Natália foi levada por Douglas até o sofá.- Se sente, vou passar remédio no seu braço.Ela ficou um pouco surpresa, aparentemente não esperava que ele a trouxesse ali só para cuidar de seu ferimento. Levantou os olhos e viu nos olhos escuros do homem um leve sorriso.- Você sabe que eu sou impotente, o que mais eu poderia fazer com você?Ele se ajoelhou no chão, pegando uma pequena caixa de medicamentos da gaveta ao lado.Douglas usou um cotonete embebido em antisséptico para limpar o ferimento dela.- Você foi intimidada?Natália não se sentia intimidada, mesmo que tivesse sido, ela tinha se vingado com sucesso, então, fosse o arranhão que Filipe lhe causou ou ser questionada na frente de tantas pessoas, ela não teve uma reação especial.Mas, no momento em que Douglas perguntou, a respiração de Natália parou por um segundo e um sentimento amargo subiu involuntariamente ao seu coração. Ela olhou fixamente para os cílios semibaixos e o nariz reto do homem, e depois de alguns segundos,
A voz dele tinha aquela preguiça característica do início da manhã. Natália, assustada com sua voz, rapidamente voltou a si e olhou ao redor, vendo a decoração familiar do quarto. Ela se sentou na cama, olhando rapidamente para as próprias roupas, ainda as mesmas de ontem, um pouco amassadas após uma noite de sono:- Como eu... - Ela começou a falar, mas parou ao se lembrar que parecia ter adormecido no sofá. - Que horas são?Ela jogou as cobertas para o lado e saiu da cama.- Por que você não me acordou?Natália hesitou em se levantar, lançando um olhar desconfiado para ele. Douglas também se sentou, seu torso nu e musculoso exposto ao ar, atraente e definido. - Eu te carreguei do sofá para a cama, você nem acordou com todo o movimento, então achei normal não te acordar.Ele pegou um relógio de pulso do criado-mudo.- São oito horas. Vamos nos atrasar para o trabalho.Natália nem se preocupou em discutir se ele deveria ou não tê-la acordado, se apressando para pegar roupas no guarda-
Natália sorriu e disse:- Eu nunca disse que perdoaria você ou algo do tipo. Apenas estava te lembrando do crime que cometeu.Ela franziu a testa e continuou:- Eu já denunciei isso à polícia ontem. Aguarde o contato deles. Qualquer consequência é merecida por você. Quando você expôs aquilo publicamente, não deixou espaço para mim.Ele não sabia o tipo de punição que ela enfrentaria se não conseguisse explicar?Ele sabia.Ele era mau.Se não fosse mau, mesmo que não gostasse dela, deveria ao menos perguntar a ela primeiro, esclarecer a verdade antes de tornar público.Natália não era tão magnânima a ponto de perdoar alguém que tentou prejudicá-la.Filipe só agora percebeu o perigo, mas sua forma de expressar o medo era com raiva. Quando as pessoas ficavam com raiva, perdiam a razão.- Natália, você ousa me enganar?O filho era seu ponto fraco. No calor do momento, ele esqueceu que estava na casa da família Rocha, esqueceu que Douglas estava lá dentro e que havia vários guarda-costas fo
A pessoa que ligou era Dalia, e o nome salvo tinha um certo tom de intimidade. Douglas, ao ver a nota "Dalia" mostrada no celular, apertou levemente os olhos. Natália, um pouco desconfortável com seu olhar direto, quis se virar para atender em outro lugar, mas antes que pudesse se mover, foi segurada pelo homem. Ele não disse nada, mas a mensagem era clara: "Atenda o telefone aqui mesmo."- Olá.A voz preocupada de Dalia soava do outro lado da linha, claramente sincera:- Natália, ouvi dizer que você teve um problema no museu ontem? Filipe está doente? Por que ele está te incomodando como um cachorro louco? Mesmo que você tenha danificado algo, isso deveria ser discutido em particular.Se não fosse por uma investigação prévia sobre a índole de Dalia, somada à tendência natural de Natália de ser cautelosa com emoções, a atitude de Dalia, sempre parecendo pensar nela, seria suficiente para baixar a guarda.Quando as pessoas estavam magoadas, elas se tornavam emocionalmente vulneráveis,
Raquel ainda balançava a cabeça, desta vez, suas emoções realmente se acalmaram.- Não é nada, só a falta de negócios, estou tão ociosa que fico aqui divagando.Ela olhou para Natália, piscando os olhos.- Falando de mim, você está com as bochechas rosadas desde cedo, não me diga que acabou de sair da cama de algum bonitão?Era apenas uma brincadeira entre amigas, algo comum no passado.Esperando que Natália a repreendesse, para sua surpresa, ela acenou com a cabeça e mencionou um nome chocante:- Douglas.- Vocês... - Raquel arregalou os olhos surpresa. - Vocês se reconciliaram?- Não.Isso era ainda mais chocante do que um possível reencontro entre Natália e Douglas.- Então você só fez amor com ele uma vez? - Raquel pensou na aparência de Douglas. - Bem, você saiu no prejuízo, ele não é um bom homem, mas é bem-apessoado e tem um físico invejável, até os astros de cinema não se comparam. Se ele for bom de cama, você deveria aproveitar mais vezes.Raquel gesticulou, continuando:- O q
Essas palavras carregavam um forte tom de advertência.Depois de falar, Dalia fingiu bater na própria boca.- Desculpe, falei demais. Tally, já que você se divorciou do Douglas, então as pessoas que gostamos certamente não são a mesma, certo?Natália ficou atônita ao ouvir o nome de Douglas saindo da boca de outra mulher, chamando-o com tanta intimidade, e não respondeu de imediato.Dalia tinha um rosto corado, como uma jovem inocente.- Falando nisso, eu e o Douglas também temos um destino compartilhado. Só recentemente descobri que ele foi estudar na nossa escola há quatro anos e era uma figura muito importante lá. Só é uma pena que naquele ano eu estivesse de licença médica em casa e perdi um ano inteiro. Se soubesse que nos encontraríamos hoje, teria perseguido ele naquela época e não teria desperdiçado quatro anos.Natália disse:- Naquela época ele tinha uma namorada. Se você tivesse ficado com ele, não teria perdido tempo, mas teria destruído o relacionamento de outra pessoa.Da
Grupo Rocha.Dalia saiu do elevador, carregando sua bolsa e caminhando com um rebolado exagerado. Antes que ela pudesse chegar à porta do escritório de Douglas, Leandro a interceptou:- Srta. Dalia, vou levá-la para a sala de recepção.Ela respondeu, claramente descontente:- Há convidados no escritório do Presidente Douglas?Ela já tinha visitado a família Rocha várias vezes. Exceto pela primeira vez com seu pai, ela nunca entrou no escritório de Douglas, sendo sempre conduzida à sala de recepção.Aquele espaço semiaberto, com paredes inteiras de vidro transparente, sem um pingo de privacidade, onde tudo o que faziam era claramente visível, não era propício para criar uma atmosfera íntima.Leandro respondeu:- Não, mas quando o Presidente Douglas tem reuniões com mulheres, geralmente é na sala de recepção. Sempre foi assim, por favor, entenda, Srta. Dalia.- Você disse "geralmente", então há exceções. Se elas podem ser exceções, por que eu não posso ser? Assistente Leandro, você está
- Impossível. - Assim que Douglas terminou de fazer a sugestão, Natália a rejeitou imediatamente, com emoção tão intensa que seu tom de voz subiu vários níveis.O homem, pressionando suas orelhas um pouco doloridas pela irritação, se endireitou.- Convidei você para morar comigo só para te proteger mais facilmente. A família León pode não ter tanto poder na Cidade K, mas ainda pode facilmente te prejudicar. E estamos apenas morando juntos, não no mesmo quarto. Por que essa reação tão exagerada? Além disso, mesmo que dividíssemos o quarto, eu sou impotente. Não poderia fazer nada a você, então não há o que temer.Ele falou de algo que, na visão de muitos homens, tocava na honra pessoal, mas sem qualquer sinal de vergonha.Natália não sabia se deveria admirar sua coragem ou criticar sua falta de pudor.- Estou bem no meu apartamento atual.- Aquele seu apartamento, onde Rodrigo poderia facilmente mandar alguém te sequestrar na entrada? Você acha que é seguro?Natália ficou em silêncio.-