Said Moabit precisava desabafar com alguém e nada melhor do que se abrir com Arthur, que saberia guardar o seu segredo “a sete chaves”, pois era um assunto delicado, e precisava desabafar antes que enlouquecesse, Para tanto, ele foi ao cafezal, onde Arthur trabalhava. — Olá, amigo, como está? — Perguntou Arthur ao ver seu amigo Said Moabit se aproximar. — Vou indo! E você, trabalhando muito? — Sim, como sempre, mas o que te traz aqui? Está com cara de preocupação! Hoje não é o dia do seu casamento? — Nem sei se vai haver casamento! — Como assim, não haverá mais casamento? —Perguntou Arthur, espantado. — Olha, amigo, é uma longa história, mas preciso desabafar! Depois quero a sua opinião! — Está bem, vamos sentar e tomar um café, então você me conta o que aconteceu! Parece preocupante! O que houve a ponto de querer cancelar seu casamento? — É uma longa história! — Então, me conta, pois estou curioso! — Bom, ontem fui ao baile de despedida de solteiro e eu estava convicto de qu
O casamento foi um grande acontecimento. Vanda estava mais linda do que nunca, e feliz, embora seu sonho fosse se casar com Said Moabit mais por interesse e vaidade do que por amor. Quando viu Arthur sentiu um aperto no coração, pois desejava que ele estivesse no lugar de Said Moabit, mas naquele momento ela tinha que esquecer essa ideia, não podia se trair. Logo, estaria longe da cidade, e com certeza feliz ao lado de Said Moabit, e se esqueceria de Arthur, porque ele não tinha condições de dar a vida que ela sempre sonhou, e com Said Moabit estava realizando o seu sonho de princesa, estando ao lado do homem dos sonhos desde criança, pois ela sempre quis encontrar um homem rico, bonito e bem-sucedido. E Said Moabit se encaixava perfeitamente naquilo que ela desejou, embora seu coração estivesse amando outro homem. Os que estavam presentes ficaram encantados com a decoração e com o luxo, pois parecia o casamento de alguém famoso. Said Moabit estava bem elegante, mas para a surpres
— Bernardo? — Gritou Dionísio! — Sim, papai. Ele se chama Bernardo! — Onde ele mora? — Pai, não sei onde ele mora, nós apenas saímos para beber, ficamos uma vez e aconteceu! Não planejei isso, meu pai! — Aconteceu! Bom, como aconteceu não importa, quero saber onde ele mora e o que ele faz, queremos resolver isso de uma vez por todas, filha minha não fica como mãe solteira! — Mas pai! Eu não o amo, nem sei porque aconteceu, foi uma falha minha! — E o que nós, a sua família, temos a ver com a sua falha? Se falhou, vai ter que assumir suas responsabilidades, pois não fez o filho sozinha. Esse Bernardo vai ter que assumir essa criança, e assunto encerrado. Amanhã mesmo vamos em busca desse tal de Bernardo! Portanto, quero saber de que cidade ele veio? — Perguntou ele, deixando Andressa, mais uma vez, em um beco sem saída. — Pai, era à noite em uma festa, nem me lembro quando foi, só sei que aconteceu! — Não interessa como aconteceu, agora ele vai ter que assumir, filha minha não fi
O que ele pensaria de mim? Logo eu, uma moça recatada cheia de princípios, se envolver com um estranho que mal chegou à cidade” Sentia falta dele, amigo e companheiro de todas as horas, com quem podia desabafar, contar seus problemas e pedir conselhos. Mas agora ele estava casado com aquela antipática Vanda. E se perguntava: — Será que ele está feliz com ela? Sozinha teria que enfrentar os problemas de ser uma mãe solteira, ainda mais naquela cidade cheia de pessoas fofoqueiras que gostavam mais de cuidar da vida dos outros do que da própria vida. Ela sabia muito bem os preconceitos que estava prestes a enfrentar. E, como seria a vida do seu filho? Só de pensar tinha vontade de sumir. E, ir pra cidade grande sem ninguém saber, sumir pelo mundo afora para fugir daquela gente maldosa que gostava de cuidar da vida dos outros, como se ser mãe solteira fosse um dos piores pecados. Ela refletia: — Quantos casamentos infelizes e traições que havia na cidade? Então prefiro ser mãe solteir
Andressa, com a barriga enorme, sentia dificuldade até para caminhar, mas nada tirava o seu ânimo. Mesmo as pessoas lhe dirigindo um olhar atravessado, julgando-a por ser uma mulher sem marido que dependia dos pais para sobreviver, ela continuava feliz com a sua gravidez, pois tinha o carinho de toda a família, de seus amigos, principalmente de Eliana, sua melhor amiga, que se ofereceu para ser a madrinha de batismo do futuro herdeiro. Eliana, com o passar do tempo, descobriu que nunca amou Said Moabit como ela imaginava e, sim, o irmão de Andressa, que por sua vez, percebia as pessoas agindo com indiferença para com a sua irmã, pois toda vez que ela ia para a cidade, as pessoas a olhavam da cabeça aos pés, e cochichavam em tom de deboche e de discriminação por ela ser futura mãe solteira. Mas na opinião dela, essas pessoas tinham pensamentos pequenos. As mães que acompanhavam seus filhos tapavam os seus pequenos olhos, e falavam: — Não olhe para essa
Dionísio foi chamar Andressa, que sentiu seu coração bater mais forte ao saber que seu amigo Said Moabit finalmente “deu as caras” desde que se casou, pois eles nunca mais se falaram, e ela sentia saudades como nunca sentiu. E como ela gostaria que ele estivesse por perto, principalmente nessa hora, queria que Said Moabit fosse padrinho do seu filho, mas não era possível escolhê-lo, pois ele era casado com Vanda, a mulher de quem ela não gostava. Mesmo com as ideias a mil, ela foi atender o telefone com seu coração apertado, devido à vergonha pelo que fizera. Além disso, ela tinha que ocultar a sua história com Fernando Henrique, e afirmar que engravidou de um desconhecido chamado Bernardo. — Alô, Said? Como você está, meu amigo? Que saudade! — Estou bem, trabalhando muito e com saudades de você, bruxinha! Nunca me esqueci das nossas conversas. Sinto sua falta! — Said Moabit foi sincero e as lágrimas desciam do seu rosto, coisa que ele nunca fez, pois não era um homem de chorar. No
Nunca se esqueça disso! Quando fiquei sabendo da sua gravidez, me senti mal, não sei o porquê, mas fiquei até com ciúmes, então me dei conta de que você era apenas minha amiga e que isso não fazia sentido. Mas me incomodou, sim. Confesso que, até agora, não entendo. Até contratei um detetive para achar esse tal de Bernardo. Além disso, pretendo voltar para a nossa cidade. Andressa sentiu-se feliz ao ver seu amigo se preocupar com ela, e sabia que podia contar com ele para sempre, mesmo estando distante, mesmo ele tendo se tornado um homem rico e poderoso, mas que não se esqueceu das origens. Mesmo sendo casado. Sabia que o seu caráter nunca foi corrompido, sentiu-se orgulhosa tendo ele como amigo, e era devido a essas qualidades que ela o admirava, e de certa forma o amava sem saber, mas amava incondicionalmente. Estava feliz depois de ter falado com ele, sentia-se mais protegida, pois mesmo distante havia amizade verdadeira, a qual ninguém conseguia abalar. Naquele momento sentia
Mesmo carente, não gostava quando Said Moabit a tocava, porque vinha na sua mente a imagem de Arthur sem camisa, mostrando os músculos de um corpo bronzeado e pele queimada pelo sol, que a fazia lembrar de quando era solteira que, sem querer, ela o viu no cafezal e desde então nunca tirou aquela imagem da sua cabeça. E quando fazia amor com Said Moabit precisava imaginar que era o Arthur para sentir prazer. Por isso, sentia-se culpada e com remorso. Muitas vezes pensou em largar tudo e voltar para a casa dos seus pais e lutar pelo amor de Arthur, mas sabia que era impossível sabendo que ele apenas tinha olhos para Eliana. E seus pais jamais aceitariam de volta uma mulher separada. Em hipótese alguma. Além daquela atitude ser muito leviana. Ainda mais em uma cidade do interior e pequena que julgavam de forma feroz atitudes como aquelas. Então, não vendo saída, tinha que se conformar com a vida que escolheu. E também não teria coragem de abrir mão de tantas mordomias para ter que traba