Depois que minha pequena me acordou, eu tomei um banho pra acordar de verdade e me arrumei pra levar elas pra dá um passeio no shopping como ela havia pedido.

- Bom dia senhoras... digo dando um beijo nas duas.

- Hum, acordou muito bem hoje né Perguntou Manu.

- Digamos que sim... eu pisquei pra ela... prontas pra passear? Perguntei.

- Sinto muito, mas você vai ter que ir sozinho com as meninas... disse Manu.

- Porque? Que compromisso você tem hoje? Perguntei.

- Ir com sua mãe e com Lena visitar um orfanato que precisa de ajuda.

- Huuum.. sua promessa ainda de pé né... eu disse revirando os olhos.

- O que é isso Bernardo? Ela perguntou brava.

- Nada, só comentei... eu disse tomando um gole de café.

- Que comentário mais indelicado... ela disse.

- Enfim, eu vou com as meninas sozinho então... eu disse.

- Não custa nada, você é pai e tem que ir mesmo, eu vou ajudar as crianças que precisam e elas entendem isso.

- Eu disse “enfim...” Manuela, chega vai, as meninas estão arrumadas?

- Sim, estão no quarto delas esperando.

- Fui, senhora defensora... eu disse indo até o quarto das meninas.

Eu sei que isso é uma coisa boa, eu sei que as crianças precisam mesmo de ajuda, mas eu ainda sinto nem que sejam um pouco, mas eu sinto ciúmes do Lohan, sei que ele já se foi, sei que eu e ele conversamos e nos entendemos antes dele morrer, mas saber que ela lembra dele e ainda faz o que ele pediu me dá um pouco de ciúmes... eu penso que, toda vez que ela ajuda alguém ela lembra dos momentos que eles tiveram juntos, mas eu sei que não tenho direito de cobrar nada pois ele mereceu tê-la, quem não merecia era eu, e ainda consegui no fim... e por outro lado eu penso que consegui graças a ele, mas sei lá, é meio confuso, eu sou grato a ele, mas ainda sinto ciúmes.. vai entender isso.

Fui até o quarto das meninas e elas estavam brincando.

- Quem ai ta pronta pra dá um rolé com o papai?

- eeeeeu! Elas disseram.

- então vamos, mas sem levar brinquedos porque o pai não vai carregar nada heim... eu disse... vão dá um beijo na mamãe e na vó Lena e vamos.

Fomos até a sala e as duas foram se despedir de Manuela e de Lena.

- Se comportem e nada de se encher de doces... dizia Manu vindo com elas até a porta onde eu esperava... Por favor Bernardo, não faça todas as vontades delas... disse ela.

- Sim senhora... eu disse.

- E qualquer coisa me ligue... ela disse.

- Ok senhora, mais alguma coisa? Perguntei e ela me olhou brava.

- Tchau meus amores, até mais tarde... ela disse dando beijo nas meninas, me aproximei para beijá-la mas ela desviou e voltou pra cozinha.

- Beleza, não quer meu beijo? Você é quem perde.

Peguei na mão das meninas e saímos, fomos até o carro e eu coloquei cada uma em sua cadeirinha e depois entrei, liguei o carro e sai com elas.

- Papai, a mamãe ta bava com voxe? Perguntou Laura.

- A mamãe ta brincando com o papai, é só isso... eu disse.

- Bincando de fica bava? Perguntou Lívia.

- Isso, mais ou menos isso, mas é só brincadeira ela não ta brava de verdade... eu acho.

- Papai eu quelo ir comer hambugue... disse Laura.

- Ok, só vamos voltar pra casa quase na hora de dormir, mamãe também vai sentir na pele um pouquinho de solidão... eu disse.

- Que papai? Perguntou Lívia.

- Nada, nada não filha, não liga pro pai, sua mãe que deixa ele doido assim... eu disse elas riram... e eu não aguentei, e ri também.

Chegando no shopping eu estacionei e elas já estavam ansiosa pra sair do carro e entrar, tirei elas da cadeirinha e coloquei no chão e elas saíram correndo pelo estacionamento, meu Deus eu to lascado, hoje eu vou levar uma surra pra controlar essas meninas.

- Meninas, voltem aqui... eu disse correndo atrás delas e elas riam de mim.

Porque que comigo elas fazem o que querem e com Manuela é tudo organizado? Não dá pra entender isso não... finalmente depois de correr atrás delas até a entrada do shopping eu consegui pegá-las e segurar pelas mãos.

- Olha, se vocês não obedecerem o pai não vai ter hambúrguer, não vai ter brinquedo, o pai vai voltar com vocês pra casa e aí vocês vão ficar tristes.

- Ta bom papai... elas disseram.

Então depois de conversarmos eu entrei com elas, e começamos indo até onde havia uma piscina de bolinhas imensa, eu fiquei pensando, é tão grande que elas podem se perder ali dentro...

- Papai, voxe enta com a gente? Perguntou Lívia.

- Eu? Não, o pai já ta velho pra essas coisas... eu disse.

- Mas a mamãe enta e ela binca de bolinha... disse Laura.

- Ah, claro, santa Manuela! Digo... tá bom, eu entro, até porque eu acho que se eu não entrar vocês vão é se perdeu nisso aí.

E então entrei com elas, e imagina só a minha cara? O lugar cheio de mães com seus filhos e eu o único pai bobão ali dentro, eu queria é me esconder no meio daquelas bolas todas... mas, do nada eu comecei a ser atacado, eram as meninas jogando bolinhas em mim, e aí... aí quando eu vi a felicidade das minhas filhas eu nem quis saber mais do mico, eu comecei a brincar com elas feito uma criança também... depois de muito brincarmos, pois elas foram em todos os brinquedos possíveis que haviam no shopping, nós fomos almoçar, e eu não sei como eu faria pra colocar as duas sentadas e quietas pra almoçar, mas eu daria um jeito... fomos até a praça de alimentação e nos sentamos, coloquei uma de cada lado para poder servir as duas.

- o que minhas pequenas vão querer almoçar? Perguntei a elas.

- hambuge! Elas disseram.

- Nãaaao, hambúrguer é só na hora do lanche... eu disse... que tal, bife com fritas?

- Que ixo papai? Perguntou Lívia.

- Ah, o pai esquece que vocês não entendem, então é carne com batata frita, vão querer?

- Siiiim! Elas disseram, então eu pedi, pra nós três.

Ficamos esperando, e eu fiquei observando em volta, e de repente vi Benjamin e levantei fazendo sinal pra ele, ele me viu e se aproximou da mesa e as meninas desceram correndo das cadeiras pra abraçar ele.

- Que saudade das minhas sobrinhas lindas! Disse ele.

- Cara, eu tava mesmo querendo falar com você... eu disse cumprimentando ele.

- É mesmo? Espero que não seja problema, já to cheio deles... disse ele.

- Pior que é... mas, eu não posso falar com ninguém, só com você.

- Beleza... cadê Manu? Ele perguntou.

- Ah, foi fazer as caridades dela... ta muito ocupado?

- Tio Ben a gente vai comer carninha e batata... disse Laura.

- Oba, o tio pode comer também?

- Siiiiim! Elas disseram.

- To nada, eu vim comprar um presente pra uma pessoa, mas já tô de bobeira agora... disse ele.

- ótimo, almoça com a gente e depois conversamos.

- Beleza... disse ele se sentando.

Eu sei que isso eu não deveria contar a ninguém, mas eu e Ben ficamos muito amigos, e com ele eu podia falar, e eu precisava de ajuda porque eu não sabia o que fazer com relação ao que Pedro me disse, ele estava ameaçando a vida da minha família e eu, infelizmente não tenho com quem contar agora, já que abandonei toda aquela vida.