Emily narrando… Os dias na casa de praia têm sido muito bons. O som do mar, o cheiro de sal no ar e o toque suave do vento na minha pele fazem tudo parecer mais leve, como se o mundo lá fora não existisse. Mas o que realmente tem me deixado confusa é o Theo. Ele é… diferente. Não de um jeito óbvio, mas nos detalhes. No jeito como ele me olha quando acha que eu não estou percebendo. No modo como ele sempre encontra uma desculpa para ficar por perto. No sorriso que ele tenta esconder quando eu digo algo bobo. — Emily, quer ajuda com isso? — a voz dele me trouxe de volta à realidade. Eu estava tentando acender a churrasqueira e, obviamente, falhando miseravelmente. — Ah, claro! Se você quiser salvar o almoço, acho que seria uma boa ideia — respondi, tentando soar descontraída. Ele riu, aquele riso baixo e rouco que fazia meu coração acelerar sem motivo algum. Enquanto ele ajeitava o carvão e riscava o fósforo com uma facilidade irritante, fiquei observando de lado. Theo sempre
Emily narrando… — Emily, podemos conversar— ele fala e sai em direção à praia. Sem pensar muito saio ao seu encontro. — Gabriel, o que… — Antes que você fale qualquer coisa, pode me falar quem é aquele cara que se acha seu dono? — Você está falando do Theo? — pergunto, parando de caminhar ao lado de Gabriel. O vento da praia bagunça meu cabelo, mas minha atenção está totalmente voltada para ele. — É, o Theo. Quem mais seria? Ele fica te olhando como se fosse o dono da sua vida. — Gabriel cruza os braços, os olhos fixos em mim, como se estivesse esperando que eu confessasse algo que nem eu sei. Solto um suspiro, tentando manter a calma. — Gabriel, o Theo está me ajudando com a administração da fazenda e das outras propriedades da minha família. Ele é primo da Emanuelle, sabia? Não tem nada além disso. Ele arqueia uma sobrancelha, claramente desconfiado. — E é só isso mesmo? Porque, sei lá, parece que vocês têm alguma coisa. Não é só ajuda profissional. — A voz dele soa c
Gabriel narrando… O beijo de Emily me pegou completamente de surpresa. Por um momento, fiquei congelado, sem saber como reagir. Mas assim que senti seus lábios nos meus, algo em mim se acendeu, como se uma chama que estava adormecida há muito tempo tivesse sido reacesa. Era como se todo o caos que nos envolvia desaparecesse, deixando apenas nós dois ali, naquele instante. Quando nos afastamos, minha mente estava um turbilhão. Tudo o que eu pensava parecia insignificante perto do que acabava de acontecer. Emily, com aquele olhar firme e, ao mesmo tempo, vulnerável, havia acabado de quebrar todas as barreiras que eu tinha construído ao nosso redor. E eu não podia deixar isso escapar. — Minha linda, vem comigo. — As palavras saíram antes mesmo que eu pudesse processá-las. — A lancha está atracada no cais. Fica comigo essa noite? Por um segundo, temi que ela fosse hesitar. Que todas as dúvidas e medos voltassem à tona. Mas, sem pensar duas vezes, ela deu um passo à frente e me env
Emily narrando... Acordei com a luz suave do sol entrando pela pequena janela da lancha, iluminando o espaço de forma quase mágico. Levei um instante para me situar, sentindo o balanço leve das ondas e o calor de um braço forte ao meu redor. Meu coração acelerou ao perceber onde estava e com quem estava. Gabriel. Virei a cabeça lentamente e o vi ainda dormindo. Seus traços relaxados ainda mais bonitos sob a luz da manhã. Seu peito subia e descia em um ritmo calmo, e sua respiração quente tocava levemente meu rosto. Por um momento, fiquei apenas observando, como se quisesse gravar cada detalhe daquela cena na memória. A noite anterior voltou à minha mente em um turbilhão de emoções. Cada toque, cada palavra, cada olhar. Foi como se, por algumas horas, o mundo lá fora tivesse desaparecido, deixando apenas nós dois. Meu rosto esquentou ao lembrar da intensidade do que compartilhamos, mas junto com a timidez veio um sentimento de plenitude, algo que nunca havia experimentado antes. Eu
Theo narrando… As férias na praia estava quase perfeita, a Emily e eu estávamos nos aproximando cada dia mais até que ele apareceu. O rapaz por quem ela é apaixonada e a magoou tantas vezes, minha vontade era partir a cara dele, mas me segurei. Agindo assim só iria conseguir me afastar da Emily. Capítulo - Decepções e Retornos As ondas quebravam na praia, mas o som já não era mais relaxante. Era como um eco distante, abafado pelos pensamentos que me atormentavam. A Emily tinha saído para conversar com o Gabriel. Eu sabia que isso não terminaria bem. Ele era o tipo de cara que dizia as coisas certas, mas nunca fazia nada certo. Estava sentado na varanda da casa de praia, olhando para o horizonte quando Manu apareceu, segurando dois copos de suco. Minha prima sempre tinha um jeito de perceber quando eu precisava de companhia. — Quer conversar? — ela perguntou, sentando ao meu lado. — Acho que não tem muito o que dizer, Manu. — Suspirei, aceitando o copo. — Ela foi atrás dele. —
Emily narrando… Estava sentada na varanda da casa da fazenda, observando o céu tingido de tons alaranjados pelo pôr do sol. Uma brisa leve balançava meus cabelos, e a cidade parecia respirar calmamente depois de um dia agitado. Meu coração, no entanto, não acompanhava aquele ritmo. Ele estava pesado, carregado de uma culpa que parecia insistir em ficar. Pensar no Theo sempre me trazia um misto de emoções. Ele era incrível, gentil, carinhoso, mas algo dentro de mim nunca pareceu se encaixar completamente. Mesmo assim, vê-lo magoado era uma dor que eu não sabia como suportar. Ele não merecia isso. Não merecia ser o alvo de uma confusão que era exclusivamente minha. Fui tirada dos meus pensamentos pela voz de Gabriel, que surgiu atrás de mim. Ele tinha um jeito único de me encontrar, como se soubesse exatamente onde eu estaria quando precisasse de alguém. — Oi, minha linda, te procurei por todo canto. Onde você estava? — Ele perguntou, se aproximando com aquele sorriso que sempre
Gabriel Narrando...Desde quando vi a Emily triste por ter magoado o Theodoro, venho me perguntando o que ela sente por mim? Não sei, talvez seja meu ciumes ditando as regras, ou até mesmo me mostrando a verdade. Depois de uma conversa bem esclarecedora vi o quanto fui idiota ao me deixar levar pelo meu, ciúmes. A Emily me ama, ela me escolheu para ser seu primeiro e só depende de mim ser o único.— Emily, sou um idiota mesmo, estou enlouquecido pelo ciúme, e fico envergonhado com minhas atitudes.— Ei não fala assim... Entendo o que você imaginou, mas entenda que não pretendo ficar com mais ninguém.Ela senta em meu colo colocando uma perna em cada lado e sua boca encontra a minha em um beijo diferente dos outros que trocamos, essa tinha algo diferente.Ela me beijava com uma intensidade que me fazia esquecer de tudo ao nosso redor. Não era só um beijo; era como se ela quisesse me mostrar tudo o que sentia, tudo o que estava guardado dentro dela. Meu coração disparava, e eu sentia o
Emily narrando… Acordei com os raios de sol invadindo o quarto, mas estranhamente, a cama estava fria ao meu lado. Estiquei o braço, ainda meio sonolenta, mas o espaço onde Gabriel deveria estar estava vazio. Senti uma pontada de ansiedade no peito, mas logo me levantei, puxando o robe para me cobrir. “Ele deve estar em algum lugar pela casa”, pensei, enquanto caminhava descalça pelo corredor. O cheiro de café fresco e algo doce no ar me guiou até a cozinha. Lá estava ele, de costas para mim, com o avental amarrado de forma desajeitada sobre a calça de moletom. Ele cantarolava baixinho uma música que eu não reconhecia, enquanto mexia em uma frigideira. A mesa já estava posta: frutas, pão fresco, geleias, e ao lado de uma jarra de suco, uma florzinha solitária num copo improvisado como vaso. — Bom dia, dorminhoca — ele disse, sem nem olhar para trás, como se tivesse sentido minha presença. — Bom dia — respondi, um sorriso bobo se espalhando pelo meu rosto. — O que é tudo isso? El