Thiago sabia o que Natália tinha visto, mas ele não tinha nem olhado uma vez sequer.- Não é nada, é só um pequeno ferimento, vou ficar bem depois de dois dias deitado.- O curativo no seu peito está todo ensopado de sangue e você diz que é só um pequeno ferimento?Natália se inclinou para tirar a coberta fina de Thiago e seus dedos mal tocaram a ponta do cobertor quando o homem segurou sua mão, dizendo com um pouco de resignação:- Não comece assim tão direta e se eu não estiver usando calças?A palma da mão dele estava ardendo, claramente não era uma temperatura normal. Natália puxou a mão de volta e em vez disso tocou a testa dele.- Você está com febre, faz quanto tempo que você não troca esse curativo?O sótão já era quente por si só, sem ar-condicionado, apenas um ventilador soprando.Não só uma pessoa ferida, mas até ela, que estava ali parada há alguns minutos, já não aguentava o calor.Thiago estava muito fraco e sem energia, tendo passado os últimos dias meio adormecido. Se n
- Vamos deixar assim por enquanto. - Natália não entrou em detalhes, a situação de Thiago não permitia.Ela observou sua dificuldade em falar, temendo que ele não resistisse e morresse no carro.Thiago, escondendo sua usual irreverência, disse:- Natália, você não tem confiança nesse relacionamento.Ela não estava segura de seu relacionamento com Douglas, por isso, ao falar dele, faltava o sentimento de pertencimento e posse.Natália hesitou ao desafivelar o cinto de segurança, evitando o assunto. Ela saiu do carro e abriu a porta do passageiro.- Quer que eu chame um segurança para te ajudar?Thiago tossiu fracamente e forçou um sorriso, brincando:- Melhor você anunciar na rua para que todos saibam que estou aqui.Natália revirou os olhos sem palavras.- Você está tão ferido e ainda brinca comigo. - Ela se inclinou para ajudar Thiago a sair do carro. - Se sente no sofá, vou arrumar um quarto no térreo, melhor não subir escadas nesse estado.Thiago parecia abalado, talvez pelo seu cor
Embora Natália não acreditasse, ao ouvir as palavras de Douglas, ela não pôde evitar a preocupação e o examinou de cima a baixo com o olhar.- Você se machucou?A expressão de Douglas não mostrava grandes emoções, mas havia um brilho de raiva em seus olhos.- Depois de um dia exaustivo de trabalho na empresa, chego em casa e vejo minha namorada alimentando outro homem. Você diria que isso é um ferimento grave?Natália não tinha o hábito estranho de usar outros homens para provocar seu namorado. Independentemente de ela e Douglas permanecerem juntos, ela não queria que mal-entendidos surgissem por causa disso.Ela se apressou em explicar:- O médico veio sem anestesia e ele só limpou o ferimento há pouco tempo. Ele está sem forças nas mãos...Thiago corroborou sua história:- Mal consigo levantar meu braço.Douglas olhou para ele.Após alguns segundos de silêncio, ele disse friamente:- Sua ferida não é da minha conta. Te dou meia hora para sair da minha casa.Dizendo isso, ele puxou Na
O som de uma xícara quebrando ecoou do quarto onde Thiago estava.Natália se virou e, sem responder a Douglas, correu para o quarto.O médico havia avisado antes de sair que, se a febre alta persistisse, Thiago deveria ser levado ao hospital.Douglas estendeu a mão para a segurar, mas Natália correu tão rápido que, quando ele levantou a mão, ela já estava fora do seu alcance.O olhar de Douglas a seguiu fixamente, pensando várias vezes em a puxar de volta à força e expulsar Thiago, mas a razão o deteve.Vendo a fraqueza de Thiago, Douglas sabia que, se ele realmente morresse, Natália ficaria para sempre preocupada.Douglas soltou uma risada sarcástica e seguiu em frente.A porta do quarto estava aberta. Thiago ainda estava sentado na cama, com os ombros caídos e os olhos semiabertos, exalando um ar de indolência.A comida estava espalhada pelo chão, a xícara quebrada, e o guarda-costas, parado ao lado da cama, olhava furiosamente para Thiago, respirando pesadamente.Thiago virou leveme
Natália certamente não obedeceria mansamente. Ela não apenas foi embora, mas também fechou a porta atrás de si. Considerando os preservativos na gaveta do criado-mudo do quarto principal, hoje ela não se preocuparia com essas trivialidades, Douglas e sua péssima técnica...Toda vez que ela se lembrava disso, só tinha uma sensação em mente: "Dor."Observando a mulher que corria mais rápido que um coelho, o rosto de Douglas escureceu completamente.Thiago levantou o queixo, sinalizando em direção à porta:- Não ficou claro o que ela quis dizer? Ela não quer voltar para o quarto principal.Douglas olhou para ele com desdém.- Se você está com ciúmes, diga logo. Táli agora é minha namorada, você acha que essas algemas vão impedir a gente de ficar juntos?Thiago estava claramente de bom humor.- Sim, estou com um pouco de ciúmes. Então, pelo bem da minha saúde mental e física, você dorme aqui esta noite.Douglas respondeu sem emoção:- Você está sonhando.Ele pegou o celular para ligar par
Hospital.Antes de subir, Natália comprou uma refeição em uma loja de conveniência no térreo.Os repórteres ainda estavam no quarto do hospital e não haviam saído.Quando Natália entrou, Dalia ficou olhando fixamente para a porta até ter certeza de que ela estava sozinha e então desviou o olhar.- Tally, não esperava que você viesse me ver tão tarde. Por que está sozinha? Este lugar é tão isolado e se algo perigoso acontecer?Essas palavras poderiam fazer com que alguém desinformado pensasse que elas eram amigas muito próximas.- Não, ele está estacionando lá embaixo. - Natália tirou a comida do saco plástico, um forte sentimento de barateza a invadia, obviamente comprada de forma apressada na loja de conveniência. - Você não disse que estava com fome? Eu trouxe o jantar para você, vem, me deixe te alimentar.Ela sorriu e estendeu uma colher de comida para os lábios de Dalia.A comida claramente não estava fresca e era difícil dizer quanto tempo havia sido preparada, parecendo muito in
No caminho de volta, Natália, sentou sozinha em um restaurante à beira da estrada e jantou. Na verdade, ela não tinha nenhuma curiosidade sobre quem era seu pai biológico, afinal, o pai que ela conhecia desde pequena era Rodrigo.Se, nos primeiros anos após a morte de sua mãe, ela tivesse descoberto sobre a existência de seu pai biológico, talvez tivesse esperanças, mas agora...Ela já havia passado da idade de necessitar desses laços emocionais.Mas talvez por causa das palavras de Dalia, naquele momento, o rosto de Elías surgiu inexplicavelmente em sua mente.Falando sinceramente, ela não achava que se parecia com ele, mas ela era parecida com a mãe, as pessoas ao seu redor sempre diziam que elas eram quase idênticas.Um brilho branco e ofuscante apareceu no céu azul-escuro, seguido de um trovão.Natália tinha medo de trovões quando era criança. Naquela época, com a mãe por perto, qualquer susto era intensificado ao máximo, porque sabia que, ao fazer manha, alguém a consolaria e a ac
O espaço era apertado e Natália era abraçada por Douglas, sentindo suas roupas úmidas ao toque, e o ar estava impregnado com o cheiro da chuva torrencial. Embora nada tivesse acontecido entre eles, uma tensão carregada de insinuações flutuava no ar, fazendo a temperatura no carro subir cada vez mais. Douglas afrouxou um pouco o abraço em volta da cintura de Natália, inclinou a cabeça e se aproximou para beijar seus lábios. Natália levantou a mão, a colocando entre eles, e o beijo de Douglas pousou na palma da sua mão. Ela virou a cabeça, indicando algo fora do carro.- A chuva parou. - Disse ela.Douglas ficou em silêncio.- Em casa, tem alguém gravemente ferido. Você brigou com ele antes de sair. Não teme que ele possa morrer até amanhã de manhã?Era claramente uma desculpa e bastante fraca. Havia guarda-costas em casa e um médico da família poderia cuidar dele. Mesmo que a condição dele piorasse, poderiam o levar ao hospital a tempo. Certamente não o deixariam morrer.Douglas a encar