Adrian…O dia transcorreu de forma surpreendentemente veloz e, antes que eu pudesse me dar conta, já se fazia hora de regressar para casa. Felizmente, liguei para Maureen e solicitei que preparasse o prato predileto de Ashley, pois ela se mostrava entusiasmada com a perspectiva de reencontrar Ash – um verdadeiro sonho que se realizava. Estava prestes a sair do escritório quando Harry adentrou o recinto e, num tom casual, indagou:— A caminho de casa?— Sim, vamos jantar com Ash e a amiga dela. Liguei para você hoje, mas a ligação foi encaminhada diretamente para a caixa postal.Eu desejava que todos estivessem presentes nessa noite, embora ainda precisasse comunicar aos pais dela sobre Ash – algo que deveria ser feito antes que a notícia se espalhasse e se transformasse em manchete.— Parece ótimo. Você já ligou para os pais dela? — Não, ainda não sei como transmitir essa novidade a eles. Você se recorda de como Isabella reagiu quando Ashley faleceu; estava pensando em convidá-los pa
Isabella…Fiquei apreensiva quando o portão nos comunicou que Adrian e Harry estavam aqui; não revelei nossa presença – havíamos planejado surpreendê-los somente amanhã. Olhei para meu marido e perguntei:— Você informou a eles que estamos aqui?— Não, querida. Você me instruiu a manter o silêncio.Peter, inquestionavelmente íntegro, confirmava que somente aqueles dois idiotas que tanto repreendo e, simultaneamente, chamo de meus filhos, poderiam estar presentes. Eu detestava estar em Nova York, pois era o lugar onde perdi minha filha.— Vamos aguardar para que eles nos esclareçam os motivos de estarem aqui. Talvez estejamos reagindo de forma exacerbada.Ergui uma sobrancelha ao olhar para meu marido e acrescentei:— Ah, é? Da última vez que estiveram aqui, vieram nos dizer que Ash estava no hospital.Peter não teve tempo de replicar quando Adrian e Harry pararam em frente a nós. Conduzi-os até a sala de estar e, ao mesmo tempo em que percebia uma atmosfera carregada de tensão, não co
Ashley…Estávamos na casa do Adrian, onde ele me apresentou aos dois filhos mais adoráveis, e, de maneira inexplicável, parecia que eu os conhecia a vida inteira. Enquanto eles me indagavam sobre o local onde eu residia, eu respondia às suas perguntas da melhor forma possível.Na sala de estar, de súbito, a campainha soou. Logo em seguida, adentrou um casal de idosos, acompanhado por dois homens de aparência impecável. No exato instante em que seus olhos se fixaram em mim, a mulher começou a chorar de forma descontrolada, num pranto que evocava a mesma emoção que Maureen tinha manifestado ao me ver pela primeira vez. Inconscientemente, segurei a mão de Nora, pois aquele cenário, com todos ali chorando ao me ver, despertava em mim uma inquietude inexplicável.— Oh, meu. Oh, meu Deus. — Exclamou a mulher, soluçando, e eu não pude deixar de sentir uma profunda compaixão por ela.— É realmente você. Voltei meu olhar para Adrian e, com uma esperança contida de que ele me esclarecesse a ide
Ashley…Por que tudo isso estava acontecendo comigo? Há apenas algumas semanas, eu era feliz, simplesmente sendo April e vivendo uma existência modesta; mas agora parecia que eu me tinha transformado em uma pessoa completamente nova, como se tivesse renascido neste mundo.Não sei exatamente por quanto tempo chorei, mas, após finalmente me acalmar, Adrian conduziu-me de volta ao sofá.— Bem, já que você não se lembra de todos nós e conhecer todo mundo se revelou um tanto avassalador, que tal nos conhecermos melhor? — Indagou ele, enquanto circulava pela sala com um olhar atento.— Parece ótimo. Obrigada, Adrian.Ele permaneceu em silêncio, apenas sorriu e fitou-me com um olhar terno e apaixonado; não havia como negar que ele era um homem deslumbrante, e a intensidade de seus olhos despertava em mim sentimentos profundos, mesmo que eu desviasse o olhar timidamente, sem saber ao certo como reagir.— Ok, querida, acho que já está na hora de irmos para casa. Nos veremos novamente. — Anuncio
Ashley…Já fazia algumas semanas desde que fui à casa de Adrian, e, a caminho de casa, Adrian agarrou minha mão e perguntou, num tom suave:— Você poderia, por favor, caminhar comigo?Olhei para Nora, que sorria de forma tola, e então voltei meu olhar para Adrian.— Ok. — Respondi, permitindo que ele segurasse minha mão enquanto eu seguia pela calçada. Continuamos andando até chegarmos ao parque, onde o silêncio que nos envolvia, longe de ser constrangedor, revelava-se confortável surpreendentemente.Prosseguimos até alcançarmos um lago, e foi ali que Adrian, quebrando o silêncio, declarou:— Sinto que você tem me evitado.Era inegável: eu vinha o evitando, pois estava tomada pelo medo – para ser sincera, o afeto dele despertava em mim sentimentos que eu julgava indevidos. Não queria me apaixonar por Adrian; não confiava nele por completo e, para ser honesta, era estranho estar tão próxima do meu chefe.Durante toda aquela semana, fiz de tudo para evitar que ele me visse, seja no meu e
Ashley…Já se passaram três meses desde tudo ter acontecido, e, para ser sincera, ainda não recuperei minhas memórias. Foram três meses desde que Adrian cumpriu sua promessa de não me sobrecarregar, e passei a maioria do tempo na casa dele, brincando com as crianças. No outro dia, eles me levaram para andar a cavalo, e algo naquele dia me pareceu familiar estranhamente, como se eu já tivesse estado ali antes. Não relatei esse episódio a ninguém, pois temia criar falsas esperanças.Adrian, as crianças e eu havíamos acabado de aterrissar na Itália. Os Marino nos haviam convidado para a festa de aniversário de Isabella e perguntado se poderíamos ficar com eles, mas recusei; desejava ficar sozinha e disse a Adrian que preferia hospedar-me em um hotel, ou algo do gênero. Não me interprete mal – adoraria passar tempo com eles, mas também precisava do meu espaço.Tínhamos uma suíte de dois quartos e, embora eu imaginasse que ficaria praticamente sozinha, Adrian parecia ter outros planos. As c
Ashley…— Bom dia, Bella! — Cantaram Jason e Freddie, enquanto Isabella revirava os olhos.— Quantos anos vocês têm mesmo? — Perguntou ela.— Velhos o bastante para saber que já não somos bebês, mamãe.Ashton e Bella soltaram risadinhas com a avó e os tios, fazendo cessar as discussões.— Ah, aqui estão meus dois bebês. Venham dar um oi para a vovó. — Exclamou ela, e Ashton e Bella correram para abraçá-la assim que o restante de nós se retirou.Adrian me pediu que entregasse um presente para minha mãe antes do início da festa.Caminhei até Isabella e, enquanto a abraçava, com um sorriso radiante, disse:— Bom dia e feliz aniversário! — Obrigada, Ash. Este será o melhor aniversário de todos — Respondeu, afastando-se com lágrimas cintilando em seus olhos ao me encarar.— Ah, mamãe, não chore. — Brincou Jason, puxando-a para seus braços.— É o meu aniversário e posso chorar se quiser. — Cantou ela, fazendo com que todos rissem.Após cumprimentarmos a todos e entrarmos na casa, voltei-me
Ashley…Segurei Ashton até que ele se acalmasse, então, delicadamente, apoiei o rosto dele com as minhas mãos e acariciei suas bochechas com ternura.— Ah, querido, eu faria qualquer coisa para recuperar minha memória, e prometo que me esforçarei mais. Sei que tudo isso é um pouco demais para você e sua irmã, mas espero que, um dia, eu me lembre dos momentos em que vivemos, e mesmo que isso demore, estou disposta a tentar.Ele acenou com a cabeça e esboçou um pequeno sorriso.— Por favor, não conte a ninguém que chorei. — Pediu, enquanto enxugava as lágrimas.— Não vou, prometo. — Respondi, com sinceridade.Depois, ajudei as crianças a se arrumarem e retornei ao quarto, onde me deparei com os preparativos para meu cabelo e maquiagem; contudo, não conseguia tirar da cabeça a nossa conversa. Percebi, com pesar, que eles haviam passado momentos terríveis no dia em que morri, e, naquele instante, jurei a mim mesma que me esforçaria mais para reavivar minhas memórias, a fim de vê-los felize