Enquanto discutiam animadamente, as pessoas foram sobressaltadas por uma voz que surgiu abruptamente, fazendo-as girar em reflexo condicionado, com a mão segurando o celular rapidamente escondida atrás do corpo.- Assistente Leandro.Embora Leandro não fosse severo, ele era um homem do Presidente Douglas, o que significava que representava o Presidente Douglas. E era de conhecimento geral que o Presidente Douglas não gostava que seus funcionários fofocassem na empresa, mesmo durante os intervalos.- Assistente Leandro, vamos ao departamento financeiro e emitiremos a multa nós mesmos. Que tal fazer vista grossa desta vez? Eu cliquei sem querer e acabei dando uma olhada.Leandro franzia a testa, persistente em sua indagação:- Qual era o nome daquele programa? Responda apenas o que eu perguntar, sem mais delongas.A secretária murmurou uma queixa em seu íntimo, mas respondeu:- "Habilidade artesanal."O documentário narrava sobre diversas indústrias de artesanato cultural, sendo o restau
Douglas abriu a porta com um movimento brusco, fazendo Natália e Pedro olharem na mesma direção.A silhueta do homem era alta e larga, parada no portal bloqueava a maior parte da luz do exterior, seus traços eram bonitos, mas afiados e duros, e o olhar que lançou a Natália era de uma frieza que poderia congelar alguém no lugar!Natália, surpresa, endireitou-se e perguntou com uma ruga entre as sobrancelhas:- Como você veio parar aqui?O tom impaciente dela, somado à expressão que não tentava esconder nada, era uma imagem vívida de desconforto.Pedro, por sua vez, manteve a calma e suspirou. Naquele instante, seu coração havia perdido o ritmo, batendo descontroladamente, e mesmo agora podia sentir o aroma suave e sutil que emanava dela, um perfume que despertava uma paixão envolvente e relutante.Ele engoliu em seco, com receio de que o som irregular de seu coração fosse percebido.Douglas, por anos no comando do Grupo Rocha e acostumado a julgar as pessoas, percebeu em apenas um olhar
No sábado seguinte, sem trabalho, Natália dormiu até as onze e ligou para Raquel para combinar um almoço.A ira que Douglas lhe causou na noite anterior ainda a asfixiava; de fato, precisava manter-se longe de homens desprezíveis para viver bem!Elas marcaram de ir a um restaurante francês, de um cliente de Raquel, que ela fazia questão de prestigiar.Diante da imponente entrada do restaurante, Raquel, cobrindo a carteira com a mão, exclamou:- Hoje vai ser um gasto e tanto, a comida aqui custa uma fortuna. Se não fosse para fazer a social, eu teria desviado meu caminho a cinquenta metros de distância.Natália riu levemente:- Sem o caro, como se compra antiguidades?- É verdade. - Raquel enlaçou seu braço. - Vamos, vou te mostrar como é o meu momento de esplendor gastando sem olhar a conta.O restaurante ostentava uma decoração de vidro panorâmico de 360 graus, permitindo uma visão clara do interior a partir do lado de fora. As duas mal haviam chegado à entrada quando pararam, pois Na
- Senhorita, o que você está fazendo? Não pode tocar nesta pintura sem intenção de comprar! - O segurança responsável pela área gritou alto. - Coloque a pintura de volta imediatamente, ou vou considerar que está tentando roubá-la!Natália foi arrancada de seus pensamentos pelo grito que ecoava pelo andar e percebeu que, sem saber como, havia retirado a pintura do gancho.Consciente de sua gafe, ela tentou controlar suas emoções misturadas, sua voz saiu rouca:- Desculpe, eu me empolguei demais. Vou comprar a pintura. Pode, por favor, contatar o vendedor para mim?O segurança, meio cético, ligou para o gerente.A pessoa encarregada chegou rapidamente, e ao saber que ela queria comprar a pintura, contatou o fornecedor da obra.Informado de que o vendedor também estava na exposição, o gerente falou:- Srta. Garcia, há uma compradora interessada na sua pintura. Seria possível encontrá-la para discutir o preço pessoalmente?Natália franzia o cenho, uma suspeita formando-se em sua mente.- G
Natália pensou que Douglas estava apenas tendo mais um de seus ataques e revirou os olhos, seguindo em frente sem dar atenção.O desejo de posse era uma fraqueza inerente aos homens, um instinto que não permitia que outros cobiçassem pessoas ou coisas que considevaram de seu domínio, muito menos permitir-se cobiçar o alheio.Ao compreender isso, mesmo que Douglas parecesse estar com ciúmes agora, Natália permaneceu imperturbável.No entanto, ela mal havia dado alguns passos quando seu braço foi agarrado.A força do homem era um pouco grande, e Natália sentiu seu pulso quase sendo esmagado por ele!Ela gritou de dor, a testa franzida em agonia, e até o tom de sua voz mudou:- Me solte.Douglas então pareceu voltar a si, aliviando um pouco a pressão em sua mão, mas sem soltá-la completamente.Seu rosto continuava frio, suas palavras econômicas:- Vamos.- Estou trabalhando...Mas Douglas não lhe deu o direito de recusar, arrastando-a para fora.- Cunhado! Minha irmã se casou contigo, e v
Natália olhou para ele, sem palavras:- Estamos prestes a nos divorciar, e eu deveria ligar para meu quase ex-marido para pedir ajuda? Você me acha louca?O que era mais importante era que Douglas, esse comerciante desonesto, jamais faria o papel de escudo humano gratuitamente. Mesmo que o fizesse, certamente arrancaria dela uma camada de pele.Ela definitivamente não queria acrescentar mais uma dívida aos trezentos milhões que já devia.Enquanto falavam, Douglas saía com o carro da vaga, fumando um cigarro e lançou um olhar de escárnio a Natália ao ouvir suas palavras.- Você não quer minha ajuda, mas pede a Isaac?Natália respirou fundo, sabendo que essa era a parte que ele não superava.- Douglas, nosso casamento foi um negócio desde o início. Um negócio é manter as aparências quando juntos e não se intrometer na vida do outro em privado. Quando o contrato acabar, não teremos mais nada a ver um com o outro.- E então?- Então... - Ela curvou os olhos, um sorriso desafiador e arrogan
Natália reagiu com um riso irônico à situação.- Muito bem, lembre-se de arranjar um cão de caça, pelo menos parecerá forte e robusto. - Ela pausou e adicionou com duplo sentido. - Mas, como as aparências enganam e isso é comum entre as pessoas, quem dirá entre os animais.A tensão na têmpora de Douglas parecia prestes a estourar. Com uma dor latejante na testa, ele falou com um tom agressivo:- Saia do carro.Natália estendeu as mãos.- Devolva meu celular.O olhar do homem baixou para a palma branca dela.- Você está preocupada com o celular ou com o homem que te liga?- Douglas, você vai morrer se não falar assim? - Natália estava indignada. - Você me tirou do centro cultural, nem tive tempo de pegar meu casaco, estou sem um centavo, e você quer que eu saia do carro? Você espera que eu ande de volta para casa daqui?O centro cultural era um pouco distante da cidade principal, ainda mais longe do bairro onde ela morava.A expressão de Douglas suavizou um pouco com a explicação dela,
Natália foi despertada de seu sono turvo por uma sequência urgente de batidas na porta, um som que ora parecia distante, ora próximo, indistinto entre as seis residências do andar.Ela abriu os olhos com dificuldade, a temperatura do corpo parecia ter aumentado ainda mais, até a respiração que caía sobre seu rosto era quente e seca, consumida pela exaustão e pela fraqueza, rapidamente sucumbindo de novo ao sono profundo.Do lado de fora, Douglas tinha batido por um bom tempo sem resposta, suas ligações também não foram atendidas, e se não fosse pelo som abafado da campainha do telefone, ele teria pensado que Natália não estava em casa.O homem franzia a testa com uma energia sombria que o fazia parecer ainda mais inacessível que o normal, ele ligou para Leandro:- Chame um chaveiro para os Apartamentos Seven. Bloco 3, apartamento 603.Meia hora depois, a porta foi aberta.Douglas não acendeu as luzes, caminhou diretamente para o quarto, seus passos rápidos transmitiam uma impressão qua