Rosa…Depois que recuperei a compostura, relatei-lhes, com voz trêmula, os eventos que me levaram a partir rumo à América, explicando: — Contei aos meus pais sobre o divórcio e, ainda que eles não tenham demonstrado satisfação com o ocorrido, sugeriram que eu me estabelecesse por aqui.Enquanto falava, distrai-me manuseando os anéis de casamento, em vez de fitá-los com atenção; imaginava agora o que estarão pensando de mim após a revelação de tudo o que havia se passado.— Sinto muito pelo que te aconteceu. Você teve alguma notícia dele depois que veio para cá? — Perguntou Darana.Balancei a cabeça em sinal de resposta negativa.— Não, ele só me procura por meio do advogado. Sei que devo parecer patética, mas ainda o amo. Tínhamos um relacionamento maravilhoso antes de nos casarmos, e descartar tudo isso me dilacera. Eu acreditava que ele era o meu príncipe encantado, o homem com quem envelheceria, mas tudo não passou de uma grande ilusão.— E como é que a gente pode te ajudar? — Inda
Rosa…Quando chegou a hora do almoço, os outros me perguntaram se eu os acompanharia, mas precisei recusar, alegando que tinha um compromisso com Sr. Black. Ao me dirigir ao escritório dele, percebi que ele já me aguardava.— Vamos, vamos.Segui-o até o elevador, imaginando para onde estaríamos indo, supondo tratar-se de uma reunião.Caminhamos pela calçada, um atrás do outro, enquanto eu me esforçava para acompanhar seu ritmo.— Para onde estamos indo? — Perguntei, frustrada por não conseguir manter o compasso.Ele se virou e me lançou um olhar incisivo.— Estou te levando para almoçar; não foi isso que eu disse?Parei e o encarei com uma carranca.— Não, você não falou nada disso, sem querer ofender. Pode ir mais devagar, por favor? Não estou conseguindo te acompanhar.Sr. Black retornou, segurando meus pulsos, e disse:— Desculpa, não estava querendo andar tão rápido.Dei-lhe um leve sorriso.— Tudo bem. E agora, para onde exatamente estamos indo?— Um bom amigo meu é dono de um res
Rosa…Tomei um gole do meu vinho, perdida em devaneios, sem conseguir articular uma resposta apropriada. Em que poderíamos conversar, afinal, se sou funcionária dele e o único assunto recorrente em nossas interações se resumia ao trabalho?— O que acha do vinho?Olhei para Ashton e respondi:— O vinho está bom. Obrigada por me convidar. Presumo que você queira falar sobre a reunião que tivemos esta manhã.Ele balançou a cabeça e replicou:— Não, não quero falar sobre trabalho. Vim aqui para relaxar e quis te tratar.Fiquei confusa e, ao encará-lo, interrompi:— Achei que...Mas ele me cortou:— Sem mais delongas, quero te conhecer melhor, pra ser sincero, e a única maneira de fazer isso é te convidar para sair.Ah, eu não esperava que ele fosse tão honesto.— Ok, o que você quer saber? — Perguntei, sentindo uma leve insegurança quanto a revelar aspectos muito pessoais.— Você pode começar me contando por que você estava chorando no seu escritório esta manhã.Meus olhos se arregalaram a
Rosa…Enquanto terminávamos a refeição, Ashton perguntou, com um tom descontraído:— Você pensou na minha sugestão de corrermos juntos?Empurrei meu prato para trás e limpei a boca.— Não, para ser sincera, realmente não.Seus olhos encontraram os meus, e um sorriso se alargou em seu semblante.— Ok, acho que te encontro no parque no sábado. Um sorriso tímido se formou em meus lábios.— Tudo bem, mas então eu te oferecerei um café da manhã depois, e você não terá o que dizer. Ashton murmurou baixinho por um instante, acenando em concordância.— Tudo bem, acho que fica por sua conta então.— Ótimo. E, pra ficar claro, não espere um restaurante chique. Ele não conteve uma risada.— Você realmente não gosta desses lugares cinco estrelas, né? — Perguntou, assim que cessou o riso.— Não, acho que é um desperdício de dinheiro. Existem muitos lugares por aí mais acessíveis que servem uma boa comida. Seu sorriso se alargou enquanto ele acrescentava:— Tudo bem, confio em você.Não pude evi
Rosa…Chegamos ao escritório e eu fui direto para o meu, enquanto ele me brindava com um beijo rápido antes de eu sair do elevador, o que me arrancou um sorriso nervoso; afinal, como explicaria a eles o que acontecera no almoço? Certamente viriam questionamentos a fio.Ao adentrar o escritório, deparei-me com os outros três, que já se encontravam ali, e seus olhares se encheram de escárnio assim que me viram.— Como foi o almoço? — Indagou Max.— Foi bom. Conversamos, na maior parte, sobre trabalho. — Respondi, cruzando os dedos numa tentativa desesperada de dissimulação. Espero que vocês não descubram que estou mentindo; não quero que pensem que fui seduzir nosso chefe.— Deve ter sido ótimo, porque você não está mais com batom nos lábios. — Comentou Brigitta, erguendo as sobrancelhas com um sorriso malicioso.— Sim, devo ter limpado o batom quando enxuguei a boca após comer. — Defendi-me.— Pode continuar nos dizendo essas coisas, mas saiba que, mais cedo ou mais tarde, vamos descobr
Rosa…Eu me encaminhava para o parque onde Ashton e eu havíamos combinado de nos encontrar. Aquele dia representava nosso primeiro treino de corrida em conjunto e, apesar de Ashton ter me lembrado, na noite anterior, ao término do meu turno, de que eu deveria chegar pontualmente, confesso que não esperei ser levado tão a sério; para ser sincera, ainda me surpreendia o fato de ele realmente ter se comprometido com aquela ideia. Talvez tudo não passasse de uma provocação, como a que ocorrera no restaurante outro dia – desde então, ele sequer havia tentado me beijar novamente. De um lado, sentia um certo alívio por continuar casada; de outro, uma vontade quase desesperada me consumia, quase a ponto de eu gritar de desejo. Ansiava, de maneira intensa, sentir novamente o gosto de seus lábios, mas logo me recordava que ele era meu chefe e que eu era casada – jamais desejava ser rotulada de forma desonrosa, especialmente considerando que Armando certamente alegaria que fui eu quem o traiu.N
Ashton…Eu jamais havia conhecido alguém como Rosa; seu nome parecia feito sob medida para ela, pois, a cada rubor, comparava-se a uma rosa em plena floração, e eu me via irremediavelmente hipnotizado pelas bochechas rosadas que se delineavam em seu rosto. Mesmo quando ela tentava discretamente desviar o olhar, revelando uma timidez encantadora, eu não conseguia deixar de observá-la com fascínio absoluto.Enquanto corríamos lado a lado, eu a contemplava com meticulosa atenção, admirando o conjunto que ela vestia, o qual lhe caía de forma irrepreensível. A blusa preta de manga comprida, que realçava com mestria as curvas de seus seios, despertava em mim o desejo de vê-la sempre trajando roupas justas, pois enalteciam sua beleza de maneira singular; já a calça de jogging branca acentuava seu traseiro – a parte de seu corpo por mim mais venerada, logo após os seios – e, quando o calor de nossa corrida se intensificava, notei com espanto que aquela peça, de modo sugestivo, se mostrava tran
Ashton…Rosa permaneceu ali, pacientemente, aguardando que eu me levantasse; e, com lentidão, ergui-me, fechando os olhos por um instante antes de abri-los novamente. Quando ela lançou o olhar para baixo, seu rosto se ruborizou ao notar o motivo da minha demora.Não pude deixar de sorrir para ela.— Desculpe. Acho que é isso que correr com você faz comigo.Ela ficou com a boca entreaberta, encarando-me atônita.— Como assim, culpa minha? — Perguntou, com as mãos apoiadas na cintura.Deixei escapar uma risadinha e balancei a cabeça.— Você é ingênua demais para o seu próprio bem. Nem se dá conta da atração que desperta no sexo oposto.— Eu não sou.Ficamos nos encarando e, antes que eu pudesse conter o que transbordava em mim, desabei:— Eu gosto de você, Rosa. Tenho uma atração tão intensa que não consigo controlar.Os olhos de Rosa se arregalaram enquanto eu tentava prosseguir com hesitação:— Eu, hum...Ela lutava para articular alguma resposta, fixando o olhar no chão; eu sabia, naq