Quando Natália entrou com o café da manhã no quarto do hospital, a atmosfera já estava tensa. Douglas e Thiago estavam com os rostos fechados, parecendo prestes a começar uma briga a qualquer segundo.Ela se perguntava, tendo saído apenas por meia hora, como eles haviam começado a discutir novamente?Sua chegada foi como uma pedra jogada em um lago tranquilo, rasgando a calmaria e criando ondas enormes.Douglas lançou um olhar frio para Natália e levantou-se da cama, caminhando em direção à porta.Ele ainda usava as mesmas roupas do dia anterior, que agora pareciam ter sido retiradas de um lixo, especialmente na gola, onde havia um machucado causado pelo tecido apertado.Ao passar por Natália, ele disse friamente:- Natália, vocês dois são bem íntimos, não é?Sua voz era baixa e coberta por uma camada espessa de frieza.Eles até discutiram sobre a função sexual dele; será que a próxima discussão seria sobre quem é mais forte?Natália estava confusa.No entanto, Douglas não tinha intenç
Ao entardecer, Lourenço tentou ligar para Douglas, mas sem sucesso. Perguntou a Leandro, que lhe disse que Douglas não havia ido à empresa. Lourenço sabia então que, com certeza, Natália o havia rejeitado novamente.Sem demora, dirigiu-se ao Jardim Gardênia. O empregado abriu-lhe a porta, dizendo respeitosamente:- Sr. Douglas está no escritório do segundo andar.Agradecendo, Lourenço subiu familiarmente.A porta do escritório estava destrancada. Ele bateu casualmente duas vezes. A voz fria de Douglas ecoou de dentro:- Não quero comer, pode descer.Lourenço ignorou se ele comeria ou não, e abriu a porta.A ação de entrar sem bater aumentou ainda mais o mau humor de Douglas. Ele estava prestes a explodir, mas ao ver que era Lourenço, conteve-se e perguntou:- O que você quer?Lourenço respondeu:- Vim trazer um presente.Douglas olhou para o saco plástico barato nas mãos de Lourenço, perguntando desinteressadamente:- O que é isso?Era a primeira vez que Lourenço trazia algo para sua c
Quando Natália foi lavar a carne fatiada, ela não esperava que houvesse óleo no chão. Seus chinelos, aparentemente não tão antiderrapantes, a traíram, e ela caiu. Antes de cair, ela também derrubou as louças sobre a bancada, espalhando-as pelo chão.Isaac rapidamente se aproximou para ajudá-la, mas, com as pernas dormentes, não só falhou em segurar Natália como também caiu, conseguindo apenas amortecer a queda dela com seu próprio corpo. Embora Isaac tenha amortecido a queda, seu corpo, forjado por anos de treino, era tenso e sólido, pouco mais macio que o chão.Natália, atordoada e confusa, mal conseguia discernir o que estava acontecendo. Ela nem percebeu que seu rosto estava apoiado no abdômen de Isaac, e muito menos que uma multidão curiosa se acumulava na porta da cozinha. Com uma leve dor de cabeça, ela tentou se recuperar do atordoamento com pequenos movimentos de cabeça, que mais pareciam carícias no abdômen de Isaac.Deitado, Isaac, com uma mão ainda apoiando a cintura de Natá
Isaac definitivamente não permitiria que Douglas lhe aplicasse o remédio. Com a relação deles agora como inimigos, ele temia que o que era apenas um arranhão se tornasse um motivo para ir ao hospital após o tratamento.Mas Douglas também não deixaria Natália aplicar o remédio em Isaac.Os olhos de ambos escondiam uma luz sombria, mas ainda assim, sentavam-se lá com dignidade e elegância.Natália, fingindo não notar a hostilidade entre eles, terminou de comer e ajudou a mãe dele a arrumar a louça antes de se despedir:- Tia, tenho que trabalhar esta tarde, vou indo.Como ela estava trabalhando no museu, estava ocupada lidando com as consequências, tentando restaurar completamente os artefatos que já estava consertando.- Trabalhando no fim de semana, você realmente se esforça.Natália não respondeu.Douglas se levantou e disse:- Eu te levo.Ele veio aqui por causa de Natália, e agora que ela estava indo embora, ele também não tinha mais razão para ficar.Isaac se levantou, bloqueando s
Natália ainda não tinha falado quando a outra pessoa começou a gritar emocionada:- Você é cega? Você tem ideia de como é difícil conseguir este vestido que estou usando? Se você sujá-lo, não vai conseguir pagar o prejuízo.A voz era estranhamente familiar; parecia ser Gabriela.Ao levantar a cabeça, era realmente ela.Vestia um elegante vestido de cauda de sereia preto, mas, como não tinha quadris suficientemente arredondados, o vestido não lhe caía bem.Ela olhava para Natália com desprezo, cruzando os braços, e apesar de ser mais baixa, tentava olhar para ela de cima.- Então você é a ex-esposa do Presidente Douglas, né? Como uma pessoa comum, sem status ou antecedentes familiares, conseguiu entrar em um evento como este? Não me diga que fisgou outro homem?Natália estava ali com um convite do Sr. José, apenas para cumprir o protocolo, e não queria discutir com a tola Gabriela, respondendo sarcasticamente:- Douglas não gosta de mulheres com uma língua afiada, nem de comportamentos
Natália levantou sua outra mão, a não ferida, e pressionou a testa, parecendo ter atingido seu limite de tolerância e prestes a desmoronar.- Sim, então para eles não te machucarem mais, fique longe de mim.Douglas respondeu:- Isso é o que você quer, não é? Gabriela e seu azar são apenas suas desculpas, você só quer que eu fique longe de você.Natália, irritada, e sem se importar mais com a dor, fechou a água e virou-se para sair.O garçom estava chegando com a pomada para queimaduras. Natália nem olhou e saiu direto.Douglas pegou a pomada, tirou dinheiro da carteira e entregou para ele.No salão, Gabriela já havia ido embora e o balcão de bebidas derrubado estava arrumado.Natália caminhava rapidamente e, ao chegar à porta, o vento frio a atingiu, fazendo-a lembrar que não pegou seu casaco. Ela hesitou por um momento, pensando se voltaria para buscá-lo ou iria direto para o carro.Nesse breve momento, Douglas a seguiu e, apesar de sua resistência, a colocou no carro.Ele disse um en
Natália suportava três olhares distintos, e um pouco constrangida, falou:- Está bem.Parecia que o assunto havia se encerrado, pois ninguém mais falava, até Gabriela parou de chorar.Ela estava prestes a se levantar para sair quando Douglas apertou sua mão, mantendo-a firmemente no lugar.O pai de Gabriela, com os dentes cerrados e as veias da testa salientes, gritou para os empregados na cozinha:- Tragam um copo de água quente.Gabriela olhava temerosamente para o pai, cujos olhos ardiam de raiva, e perguntou cautelosamente:- Pai, o que você vai fazer?Ela, subconscientemente, sabia que a água quente não era para ela, afinal, seu pai a amava tanto que quase não podia suportar vê-la se machucar, mas ainda assim temia diante de seu rosto tenso e mandíbulas trincadas.Os empregados, pensando que o Sr. António queria beber, apressaram-se em servir um copo.A água estava recém-fervida, com um nevoeiro branco subindo vagarosamente.O Sr. António bateu na mesa e, com a voz contida, disse:
Nos dias seguintes, Douglas não procurou Raquel como ela havia imaginado. Até o assunto da dívida de 1.2 bilhão de reais foi ela quem mencionou. Quanto a ele, parecia ter desaparecido do mundo.Após o divórcio, o contato entre eles cessou. Ninguém mencionava ele na frente de Natália, e ela só ouvia sobre ele ocasionalmente nas notícias financeiras, sem nunca vê-lo. Durante esse período, Douglas se tornou quase uma lenda em seu mundo.Quando Natália estava quase esquecendo o assunto, recebeu uma mensagem de texto de Douglas: "Que horas você sai do trabalho?"Natália olhou e não respondeu. Estava ocupada discutindo detalhes de proporção com o arquiteto do museu."Estou te esperando no prédio do Grupo Ramos, tenho algo para te dizer, Natália..."O celular de Natália não parava de tocar, e o arquiteto com quem ela estava trabalhando colocou seu notebook de lado.- Talvez você deva responder, ele está mandando mensagens incessantemente. Deve ser algo urgente.- Desculpe. - Ela pegou o celul