RASTROS DA ÁFRICA
“Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”.
Publicado mediante acordo com todos os direitos reservados
Título original
Rastros da África
Capa
Anilton Freires
Diagramação
Léo Pajeú
Revisão
Léo Pajeú
Imagens
G****e
Foto do autor
Emanuelle Bonifácio
Pajeú Léo, 1961
Rastros da África, Romance – /Léo Pajeú – 1.ª Ed. Brasília-DF, 2018. 000p.
Leonires Barbosa Gomes
Quadra 18 casa 03 Setor Tradicional
Brazlândia-DF
Tel. (61) 3391 1144/992469915
Copyright © 2018 Léo Pajeú
Todos os direitos reservados.
ISBN: 9781720059806
RASTROS DA ÁFRICA
1.ª EDIÇÃO
A minha mulher e meus filhos:
Nem todos os livros, pelo seu atributo,
são oportunos para serem proporcionados.
Este é, seguramente, daqueles que não
oferece-se, mas dedicando-o só tive
em aspecto contrapesar um pouco das
ocasiões que me apartei do convívio familiar
concentrado neste infortúnio.
SOU NEGRO
Sou início, sou diáspora africana,
Sou da terra da safira, sou do pó tetro,
Do vasto firmamento, mar azul, da savana.
Sou único, sou mistura, sou neutro.
Em caravelas, sou centenas, milhares...
Servos, em cárceres vagantes, além mar.
Navegando sem sonhos, sem céu, sem olhares.
Como se não fosse gente, sem-terra, sem lar.
Esta supremacia instigante de minha cor,
Afronta tua diversidade de cores formais,
Como se culpado fosse de tua sina, tua dor,
Estampados em letras multicores nos jornais.
Sou negro, sou humano, diáspora afra,
Sou resistente, sou obstinação compassiva.
Sou a imagem colada nos murais, sou safra,
Das gerações futuras, sem pele corrosiva.
Sou locomotiva das nações e continentes,
Sou a alegria nos esportes e gols sensacionais.
Sou a dança das senzalas, nas ruas, nos montes,
Nas alegorias dos majestosos carnavais.
Sou negro...
ROTAS DA ESCRAVIDÃO É difícil saber quantos africanos foram trazidos para o Brasil ao longo de três séculos de tráfico negreiro. Muitos registros que poderiam tornar os dados mais precisos foram perdidos ou destruídos. As estimativas indicam que entre 3.300.000 e oito milhões de pessoas desembarcaram nos portos brasileiros para serem vendidas como escravas, de meados do século XVI até 1850, quando o tráfico foi efetivamente abolido pela Lei Eusébio de Queiroz. As quatro principais rotas dos navios negreiros que ligaram o continente africano ao Brasil foram as da Guiné, Mina, Angola e Moçambique. Elas concentravam o comércio de seres humanos que, na maioria dos casos, eram aprisionados em guerras feitas por chefes tribais, reis ou sobas africanos para
PRÓLOGO Em uma aldeia na floresta, crescíamos entre brincadeiras e treinos de guerra, um bom guerreiro, uma boa guerreira, que era caso de nossa tribo, que aceitava mulheres nos treinos e combates, era importante. Crescemos com o fantasma dos caçadores de escravos, nossa tribo era muito produtiva, na plantação e desenvolvimento, então nosso rei temia uma invasão de tribos, que viviam de vendas de escravos para os brancos no grande rio. Era comum chegar alguns fugidos de tribos próximas, nosso rei acabava os aceitando, pois isso nos tornaria maiores e mais fortes, como também ficávamos informados dos acontecimentos que rodeava nossa tribo. Cresci observando, que em algumas épocas nossas provisões ficavam escassas, o que plantávamos e cultivávamos não supria a necessidade da aldeia, então a solução era ir floresta adentro, percorrer toda selva e chegar
CAPÍTULO I O QUE A FLORESTA ESCONDE Era um tempo escasso, cada vez mais tínhamos que adentrar na floresta, sabíamos dos perigos, mas nossa sobrevivência falava mais alto, e quando o nosso estoque de alimentos estava baixo, não restava outra solução, a caça e a pesca seria uma complementação para toda a tribo. Em consequência das frequentes guerras entre as tribos, a venda de nativos como escravos para os brancos levarem para outras terras, nossos guerreiros eram divididos, então metade ficavam na tribo, para tentar combater e evitar que guerreiros de outras nações invadisse a nossa, os quais se beneficiavam de escravos, para si e para vender aos brancos, que os levavam em grandes embarcações para outros lugares, outra metade saia para caçar e encontrar alime
CAPÍTULO II GUERREIROS ESCRAVOS Eu não acreditava, mas estava ali, preso e dominado. É um tempo negro, e em todas as regiões, as tribos ficam em alertas. Eu sabia disso, mas precisava caçar, nossa tribo vive e se alimenta do que planta, e do que caça. Mas os prêmios da guerra entre tribos, acabam abastecendo os mercados, com novos escravos, os quais tem marcas cicatrizadas em suas peles, mostram então, que eles são membros de diferentes famílias e de aldeias desconhecidas ou muito distantes. Essa guerra cruel, que separa algumas tribos, umas poderosas, inteiramente ofensivas, e outras totalmente inofensivas, aquelas, como a minha tribo, bem mais sossegada, cujo o medo nos colocam, repetidamente, à serviço das tribos mais ofensivas e igualmente poderosas. &n
CAPÍTULO III A PRINCESA E A FUGA Um velho índio caeté, sentando em uma pedra, na única esquina do caminho, que se fazia de rua na Vila, perto de uma casa construída, em uma formação de janelas e lados desiguais, fazia suas previsões. Depois de terem sugado seu corpo e suas energias como escravo, não restava mais nada, a não ser perambular pelos cantos da Vila e pedir comida no Porto, ninguém o levava a sério, mas em suas visões, sempre dizia que chegaria naquele porto uma mulher negra, uma Princesa guerreira, e que de seu ventre nasceria também uma guerreira, que dessa mulher guerreira iria nascer um bravo guerreiro, que iria mudar tudo naquela região. O movimento no Porto Rico começou a aumentar, os caminhos que o levavam a ele, cada vez mais, aparecia gente e mais gente, os fazendeiros, exploradores do pau-de-pernambuco
CAPÍTULO IVA HISTÓRIA DA FAZENDA Após a nossa chegada no Quilombo, todos festejaram, eram sorrisos e abraços, eu e a Princesa estávamos felizes, pelo menos era o que eu imaginava, mas percebi que a Princesa Aqualtune ficava meio apartada, parecia estar longe, em outro pensamento, não sentia a alegria, o calor dos nossos irmãos. - Toculo, pelo o tempo que você ficou na fazenda, você pode contar alguma coisa de lá, do fazendeiro, da mulher dele, dos seus planos, você ficou bem próximo, vivia quase o dia todo com eles, o que pode nos contar? – Diz Zambi, querendo saber dos planos e objetivos do fazendeiro. - O que eu posso dizer, é que esse Fazendeiro é filho de um estrangeiro, tem cabelos loiros, é alto
CAPÍTULO VPRINCESSA GUERREIRA E A LENDA O sol se levantou lentamente no horizonte, estava com um brilho mais intenso, sua luz invadiu toda zona da mata, mostrando sua real supremacia, alguns animais já se manifestavam ao redor da casa grande, noutros cantos ouvia-se os pássaros, eram tantos, que não dava para diferenciar seus cantos. O Fazendeiro acordou animado e logo foi contar sua decisão para a mulher, que dessa vez não incluía sua opinião ou recusa, a menina iria morar na casa grande e teria todos os cuidados. - Mulher, tenho uma coisa para lhe contar! Talvez você não goste, mas isso não vem ao caso, por que a decisão é minha e eu não vou voltar atrás. – Disse o Fazendeiro com v
EXPANSÃO PORTUGUESACONGO-ANGOLA O início do empreendimento português na África esteve associado à continuidade das Cruzadas contra os mouros e ao interesse em encontrar novas rotas de comércio com o Oriente. Se entre as causas atribuídas à expansão ultramarina portuguesa encontrava-se a busca de novos produtos a serem comercializados, como a pimenta, o cravo e a canela, provenientes da Índia, o gradual conhecimento e exploração da costa africana iria cumprir, ao longo de sua colonização, um outro objetivo: o provimento da mão-de-obra necessária para suprir a escassez de trabalhadores no Reino e nas conquistas. Na África Central Atlântica, a chegada dos portugueses coincide com a busca de escravos para o cultivo de produtos tropic