Delegacia de polícia.Quatro pessoas sentavam-se divididas em duas "facções", de lados opostos de uma longa mesa de escritório, enquanto um policial no comando registrava suas declarações.- Quem começou a briga?Ele já havia assistido às gravações da cena e, agora, apenas seguia o procedimento padrão com perguntas formais.Todos tinham marcas de agressão nos rostos, especialmente Bianca, cujas bochechas exibiam inúmeros sinais de palmadas, vermelhos e inchaços, e seu cabelo estava tão desarrumado quanto um ninho de galinha.Se não fosse pela identidade, ninguém associaria ela a uma dançarina elegante de renome internacional.Lorena apontava para Raquel e dizia:- Foi ela quem esbarrou em alguém primeiro, policial. Vocês precisam prender essa extremista por dez ou oito anos. Se deixarem ela solta na sociedade, quem sabe quando ela ficará louca novamente!Raquel, com o queixo erguido, ria friamente em resposta:- O que eu fiz foi eliminar uma ameaça para o povo. Se estivéssemos na antig
A noite havia caído quando Natália pegou um táxi para o Jardim Gardênia. Ela pretendia resolver tudo por telefone com Douglas, mas por alguma razão. Não sabia se ele não ouviu ou se foi proposital. Ele não atendeu suas ligações.Ela não estava certa de que Douglas estaria lá; afinal, ele raramente voltava nos últimos anos. Durante os três anos de casamento, ela nunca conseguiu se integrar ao seu círculo social. Se queria encontrá-lo, a única opção era esperar por ele ali; não havia outra solução.Descendo do carro, Natália contemplou a mansão envolta na escuridão e hesitou antes de entrar.Ao abrir a porta com sua impressão digital, buscou o interruptor na parede e, com um toque, iluminou cada canto da sala de estar, revelando Douglas recostado no sofá, com a cabeça erguida, descansando.Com uma carranca, ele levantou a mão para proteger os olhos da luz e ordenou com um tom bastante desagradável:- Apague a luz.Natália não esperava encontrá-lo ali. Dada a grande angústia de Bianca naq
Douglas olhou para o rosto impassível de Natália, sentindo uma pontada de irritação entre as sobrancelhas. Ela tinha se tornado ousada demais, atrevendo-se a ameaçá-lo.No entanto, antes que ele pudesse falar, a mulher se virou e começou a caminhar para frente.No caixa automático, Natália se inclinou para retirar os itens do carrinho um por um e colocá-los na bancada, enquanto Douglas, mantendo a pose de um cavalheiro nobre, não mostrava o menor sinal de querer ajudar.Natália preferia não lidar com ele, afinal, não era um trabalho fisicamente cansativo. Ela apenas lançou um olhar em sua direção ao pagar, pegando-o com os olhos fixos nos preservativos ao lado.Ela falou com uma voz gélida:- Indecente.Douglas não tinha aquela intenção, pelo menos não naquele momento. Seu olhar havia simplesmente passado por lá por acaso.- Indecente? - O homem a encarou, um sorriso malicioso no rosto. - Se ter interesse nisso é ser indecente, então quem de nós é mais? Eu apenas dei uma olhada, enquan
Douglas franziu a testa.- Você está pensando demais. O Grupo Rocha está negociando um grande projeto e o responsável pela empresa valoriza bastante a harmonia familiar. Se eu me divorciar agora, terei que gastar mais tempo para garantir a parceria, o que é um incômodo para mim.Embora Natália tenha feito a pergunta apenas para provocá-lo, ao ouvir uma resposta tão pragmática, seu coração se apertou em desconforto.- Nosso casamento é um segredo, poucas pessoas sabem da nossa relação.- Mas não é como se ninguém soubesse. Se houver algum contratempo nisso, será uma grande perda.Enquanto conversavam, Douglas a carregou para o segundo andar. Do ângulo dela, apenas a linha da mandíbula firme e fria do homem era visível, assim como daquela vez na cama do hotel, distante, orgulhoso, intransigente.Entrando no quarto, ela foi recebida por um layout familiar.Para os estranhos, aqui era uma mansão luxuosa, inacessível mesmo para os ricos, mas para Natália era uma prisão que havia consumido q
Natália aguardou por um bom tempo sem ouvir resposta, olhando para a mesa com a pintura ainda pela metade sem restauração, ela disse impacientemente:- Afinal, o que foi? Se não falar, vou desligar.Douglas girou a frase "digitei errado" na ponta da língua, mas a impaciência óbvia na voz dela despertou sua irritação, e ele mudou de ideia no último momento, dizendo:- Venha me buscar no Clube Eros.Natália franziu a testa.- Você está brincando? Quer que eu vá te buscar?Não era a primeira vez que ela ia buscá-lo. Quando começou a trabalhar como sua assistente de vida, houve uma vez em que ele também havia bebido demais, justo quando ela ligou para perguntar quando ele voltaria.Naquele momento, foi Leandro que atendeu o telefone. Sabendo da relação entre os dois, ele lhe disse que o Presidente Douglas estava embriagado e pediu que ela fosse buscá-lo.Naquela época, Douglas tinha um desgosto evidente por ela. Com os olhos turvos pelo álcool, ao vê-la, ele explodiu em fúria, e até Leandr
Gotas de vinho escorriam pelo contorno afiado das sobrancelhas e maxilar de Douglas, descendo pela face. Quando antes o nobre sempre elegante e orgulhoso teve um momento tão desgrenhado?Seus lábios, normalmente belos, agora formavam um arco cortante, emanando uma autoridade silenciosa.Natália, entretanto, não se intimidava; erguendo o queixo com desdém, lançou-lhe um olhar desprezivo e se virou para partir.Lourenço não pôde deixar de suspirar; afinal, Natália era a única que ousava jogar vinho no rosto de Douglas!- Rezo para que a Srta. Natália corra rápido.Douglas lhe lançou um olhar de soslaio, notando que Lourenço estava impecável, sem ter sido atingido pelo incidente.Ele cortou friamente:- Rezo para que você seja mudo.Lourenço não ousou falar mais.Depois disso, Douglas não lhe deu mais atenção e seguiu diretamente na direção por onde Natália havia partido.O homem era alto e de passos longos, mas não apressava o andar, transmitindo a impressão de quem passeava tranquilamen
Natália ergueu a cabeça abruptamente, não com grande amplitude, mas as mãos de Douglas ainda estavam em sua cintura, captando naturalmente a rigidez do corpo dela.Isaac estava de pé, não muito longe, do lado de fora do carro, o olhar atravessando a janela entreaberta e pousando sobre ela.Ele vestia uma camisa casual e uma calça social, com uma figura impressionante que, mesmo parado à sombra tênue, era inegavelmente marcante.O pensamento de Natália ficou em branco por um momento, e instintivamente ela chamou pelo nome que sempre usava:- Isaac...Uma força brusca veio de sua cintura, ela quase gritou de dor, mas se conteve por haver uma terceira pessoa presente, engolindo o grito.Ela não estava certa se Isaac tinha visto Douglas no carro, a iluminação do estacionamento era escassa e, considerando a distância e o ângulo dele, provavelmente não tinha visto.Isaac deu um leve sorriso e caminhou em sua direção.- A princípio, achei o rosto conhecido, e não imaginava que era você.À med
- Se afaste. - A voz de Natália tremia, falando sem força. - Se você me incomodar de novo, eu vou postar nossa certidão de casamento na internet, para o mundo inteiro saber que Bianca é uma amante que destrói lares.Douglas ouviu a ameaça e apenas deu uma risada sarcástica:- Não foi você que pediu o divórcio primeiro?- Só fiz isso porque ela entrou no nosso casamento antes.O homem permaneceu impassível, com um tom indiferente:- Então pode esquecer o certificado de divórcio.Natália, que viu sua ameaça virar contra si, apenas odiava como aquele homem parecia ter nascido para atormentá-la. Desde que se uniram, ela não teve um dia de paz.Douglas segurou os dedos delicados da mulher, examinou-os e depois deu seu diagnóstico:- Não está quebrado.- Você provavelmente queria que estivesse quebrado.- Isso não, mas se você ousar pegar os trezentos milhões do Isaac, eu não só queria que estivesse quebrado; eu quebraria pessoalmente.Natália disse:- Louco!Ela o empurrou e desta vez Dougl