Eram quase oito horas da noite, quando cheguei no subsolo do meu prédio. Olhei a vaga do carro do Tiago, ele ainda não havia chegado. Pelo visto isso se tornará uma rotina... chegar tarde! - Pensei.
- Será que tiveram outra esticadinha? Ou será que a esticadinha, dessa vez era só entre duas pessoas? Me senti mal só de pensar nisso.
Desejei chegar logo em casa e tirar essa roupa e me enfiar na banheira. Um bom banho de imersão, com todos aqueles óleos que trouxe de Paris, ia cair muito bem agora. Fiquei animada com a idéia, sai quase que saltitando de dentro do elevador. Assim que cheguei á porta, ela já estava aberta e vi uma carinha sorridente me esperando do outro lado.
- Boa noite, dona Raphaella! Como está? Eu fiz amizade com o porteiro e pedi para ele sempre me avisar quando a senhora chegar.
Nada mais reconfortante do que isso. Chegar em casa e ter alguém que se importe com você.
- Eu estou muito bem, Dolores e você? Como foram a
Senti que havia algo de diferente naquela manhã. Estava estacionando o carro no prédio da A&C Advogados, quando senti um arrepio na espinha. Algo estava mudando. Senti que a minha vida não era mais a mesma. Senti em mim uma força, uma energia que percorria todo o meu corpo. Uma energia boa... Como se estivesse pressentindo algo bom chegando.Sai do carro e fui em direção ao elevador. Havia algumas pessoas por ali e me juntei a eles. O elevador chegou e todos entraram. Cheguei no meu escritório. O ambiente ainda estava vazio. Era cedo. Eu havia perdido o sono e decidi vir para o escritório. Assim, eu evitei de encarar meu marido que havia se tornado um estranho para mim, desde o último episódio onde ele passou a me ignorar completamente.Não conversamos mais desde então. Já haviam se passado um mês. Entrei em minha sala e abri as cortinas e janelas. Eu precisava de ar. Eu precisava de espaço, de amplitude. Eu não queria saber de mais ninguém por perto. Que
Gabriel estava no topo da colina á espera do retorno de seus companheiros. Até o momento não havia recebido boas notícias. Ele mesmo já havia descido e tentado de várias formas encontrar Miguel. Sabia que não seria uma tarefa fácil. Miguel sabia se esconder muito bem. Por várias vezes ambos haviam descido á terra em missões e se misturavam aos humanos por décadas e nunca foram descobertos. Só que desta vez a coisa estava diferente. Ele estava com a sensação de que Miguel, pudesse ter feito algo pior. Ele poderia ter subjugado á “Queda”. Ele o conhecia bem e havia uma grande possibilidade que Miguel tenha se tornado humano. Essa era uma das hipóteses que Gabriel não queria pensar. Só o fato de seu irmão ter ido á terra sem a autorização de seu Soberano... isso já o tinha colocado em sérios apur
Muriel e Rafael seguiram juntos em direção ao Bois de Boulogne. São 846 hectares de terra e estavam indo em direção ao jardim da aclimação, onde, aquela hora haviam muitas prostitutas. Rafael não entendeu o motivo de estarem ali, mas confiava em Muriel que era uma velha raposa e sabia muito bem onde se esconder e como se proteger. Como se tivesse lido os pensamentos de Rafael, o caído explicou que Azazel tomava conta daquele lugar. Ali estariam protegidos. Muriel entrou em um buraco que se parecia mais com uma caverna atrás de um monte de arbustos que durante noite, ninguém notaria que havia uma entrada ali.O lugar era mal iluminado e cheirava a mofo. Haviam algumas velas acesas e uma mesa com cadeiras de madeira muito antiga. Muriel se afastou em direção de algo que se parecia com uma cozinha, pegou um jarro e o colocou na mesa. Pelo cheiro que sentiu, era vinho bara
Havia um batalhão de anjos ali. Todos imóveis. Apenas observando todos os movimentos dos humanos. O que será que Metatron estava pensando? Que Miguel entraria por aquela porta a qualquer momento? É claro que com Miguel seria uma luta e tanto, mas totalmente desnecessário colocar essa quantidade imensa de anjos para vigiar uma humana. Mesmo sendo ela...Gabriel, seguiu andando pela casa para fazer um reconhecimento do local. Era um lugar muito bonito. Mas sentiu que não havia amor ali. O lugar era frio. Sem sentimento. Ficou apreensivo com este pensamento. Será que Anael não era feliz ali? Mesmo sendo humana e levando uma vida visivelmente abastada, nada disso a teria tornado feliz? Ele ia de um cômodo a outro, não havia encontrado nenhum humano até agora, mas sentia uma energia, ele sabia que tinha alguém ali. Só ainda não a havia encontrado.Quando saiu do escritório e voltou para o corredor, percebeu uma presença no cômodo á sua frente. Não tinha certeza se era ela, ma
O cheiro de comida estava por todo apartamento. Eu havia pedido para Dolores caprichar no Menu desta noite. Eu queria comemorar em alto estilo. Muita comida boa e bebida da mais alta qualidade. Convidei o pessoal do escritório, meus sócios e presidência. Familiares e amigos íntimos. Eu estava apreensiva com a reação de meu marido. Desde o último incidente, não tinhamos dormido mais na mesma cama, isso nem mesmo quando ele estava em casa. Sua ausência tinha sido cada vez maior, assim como suas bebedeiras. Meu casamento estava definitivamente no fim. Em rítmo acelerado em direção ao divórcio...Mas hoje, será um dia especial para mim e não desejo pensar em aborrecimentos. Eu estava me sentindo muito em paz, como há muito tempo não me sentia. Eu só queria comemorar e estar ao lado de minha família, principalmente de meus pais. Se tudo isto está sendo possível, é devido a eles.- Dolores! Já estou saindo! - Falei já na soleira da porta. - Dolores veio
Dona Rafella! Ah! Como estás linda! Meu Deus! Parece um anjo mesmo!.. Dio mio, el angel que vaga por la tierra! - Dolores sussurrou em sua língua natal, fazendo o sinal da cruz.- Que é isso Dolores! - brinquei. - Acha mesmo que estou á altura dos acontecimentos desta noite? - perguntei aflita.- Para isto e muito mais, minha menina! Você está pronta para todos os eventos que ainda estão por vir... - Dolores me observou com seu olhar misterioso que pareciam perdidos em pensamentos e visões.Eu sabia que ela acabava de me dizer algo importante, por isso, guardei cada palavra dita. Apertei a mão dela para demonstrar meu entendimento e sai em direção ao meu quarto.Eu precisava de um pouco de silêncio, privacidade e concentração, pois as próximas horas seriam as mais tensas e decisivas de minha vida.A festa estava transcorrendo como planejado. O Buffet realmente era impecável, estava um sucesso. Todos os convidados compareceram, os
Quando o último se sentou, fiz sinal para que o garçom iniciasse a servir o jantar. Me sentei e fiquei observando a movimentação. A vadia da Vivian deu um jeito de se colocar entre o Tiago e meu sogro, como se quisesse me mandar um recado. Mas ela não esperava o que estava por vir. Levantei minha taça de champagne e a brindei. Ela pareceu incomodada com o gesto mas me deu um sorriso de deboche. A guerra está declarada! Só que havia apenas um vencedor e certamente não era ela.O jantar transcorreu calmamente. Todos estavam felizes e satisfeitos com a boa comida. Eu pouco comi, pois toda aquela história havia embrulhado meu estômago. Fiz cara de paisagem e escondi meus sentimentos tentando aproveitar a noite. Acabei bebendo um pouco mais do que gostaria. Aproveitei a sobremesa para colocar um pouco de glicose no sangue e isso ajudou um pouco a manter a sanidade. Eu não poderia falhar agora. Era chegado o momento crucial do meu plano. Percebi que todos estavam te
(...Montanhas para todos os lados. Isto era tudo o que eu via do topo de onde eu estava... Assim que olhei para baixo me dei conta de que estava no topo de uma colina na torre de um castelo...que raios de lugar era este? Olhei para cima, o céu estava azul, claro e quente. Devia ser verão.Apenas uma pequena brisa vinda do leste amenizava o calor. Cada vez mais eu tomava consciência de mim mesmo naquele lugar, as coisas se tornavam mais nítidas. Olhei em volta tentando descobrir algo que pudesse me dizer onde eu estava... Nada! Nada a não ser uma porta que mostrava o início de uma escada... Certamente ela me levaria para baixo e para dentro do castelo. O que teria lá? Seria seguro? De qualquer modo, era a única forma de sair dali... A não ser que eu voasse! Comecei a rir desse pensamento...logo parei, senti uma enorme fisgada nas costas.- Ai! - Gritei. - Aquilo estava doendo! Eram como alfinetes me espetando. Tentei alcançar o local com minhas mãos para