ficar sabendo, então vir correndo. — diz a esposa dele. 

— Meu Deus, eu tô em choque ainda. — fala a Verônica, se aproximando de nós duas.

— Eu também, o pior foi a Evie que entrou em modo avião. — brinca a Alice. — Brincadeira amiga. — ela fala, me abraçando de lado. 

— Seus traumas são profundos, Evie. — diz a Verônica, apenas confirmo com a cabeça, vi o senhor Maick e senhor Michel olhando as câmeras, mas logo um dos advogados dele chegou ali, e foi até onde estavam a família reunida, por mais que a nova esposa do senhor Michel não seja a mãe do senhor Maick, eles se dão bem.

— Eu não lembro o que me fez ter esses surtos de "modo avião". — faço aspas com os dedos. — Como diz a Alice. — digo a olhando, e a mesma esboça um leve sorriso, então fiquei conversando um pouco mais com a Alice e a Verônica, até que a esposa do senhor Michel se aproxima da gente. 

— Foi você né? — ela fala, me fazendo olhar para ela sem entender.

— Do que está falando? — pergunto a olhando.

— Você que mandou assaltarem a loja do meu marido né? Sua pilantra. — ela fala me olhando de uma forma tão repugnante que fico ainda mais perdida no que ela está falando. 

— Eu não sei o que você está falando, eu nunca me envolvi em nada criminoso, graças a Deus. — digo séria. — Posso ser pobre, mas não sou uma criminosa. — falo, sem tirar os olhos dela, então o senhor Michel, junto com o advogado dele se aproximam. 

— Querida, não acuse as pessoas dessa forma, não se sabe nada ainda para que você possa está acusando. — ele diz, me fazendo ficar sem chão ali mesmo. 

— Senhor Michel, eu jamais em toda a minha vida, achei que o senhor um dia fosse desconfiar de mim, eu jamais na minha vida me juntei a facções criminosas, e muito menos roubei algo da sua loja. — digo e ele não diz nada. — Posso ser uma pobretona, mas nunca na vida fui alguém dessa índole. — digo, então ele respira fundo. 

— Olha senhorita, não estamos acusando ninguém, apenas foi informado a gente, que as pessoas que roubaram a loja, foi do morro do Vidigal, e você é moradora de lá. — o advogado fala, me deixando ainda mais surpresa com a notícia. 

— Eu não moro dentro da comunidade, eu moro fora dela, e não sabia que morar próximo a comunidade, era um crime, e ainda ser acusada de está junto de uma organização criminosa. — digo, sentindo meus olhos marejarem. — Eu nunca, tirei nenhum alfinete aqui da loja, nunca precisei disso, e mesmo que hoje eu me encontre em uma situação extremamente complicada, eu jamais pensaria em algo tão cabuloso assim. — digo séria. 

— Não quis dizer isso, é que é tudo muito estranho, eles saberem de coisas que ninguém sabia. — diz o advogado. 

— Meu Deus, eu acredito que se vocês pensarem mesmo encontrariam outras coisas, agora querer me culpar por algo que eu não sabia, e muito menos está envolvida em algo que eu jamais faria, isso é demais para mim. — digo sentindo as lágrimas molharem meu rosto. 

— Lágrimas de crocodilo, sua vigarista. — diz a esposa do senhor Michel. 

— Pra mim, já chega, não vou me submeter a mais problemas. — digo, então o choro acaba saindo de dentro de mim, saiu de dentro da loja, rumo ao ponto de ônibus, eu estava desolada, tão mal com tudo que a Alice veio correndo atrás de mim. 

— Oh minha amiga, não liga para nada que essa mulher fala. — diz ela assim que se aproxima. — Todo mundo sabe que ali é uma joalheria, e que poderia acontecer algo assim a qualquer momento, agora julgar você por isso, foi o cúmulo, eu fosse você processava por injúrias e calúnias. — ela fala, me fazendo tocar seu rosto.

— Obrigada pelo apoio, fico feliz que você acredite em mim. — falo, então nesse momento o ônibus para ali, então respiro fundo, enxugo meus olhos. — Vou nessa amiga, obrigada por tudo. — falo entrando no ônibus.

Eu estava desolada, por tudo, já não bastava meu dia está péssimo, e agora isso, ser acusada injustamente por algo que eu jamais na vida ousaria fazer. O que me faltaria nesse dia para minha vida virar de cabeça para baixo? Eu não sei, porque sinceramente meu dia está horrível. Penso, então ouço um barulho e um movimento estranho no ônibus, ouvir o pessoal que estava dentro gritarem assustados, então o motorista avisou que o pneu havia estourado, então respirei fundo. Então olhei para a estrada e vi que estava a duas quadras de casa, então me levantei fui até o motorista, paguei minha cota, e falei que iria andando, então assim eu fiz, sair do ônibus e fui andando em direção a minha residência, estava caminhando e bem pensativa em tudo que esse dia me reservou, foi uns 15 minutos a pé, até chegar em casa, quando finalmente cheguei em na ladeira da minha casa, fui subindo a mesma de cabeça baixa, até que uma moto quase me atropela, o que me fez ficar assustada, mas o que mais me assustou foi ver quem estava sobre a moto, então comecei a me tremer, estava nervosa demais, e por mais que eu soubesse que minha crise iria aparecer, eu precisava chegar em casa, mas eu não iria conseguir, a tremedeira tomou conta do meu corpo, então acabei caindo no chão.

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