No quarto do hospital.Douglas jazia quieto ali, com a máquina emitindo ocasionalmente um leve som. Fora isso, não havia mais nenhum barulho.Seus pensamentos pareciam ainda estar naquele prédio residencial decadente.Viver ou morrer, ao jogar o isqueiro, não tinha certeza absoluta, mas sabia que essa era sua única chance de sobreviver.Explosivos fabricados ilegalmente, sequestro de reféns, captação ilegal de recursos, cada uma dessas acusações era suficiente para Tadeo ser condenado à morte, sem falar nas mortes de Genaro e dos guarda-costas. Embora não tenha sido ele quem agiu diretamente, também não podia se desvincular completamente.Tadeo queria arrastá-lo para a morte, quanto mais tempo passasse, pior seria.Eles estavam no terceiro andar, a casa tinha pouco mais de três metros de altura, uma queda dessa altura, a menos que fosse extremamente azarado, não seria fatal. Mas a casa tinha grades de proteção, a única chance de sobrevivência era uma janela no final do corredor usada p
Natália não conseguia entrar, só podia olhar através do vidro, também não ousava falar, todos estavam ocupados, ela temia que sua interferência pudesse atrasar o socorro médico.- Natália, o que você está fazendo aqui? - Era a voz de Isaac.Logo em seguida, uma silhueta se aproximou, ficando ao seu lado para olhar para dentro, observando os profissionais de saúde entrando e saindo, ele perguntou com a testa franzida:- O que aconteceu?- Não sei.Ao ver que era ele, Natália se sentiu mais relaxada, deu uma olhada para trás dele, vendo Lourenço que chegou tarde. Não sabia se era psicológico, embora sua expressão fosse a mesma de sempre, sem muita mudança, Natália sempre sentia que seu humor parecia estar muito melhor do que quando o viu anteriormente.Isaac confortou:- Ele vai resistir, não se preocupe. - Natália pensou que ele estava tentando confortá-la, forçou um sorriso e acenou com a cabeça, então ouviu Isaac continuar. - Ele é tão mesquinho, com certeza não quer te deixar para ou
Gustavo parecia estar provocando ela de propósito:- Se você quiser dormir na minha cama, também não me importo.- Acho que você está sonhando. - Raquel olhou para o rosto do homem, que estava muito próximo ao dela, sua voz diminuindo gradualmente. Um homem que podia trabalhar no tribunal e vencer todas as vezes, apenas com sua presença, poderia esmagá-la completamente.Raquel pressionou contra seu peito, empurrando ele para trás:- Dê um passo para trás.Quando ela estava sentada, tudo bem, mas assim que se levantou, a distância entre eles ficou tão próxima que parecia que iam se colar, ela nem ousava respirar fundo, com medo de soprar a respiração em seu rosto.Gustavo levantou uma sobrancelha.- Estar perto interfere na sua fala?- Sim, eu tenho medo de... - Sob seu olhar aterrorizante, a voz de Raquel ficou cada vez mais baixa, até que finalmente ela mudou seu tom para um de medo. - Eu tenho medo de ter mau hálito e incomodar você.Gustavo baixou a cabeça, se aproximando como se fo
Natália não disse nada, esperando que Douglas continuasse a falar, ela intuía que ele fazendo essa pergunta definitivamente não era com boas intenções.Douglas se virou de lado na cama, abrindo um espaço para Natália se deitar de lado.- Vem pra cá.As camas dos hospitais públicos tinham apenas um metro de largura, não dava para dizer que duas pessoas podiam deitar juntas, pessoas com a altura e as pernas de Douglas, ao se deitarem, praticamente não sobraria espaço, e além disso, este era um hospital, as enfermeiras podiam entrar a qualquer momento para verificar os quartos, se por acaso uma enfermeira os pegasse na cama, repreendendo ela por tomar a cama de um paciente, isso seria extremamente embaraçoso para ela.Por ter acabado de acordar, a voz do homem ainda estava muito rouca:- Você não está muito cansada?- Mesmo que eu esteja cansada, não posso dormir aqui...Assim que ela terminou de falar, a enfermeira abriu a porta e entrou diretamente.- Douglas, preciso medir sua temperat
Raquel ficava cada vez mais irritada conforme falava, sentindo que Gustavo era demasiadamente obstinado. Não importava o que ela dissesse, ele simplesmente não concordava em deixá-la ir. Embora ela tenha mostrado grande resistência, acabou falhando.Depois de um impasse, ela acabou dormindo no sofá do escritório dele durante a noite.Ela não estava confortável, então naturalmente não deixaria Gustavo confortável. Como o escritório não tinha uma sala de descanso separada, ela ocupou o único sofá de três lugares disponível, deixando o homem sem lugar para dormir, passando a noite revendo documentos.Raquel olhou para Gustavo, a satisfação em seus olhos era inegável, "Você tenta competir comigo, mas está destinado a perder."O homem ainda tinha aquela expressão impassível, exceto por um leve círculo azul ao redor de seus olhos, não dava para dizer que ele tinha passado a noite em claro. Ele estava falando com Douglas sobre o financiamento ilegal do Grupo Reyes, com um ar tão energizado, q
Ele precisava aproveitar que a Natália estava sentindo pena dele agora, para definir o relacionamento dos dois de uma vez por todas, evitando qualquer acidente no futuro. Mas algumas palavras só podiam ser ditas em um ambiente específico. Mudando o ambiente, ficaria difícil retomar o assunto. Natália se sentia muito desconfortável sob o olhar fixo de Douglas, e seus olhos, vagando sem rumo, pousaram justamente na cama do hospital ao lado, encontrando dois pares de olhos cheios de interesse.Era um quarto para duas pessoas, a paciente na cama ao lado era uma garota de dezesseis ou dezessete anos, acompanhada por outra garota da mesma idade, que também parecia bastante tímida. Ao serem descobertas ouvindo a conversa, imediatamente desviaram o olhar embaraçadas. Douglas se silenciou. Agora, definitivamente não havia como continuar a conversa. A expressão em seu rosto demonstrava claramente seu descontentamento, enquanto começava a olhar notícias no celular, descontando sua frustração nos
Natália, ao vê-lo com uma expressão séria, também ficou tensa. Ela colocou a tigela de lado e puxou a cortina que os separava:- O que houve? Sua perna está doendo?Douglas havia quebrado o osso da perna, sendo a fratura no perônio esquerdo particularmente grave, uma fratura cominutiva. Agora, estava engessado, e também tinha algumas costelas fissuradas.- Sim. - O homem respondeu.Natália tocou a perna dele, sentindo a dureza do gesso. Ela não era profissional e não sabia se essa dor era normal após a cirurgia.- Vou chamar um médico para ver isso...Ela estendeu a mão para alcançar a campainha na cabeceira da cama, mas antes que pudesse tocar, Douglas a puxou pela cintura. A palma da mão dele pressionava sua lombar, forçando ela gentilmente em sua direção.Natália, temendo não conseguir se sustentar e acabar caindo sobre ele, causando mais danos, se sentou ao lado da cama ao perceber a intenção de Douglas, seguindo a força de sua mão.O homem segurou a mão dela, mas apenas pelo puls
Natália olhou para ele, piscou os olhos. Douglas tinha sido levado ao quarto do hospital com tubos inseridos no dia anterior, e foi naquele dia que ela assinou os papéis para transferi-lo para um quarto normal. Durante esse tempo, ele esteve inconsciente, e depois que acordou, a enfermeira apenas veio para verificar sua temperatura e pressão sanguínea.Douglas também não havia mostrado nenhuma necessidade de ir ao banheiro, então ela não havia percebido isso.- Quando é que retiraram o cateter?Percebendo sua confusão, Douglas admitiu abertamente:- Enquanto você estava lá embaixo pegando nossa comida.Natália entendeu imediatamente.Marta não sabia desses detalhes específicos, apenas sabia que Douglas queria ir ao banheiro. Ela tinha perguntado sobre a condição dele na estação de enfermagem um pouco antes: concussão moderada, fraturas nas duas pernas, costelas quebradas, além de ferimentos internos leves. Só de ouvir, ela ficou assustada.Ela não tinha experiência em cuidar de pacient