Leonardo
O silêncio no corredor parecia gritar em meus ouvidos enquanto eu subia as escadas. Cada passo reverberava como uma acusação. Amber estava em algum lugar da casa, mas tudo o que eu sentia era sua ausência. Algo estava errado. Eu sabia disso desde o momento em que Magnus a trouxe de volta.
Não era só o fato de ela não ter dito nada. Não era só o olhar vazio que ela lançou antes de desaparecer pelos corredores. Era o jeito como o ambiente parecia ter perdido toda a sua luz co
LeonardoQuando saí do quarto, o rosto de Amber ainda pairava na minha mente. Ela parecia tão pequena e vulnerável enquanto dormia, seu rosto ainda marcado pelas lágrimas que havia derramado em meus braços. O corredor estava silencioso, mas ao virar para a escada, dei de cara com minha família e as crianças no quarto da nonna."Leonardo!" minha mãe exclamou ao me ver. "Você deveria estar na cama. Precisa descansar.""Existem coisas mais urgentes para resolver, mamma," respondi, a exaustão pesando na minha voz.Louis, com sua curiosidade infantil, aproximou-se rapidamente. "Onde está a mamãe?""Está com dor de cabeça, piccolo," respondi, abaixando-me para estar mais próximo dele. "Está dormindo.""Queria mimir com a mamãe." ele falou emburrado, e o abracei."Hoje será impossível, mas tenho certeza que aman
AmberA noite foi um tormento, um ciclo interminável de pensamentos inquietos e cenários aterrorizantes sobre o dia que se aproximava. O relógio parecia congelado, cada minuto arrastando-se como uma eternidade enquanto eu me revirava na cama, incapaz de encontrar descanso. Quando finalmente amanheceu e o despertador soou, percebi que havia passado mais uma noite em claro. Fazia uma semana desde que eu e Leonardo recebemos a notícia da audiência, e o peso daquela data pendia sobre mim como uma nuvem carregada.No quarto, ajustei meu blazer azul-marinho pela décima vez, a tensão em meu corpo tão forte que mal podia respirar. O som da porta se abrindo me tirou dos pensamentos, e me virei para encontrar Leonardo entrando, seu porte imponente mesmo sem a tipoia."Por que você está sem a tipoia?" perguntei, cruzando os braços, tentando esconder o quanto a visão dele ainda fazia algo em m
Amber"Além disso," o juiz continuou, sua voz firme e controlada cortando o silêncio pesado da sala, "há outros exames pendentes que serão analisados amanhã."Peter levantou-se abruptamente, sua expressão furiosa. "Como assim outros exames? Que história é essa? Eu não pedi outros exames.""Senhor Calton, mantenha-se em seu lugar," o juiz ordenou, lançando-lhe um olhar severo antes de continuar. "Dois exames adicionais foram solicitados pelo senhor Martinucci. Um deles emitido pela embaixada italiana, considerando os potenciais direitos de cidadania dos menores."Peter explodiu, sua voz reverberando pela sala. "Isso é um ultraje! Eu não fui informado sobre nada disso! É ilegal! Não aceito esses exames, quero que sejam feitos por laboratórios de minha confiança."Leonardo, ao meu lado, apertou minha mão, inclinando-se ligeiramente par
LeonardoO silêncio no carro era quebrado apenas pelo som de nossas respirações. O espaço confinado parecia amplificar cada pequeno movimento, cada emoção. Inclinei-me em direção a Amber, meu coração martelando contra o peito, mas minha expressão permanecia tranquila. Seus olhos verdes fixavam-se nos meus, intensos, buscando respostas que eu não estava disposto a esconder.Quando ela mordeu o lábio inferior - aquele gesto que parecia feito para me desarmar - não consegui resistir. Meu polegar deslizou suavemente sobre sua boca, sentindo a maciez de sua pele e absorvendo a eletricidade que irradiava entre nós."Você ainda não respondeu minha pergunta," sussurrei, a proximidade tornando minhas palavras quase íntimas. "O que você fará quando eles forem declarados meus?"Amber suspirou, sua voz vacilante. "E
AmberNão conseguia desviar os olhos do anel que brilhava na pequena caixa de veludo nas mãos de Leonardo. Era perfeito. Elegante, delicado, exatamente como algo que eu escolheria. Meu coração batia forte, quase sufocante, e uma parte de mim queria gritar "sim" naquele momento. Mas minha mente, sempre racional e cheia de dúvidas, me impedia."Não é muito recente?" perguntei, minha voz saindo baixa. "Você acabou de se desvincular de Martina... Isso não é... precipitado?"Ele não respondeu com palavras, apenas tirou o anel da caixa com a confiança de quem sabia exatamente o que estava fazendo. Antes que eu pudesse reagir, segurou minha mão esquerda, seus dedos quentes enviando uma onda de eletricidade por meu corpo. Quando ele deslizou o anel em meu dedo anelar, senti meu coração parar por um segundo. O metal frio contrastava com o calor que ele
AmberQuando Bella apontou para a aliança, meu coração disparou, um turbilhão de emoções me atingindo. Seus olhos brilhavam com curiosidade inocente, mas a pergunta simples carregava um peso que eu mal conseguia processar. Por um momento, hesitei, lutando entre manter aquilo em segredo ou reconhecer o que aquele anel significava para mim e para ela. Com um sorriso suave, respirei fundo e finalmente respondi:"Foi um presente do tio Leo," minha voz ligeiramente tremula enquanto olho para Bella, seu rostinho cheio de curiosidade fixo na aliança que agora brilha no meu dedo."Poquê?" ela pergunta, inclinando a cabeça de lado como se tentasse decifrar o mistério. "É anivesário da mamãe?""Não, meu amor," digo suavemente, mas antes que consiga elaborar, Bella já corre em direção a Leonardo, suas tranças balançando com cada passo d
AmberPermanecemos no corredor enquanto os outros se afastam, o som de suas vozes diminuindo até desaparecer. Estou ali, parada, enquanto o olhar de Leonardo permanece sobre mim. É tão intenso que quase posso sentir sua força me envolvendo. Ele se aproxima lentamente, os olhos escuros suavizando quando encontra os meus."Esses três anos," sua voz é baixa, quase um sussurro, mas cheia de emoção, "eu senti tanto ódio de você. Por tudo que perdi." Ele hesita, e por um instante, penso que vai parar. Mas então continua, os traços de sua expressão suavizando enquanto seus olhos refletem algo mais profundo. "Mas agora, vendo as crianças... percebo que a perda financeira não significa nada comparada ao tempo que perdi com elas. O nascimento, os primeiros passos, as primeiras palavras... tudo isso foi roubado. E os traumas que Peter causou a elas... a você..." Ele suspir
LeonardoO closet estava iluminado pela luz suave do quarto, que atravessava parcialmente a porta aberta. Amber estava ali comigo, e o ar parecia carregado de tensão. Sua respiração era irregular, e eu não conseguia desviar os olhos dela. Beijei-a novamente, com desejo e uma necessidade que parecia crescer a cada segundo. Minha mão encontrou seu cabelo, deslizando para a base de sua nuca enquanto a puxava para mais perto. Seus tremores eram sutis, mas perceptíveis, e tudo o que eu queria era que ela se soltasse, que se entregasse ao momento como tinha feito antes.Não a pressionaria, nunca. Mas queria que ela sentisse, que experimentasse o prazer que me consumia apenas ao tê-la em meus braços.Quando me afastei, peguei sua mão, segurando-a com firmeza, mas sem força. "Vem comigo," murmurei. Caminhamos juntos para o quarto, onde a luz acesa criava um ambiente íntim