O pé de Natália freou bruscamente ao parar o carro. O funcionário da floricultura, segurando um buquê, notou sua chegada. De forma quase cômica, ele puxou o celular do bolso e comparou-a com a foto no visor. Confirmado que era o carro dela, começou a caminhar em sua direção.Naquele momento, os funcionários do Estúdio Azaleia estavam aglomerados na entrada, curiosos. Quando chegaram, o homem já estava lá, segurando um buquê enorme, impossível não notá-lo.O carro de Natália havia entrado no estacionamento do Estúdio Azaleia e, sob tantos olhares, ela não podia simplesmente ir embora sem mais nem menos. Isso só faria parecer mais suspeito e não resolveria nada. Então, ela apenas assistiu o homem se aproximar.- Desculpe, a senhora é a Sra. Rocha?Sua voz era tão alta que Natália podia ouvi-lo claramente, mesmo com os vidros fechados. Após um momento de silêncio, ela estacionou o carro e saiu.- Sr. Douglas mandou essas flores para a senhora. Por favor, assine aqui para recebê-las.Assim
Neste momento, Natália estava saindo com alguns colegas, que agora lhe lançavam sorrisos maliciosos.Depois de um dia inteiro sendo alvo de brincadeiras, ela já conseguia encarar o olhar das pessoas com naturalidade. Quando Viviane passou ao seu lado, inclinou-se e sussurrou:- Tally, você não cobriu a marca de beijo atrás da sua orelha.Natália, uma mulher que nunca namorou e foi direto para um casamento, onde permaneceu sozinha por três anos, mesmo com toda sua compostura, não conseguia lidar tranquilamente com tal constrangimento. Ela rapidamente cobriu a orelha com a mão, bloqueando o olhar de Viviane.- Não adianta esconder, todos já viram.Natália havia se olhado no espelho pela manhã, cobrindo as marcas no pescoço com corretivo, vestindo uma blusa de gola alta e enrolando um cachecol, até seu cabelo habitualmente preso estava solto. Apesar de todas essas precauções, ainda assim não conseguiu esconder tudo.Viviane, sempre alegre e destemida, vendo o rosto de Natália corar, cumpr
Ao ver Bianca aparecer na porta, e associando às palavras de Natália, não era difícil adivinhar a causalidade.Douglas estreitou os olhos, com uma frieza intensa e indiferença extrema.Ele não demonstrou raiva, mas sua fúria era palpável, apertando a mão de Natália cada vez mais forte, quase violentamente:- Foi você quem a chamou aqui?A dor intensa se espalhou do braço de Natália por todo o corpo, e ela não pôde evitar um grito, mas antes que pudesse se soltar, Douglas já havia soltado sua mão.Ele abaixou a cabeça, olhando para o pulso avermelhado da mulher.- Desculpe, eu não me controlei.Embora Douglas estivesse educado e até se desculpasse por machucá-la, o que soou mais sincero do que a desculpa apática na porta do Estúdio Azaleia, Natália inconscientemente se afastou dele.A atitude dele parecia a de um psicopata de série de TV, especialmente se ele usasse óculos com armação dourada.- Já que foi você quem a trouxe, então cuide para que ela vá embora.Natália chamou Bianca, pr
A questão do programa de variedades, Sr. Dario já havia mencionado ao Sr. Borges havia meio mês. Naquela época, Natália não estava no Estúdio Azaleia e, como Sr. Borges sabia que ela tinha o hábito de não mostrar o rosto, ele prontamente recusou a oferta em seu nome.No último documentário, Natália apareceu apenas suas mãos, e, ao lado do atraente Pedro, despertou a curiosidade dos internautas sobre sua aparência, levando um documentário tão obscuro a alcançar as notícias mais vistas.Quando Natália recebeu a ligação do Sr. Borges, informando que ela havia aceitado participar, o outro lado ficou extremamente feliz, informando-a que as filmagens seriam na semana seguinte.Não sendo celebridades, o que eles menos tinham eram compromissos.No dia anterior ao início das filmagens, Natália recebeu da produção do programa a programação e a lista de participantes. Embora não conhecesse ninguém, ainda assim era necessário cumprir com os formalismos.Ela não estava lá para gravar o programa, ma
Douglas estava franzindo a testa, olhando para os documentos em suas mãos.- Qual identidade?- Ela é a Tally. - Temendo que ele não entendesse, Bianca enfatizou. - A pessoa que restaurou a pintura antiga para mim.Ela queria usar aquela pintura para agradar Marta e surpreender Douglas, por isso não mencionou nada antes, mas o incidente que ocorreu na festa de aniversário trouxe Tally à tona."Tally?"Douglas, folheando os documentos, parou com os dedos, desviando o olhar dos papéis e demorou para responder.Ouvindo sua resposta tão calma, Bianca prendeu a respiração, incrédula:- Você já sabia?Douglas ficou em silêncio.- Não sabia.Ele tinha ouvido alguém chamado Pedro se referir a Natália como "Tally", mas na época ele apenas pensou que fosse um apelido, e como não se importava muito com o assunto, não deu muita atenção.Agora, diante do questionamento de Bianca, ele não ofereceu explicação nem achou necessário.Bianca elevou a voz:- O que ela me enganou, você também sabe? Ou você
Ao ver a atitude de Douglas e ouvir seu tom de voz sarcástico, Natália percebeu que ele já sabia de tudo. Naquela manhã, Bianca não conseguiu o que queria dela e saiu. Minutos depois, voltou com o semblante mais leve. À tarde, Douglas apareceu, suas palavras carregadas de humilhação. Estava claro que ele veio vingar a amada.Depois de um dia exaustivo, comandada como um fantoche, Natália mal teve tempo para descansar e já precisava lidar com esse homem e seus problemas. Ela colocou o celular na mesa, produzindo um som agudo. Cruzou os braços e reclinou-se na cadeira, questionando diretamente:- Bianca quer o quê? Reaver o dinheiro? Impossível.Douglas tinha um olhar sombrio.- Vim falar sobre o assunto da Tally, não misture outras pessoas nisso.- Outras pessoas? Bianca te ligou esta manhã, não foi? Veio me denunciar? Você chega já com esse ar sarcástico, sugerindo que eu compense com o corpo, só para me humilhar em nome dela?- Se ela pôde reclamar comigo, significa que você realmente
Ela realmente não esperava que, assistindo a uma briga, Marta pudesse associar a situação a ela.- Não é...- Não me engane, se aquele moleque realmente te forçou a comer isso, eu não vou deixá-lo em paz!Marta estava muito séria, parecendo estar pronta para ir atrás de Douglas com uma faca, se Natália desse apenas um sinal.Natália balançou a cabeça, sem jeito.- Não é isso, mãe. Ele não me forçou a tomar remédio. Embora estejamos casados há três anos, ele nunca me tocou.Desde que ela e Marta esclareceram que estavam se divorciando, Natália parou de esconder a verdade.- O quê? - Marta ficou chocada e arregalou os olhos. - Vocês não dormiram juntos depois do casamento?Sendo sogra e nora, havia uma diferença de geração entre elas, e ela realmente não se sentia confortável em perguntar diretamente.- Douglas, ele... Ele não consegue? Da última vez, eu consigo mais remédio para você? Talvez com mais remédio, possa funcionar!Agora foi a vez de Natália se sentir embaraçada. Ela realment
Essa era uma pergunta difícil, para a qual qualquer resposta seria errada.Felizmente, Douglas já não se importava mais com essas coisas e, percebendo que Natália não queria discutir esse assunto, ele não insistiu.Ele fechou a porta do carro e contornou o veículo até chegar ao assento do motorista.O ambiente dentro do carro estava visivelmente estranho. O homem olhava friamente para a frente, com uma expressão altiva, enquanto Natália permanecia em silêncio, evitando dizer mais alguma coisa que pudesse irritá-lo.Ela acabara de tomar um café na Mansão da família Rocha e agora sentia um pouco de sede. Pegou uma garrafa de água mineral ainda lacrada do compartimento ao lado para beber. Estava prestes a abri-la quando percebeu o olhar de Douglas em sua direção.Natália hesitou, ergueu a garrafa de água nas mãos e virou-se para perguntar:- Você quer beber?Douglas respondeu com um som, mas não expressou claramente o que pensava.Natália rolou os olhos para ele sem cerimônia, abriu a gar