Camilly Paiva. Estou no hotel enquanto o Lucas foi até a empresa resolver as pendências para que possamos voltar o quanto antes. Tento me distrair, mas é impossível. Minha mente é um turbilhão de pensamentos, de medos, de incertezas. Fico a me perguntar: como será nossa vida agora? Se estamos finalmente juntos, por que ainda sinto essa inquietação no peito? Talvez seja o peso das cicatrizes do passado, as sombras que insistem em pairar sobre nós. Olho pela janela, vendo a movimentação das ruas de Paris lá embaixo. Esta cidade, que já foi cenário de tantos sonhos, agora parece carregar uma nuvem de ansiedade sobre mim. Lucas e eu passamos por tanto para estar juntos, mas o caminho ainda parece tortuoso, cheio de obstáculos invisíveis. Marcelle é uma dessas barreiras, uma presença que não consigo ignorar, mesmo quando ela não está por perto. O encontro de ontem ainda reverbera em mim. A maneira como Marcelle me olhou, como se eu fosse a culpada por todas as dores dela, me faz que
Lucas Andrade Chego no hotel e sou surpreendido pela Camilly, ela está mais confiante e depois que falei que já estamos prontos para voltarmos ela simplesmente me fala para encaramos essa viagem como uma lua de mel. Quando Camilly sugere que encaremos essa viagem como uma lua de mel, sinto uma onda de felicidade me invadir. O tom de voz dela, a confiança nos olhos, é algo que não via há tempos, e isso me enche de esperança. Aproximo-me dela, sentindo o calor de sua presença, e deixo que um sorriso se espalhe pelo meu rosto. — Uma lua de mel, hein? — digo, brincando enquanto a puxo suavemente para mais perto. — Nunca pensei que ouviria isso de você, aqui, em Paris. Parece que as coisas estão finalmente tomando o rumo certo. Ela sorri, aquele sorriso que sempre consegue me desarmar, e eu percebo que por trás dessa confiança recém-descoberta, ainda há uma leveza que ela não demonstrava antes. É como se um peso tivesse sido tirado dos ombros dela, e isso me faz amá-la ainda mais
Camilly Paiva Passeamos pelas ruas de Paris, de mãos dadas curtindo cada momento de romance como um casal que iniciou seu relacionamento, esquecendo todas as dificuldades que nos encontramos no último ano. O romance que sentimos ao passear pelas ruas de Paris ainda paira no ar quando chegamos ao hotel. Tudo parecia tão perfeito, como se estivéssemos em nosso próprio mundo, onde nada mais importava além de nós dois. Entramos no quarto, e o que vejo me deixa sem palavras. O ambiente estava envolto em uma luz suave, vinda de velas estrategicamente posicionadas. Flores estavam espalhadas por toda parte, em buquês delicados sobre as mesas e até mesmo pétalas de rosas enfeitando a cama. O perfume no ar era doce, e a atmosfera era de puro romance. — Lucas, — murmuro, minha voz embargada pela emoção. — Isso é... lindo. Quando você fez tudo isso? Ele sorri, aquele sorriso que sempre me faz derreter, e me puxa suavemente para mais perto. — Queria fazer algo especial para você, para
Lucas Andrade Chegar à Flórida, ao calor familiar e às ruas conhecidas, trazia um misto de sentimentos. Dessa vez, ao pisar no solo quente, sentia uma responsabilidade diferente, um peso que, paradoxalmente, me preenchia de uma satisfação profunda. Ser o provedor de uma família, algo que nunca havia experimentado de fato, me dava uma sensação de propósito e direção. Era como se todos os caminhos que eu havia percorrido até agora, por mais tortuosos que fossem, me tivessem levado a este exato momento. Com Marisa, nos dias de faculdade, éramos apenas dois jovens tentando encontrar nosso lugar no mundo. Não havia o peso de sustentar uma casa ou criar um filho. Era uma relação simples, sem as camadas que a vida adulta traz. E com Marcelle, bom, nem mesmo chegamos a compartilhar uma cama. O casamento, se é que poderia chamar assim, foi uma formalidade vazia, sem a conexão real que faz de uma união algo mais do que apenas um contrato. Dormíamos em quartos separados, vivíamos vidas separa
**Camilly Paiva** Quando chegamos à Flórida, meu coração estava em festa. Sabrina estava lá no aeroporto, nos esperando com um sorriso radiante, e quando vi Benício correndo ainda bambo na minha direção, quase não aguentei de tanta saudade. A sensação de tê-lo nos meus braços novamente era indescritível. Lucas olhava para nós dois com um sorriso terno, como se aquele momento fosse a concretização de um sonho que ele tinha guardado por tanto tempo. Assim que chegamos à casa do tio Augusto e da tia Joana, o clima de festa se intensificou. Eles nos receberam com tanto carinho que meu coração se aqueceu ainda mais. Não posso negar que senti falta dos meus pais, mas saber que eles estariam conosco mais tarde trouxe uma sensação de paz. Mal tive tempo de descansar, porque assim que chegamos, tio Augusto chamou Lucas para o escritório. Eu sabia que eles precisavam conversar sobre a transferência da empresa, mas confesso que meu coração apertou um pouco ao vê-lo se afastar. Enquanto
Camilly Paiva Estou sentada na sala da casa que frequentei muito tempo como apenas uma amiga da Sabrina, e hoje tudo mudou não sei se o Lucas vai continuar morando aqui ou se vamos encontrar um lugar nosso. Saio dos meus pensamentos com a Sabrina me chamando. — Milly, queria conversar com você em particular — ela fala e sinto sua voz um pouco triste. — Claro Sá, vamos para seu quarto lá é o melhor lugar para que não possamos ser interrompidas. Assim que temos a certeza que. estamos sozinhas ela fala: — Você viu o Vinny, lá em Paris, ele estava com alguém? Fico em silêncio por um momento, tentando absorver a pergunta de Sabrina. Ela sempre foi segura de si e de suas relações, especialmente com Vinny, então essa curiosidade repentina me pega de surpresa. — Vi sim, Sá. — respondo, um pouco cautelosa. — Por que está perguntando isso agora? Sabrina olha para mim, mordendo o lábio inferior, e percebo a tensão em seus olhos. Ela desvia o olhar antes de responder, o que só
Lucas Andrade Sinto a Camilly um pouco calada durante o jantar, não consigo entender o porquê dela está assim, pouco tempo depois vejo a Sabrina chorando na varanda e me aproximo. — Sá, aconteceu algo? — pergunto. Ela não responde nada apenas me abraça e chora. — Maninha, por que você está chorando? Me deixa te ajudar. — O Vinny, desde que ele foi embora, não me atende mais, acho que acabou. Comecei a rir, pois o idiota do meu amigo/ cunhado está vendendo tudo na França para vir morar aqui. Me vi em um dilema quando percebi que, por mais que quisesse consolar a Sabrina, a situação era quase cômica. O Vinny estava se empenhando tanto em fazer uma surpresa que acabou deixando a Sá num estado de nervos que eu não via há tempos. Com um sorriso no rosto, segurei o choro dela e disse: — Você tá chorando por causa do Vinny? Acha mesmo que ele ia sumir assim, sem mais nem menos? Sabrina se afastou um pouco, me olhando com os olhos vermelhos, mas atentos. — Ele não ate
Camilly Paiva O Lucas não deixou que eu fosse dar apoio a Sabrina durante a noite, entretanto ele me falou que o Vinny está resolvendo tudo para vir embora. Mas tem o outro problema, que vou ter certeza hoje com a Sabrina. Não desejo para a Sá o que passei. Passar por todo processo da gestação sem o pai da criança está ao seu lado é tenso. Levanto da cama logo cedo, faço minhas higienes e quando estou me trocando no closet. O Lucas chega me abraçando por trás. — Para onde minha mulher, pensa que vai? — Eu vou sair com a Sabrina, precisamos ir ao médico — respondo com a voz calma, tentando não alarmá-lo. Lucas vira meu corpo de frente para ele, seus olhos claros carregados de preocupação. — Você está doente, amor? Quer que vá com você? — A pergunta vem carregada de aflição, o que faz meu coração aquecer. Sorrio, levando uma das mãos ao seu rosto para acariciar suavemente. — Não é nada sério, meu bem. Só uma consulta de rotina. Vou com a Sá para dar apoio a ela tam