Manhã de sexta-feira – Bernardo
O despertador tocou e eu quase que pego ele e jogou na parede, não acredito que já tá na hora de acordar, parece que eu não dormi nada, parece que fechei os olhos e abri de novo e o dia amanheceu, eu só queria mesmo era ficar na cama dormindo o dia todo, mas não posso, preciso ir resolver os problemas que não resolvi ontem... é, eu estou ficando velho mesmo, antes eu aguentava um dia e uma noite acordado, mas agora, agora eu chego em casa morto todos os dias... claro, meu trabalho antes era só m****r e m****r, e ver os outros fazendo o que eu mandava, mas agora não, agora eu tenho que me empenhar, na verdade o que eu tinha nem era trabalho, era escravizar os outros, principalmente as mulheres, e depois eu me divertia com algumas delas, desde quando isso é trabalho? Enfim, isso já acabou, agora eu tenho mais é que me matar trabalhando mesmo pra da a minha esposa e minhas filhas tudo que elas merecem.
Me levantei quase que me arrastando da cama e fui tomar um banho gelado pra acordar, depois me vesti como sempre e desci pro café.
As meninas já estavam tomando seu mingau junto com Lena.
- Bom dia pra minhas pequenininhas! Digo entrando na cozinha... Bom dia Lena.
- Bom dia Bernardo... diz ela.
- bom dia papai... respondem as duas.
- quem vai dar mingau pro papai? Pergunto e as duas levantam a mãozinha... que beleza, assim o pai fica fortão pra trabalhar... digo dando um beijo em cada uma.
- cadê a mamãe? Pergunta Laura.
- está dormindo ainda, mas daqui a pouco ela vem.
- papai me leva com voxe hoje? Disse Lívia.
- pai não pode princesa, mas outro dia o pai leva... digo me servindo.
- Bom dia meus amores... diz Manu entrando na cozinha.
- Bom dia mamãe! Elas dizem.
- mamãe diz pro papai me levar com ele hoje... disse Lívia.
- seu pai não pode te levar, ele tem muito trabalho filha... diz Manu.
- pufavo, eu julo que fico quetinha... diz ela e eu me levanto.
- hoje não dá princesa, pai promete que leva outro dia... digo pegando ela no colo e dando um beijo.
- papai eu também... diz Laura esticando as mãozinhas, e eu a pego também.
- minhas princesinhas vão se comportar bem? Pergunto.
- siiiiim! Elas dizem.
- então vou trazer uma surpresa pras duas... digo.
- Obaaaa! Elas dizem me abraçando.
Como era bom esse carinho, posso dizer que não há nada melhor no mundo do que ser pai, elas me fazem querer ser melhor todos os dias, pra elas, por elas, esse amor de pai é algo que eu nunca vou poder explicar.
- agora o pai já vai... eu digo colocando elas no chão... até mais tarde amor... digo dando um beijo em Manu.
- até lindo... ela diz.
Despeço-me de Lena e saio...
20 minutos depois eu já estava na empresa, subo até minha sala e entro na mesma, minutos depois minha secretária diz que tem uma pessoa querendo me ver, mas não quis se identificar, só disse ser um velho amigo... quem seria? Pedi que ela deixasse entrar, e para a minha surpresa era o filho de Rogério Torre, que foi meu cliente na época das minhas casas de luxo, se não me engano o nome dele era Pedro… claro, aquele Pedro que quase teve Manuela com ele, se não fosse aquele alarme de incêndio que eu disparei, disso me lembro muito bem, ali eu já morria de ciúmes dela e de amor também.- Bom dia Bernardo, lembra do seu velho amigo não lembra? Ele disse.
- Bom dia Pedro... claro, como não... digo me sentando em minha cadeira.
- está surpreso com a minha visita?
- um pouco, mas diga, porque veio?
- Bom, eu vim porque preciso de umas dicas suas... ele disse.
- Dicas? Sobre? Pergunto.
- Sobre como ser um cafetão bem sucedido, ou melhor, como ser o melhor cafetão que a cidade do Rio de Janeiro já teve, e fazer isso às escondidas sem que ninguém soubesse... ele disse.
- como você pode perceber Pedro, eu não sou mais um cafetão, agora eu sou um arquiteto, e se você não está querendo saber sobre construção eu peço que você se retire... eu digo e ele dá risada.
- não seja mal educado Bernardo, não se trata assim os velhos amigos.
- é que, realmente eu não posso te ajudar uma vez que eu não tenho a vida que eu tinha antes... eu disse.
- eu só vim pedir a sua ajuda porque acabei de comprar as suas antigas casas de luxo, e agora eu to no seu lugar, faço exatamente o que você fazia antes, mas preciso de descrição, então eu vim pra que você me ajudasse.
- eu sinto muito, mas sobre esse assunto eu não falo mais, e nem me interessa falar.
- eu fiquei sabendo que você se casou com uma de suas submissas e que agora tem duas filhas lindas... disse ele e eu fiquei nervoso.
- é, foi isso, mas não estamos falando nem da minha mulher e nem das minhas filhas... eu digo.
- quer saber... eu te espero na minha casa de luxo do centro hoje a noite, que você conhece muito bem o caminho, pra conversarmos melhor... diz ele.
- é melhor esperar sentado Pedro... digo.
- pois eu acho melhor você ir, porque senão eu serei obrigado a ir na sua casa e será um prazer conhecer suas filhas e rever a sua esposa linda... disse ele e eu respirei fundo de raiva.
- deixa minha família fora disso Pedro... digo.
- então vá até lá, e aí eu resolvo com você.
- ok, estarei lá... digo.
- ótimo Bernardo, até lá então... diz ele saindo da sala.
Desgraçado! Eu penso... o que ele quer? Porque veio me procurar depois de anos? Eu não tenho mais nada a ver com aquelas malditas casas, e nem quero voltar a ter, mas não posso correr o risco dele fazer algo com Manuela e com minhas filhas, esse maldito não vale nada, é envolvido com muitas coisas e pode fazer mal a minha família, o jeito é ir, mas ir prevenido pois boa não vai ser essa conversa com ele.
Depois da visita desse maldito eu mal consegui me concentrar no trabalho, e os problemas que eu já tinha só deixei juntar com os outros que eu não consegui resolver hoje porque minha cabeça não parava de pensar no que me esperava... de jeito nenhum Manuela pode saber disso, terei que inventar uma desculpa pra sair, mas que droga, isso de novo na minha vida não, eu nem queria passar perto da onde era essa casa, quanto mais voltar a ir lá, as lembranças não eram boas, eram as piores possíveis, e agora encarar tudo de novo? Não sei se consigo, se posso, se vou aguentar, ainda mais se lá ainda tiver alguém que um dia eu fiz mal.
ManuelaDepois que as meninas foram pra escola eu me aprontei pra ir até a agência ver as modelos novas que haviam chegado.Chegando lá Ben me esperava com as meninas... conversei com elas e expliquei o meu trabalho e já que agora sou assessora delas, também disse que se algumas delas precisassem de ajuda podiam me ligar e eu ajudaria com prazer. Resolvi tudo e depois fui com Ben almoçar, fomos até um restaurante que ficava na Orla de Copacabana.- E ai Ben, como que vai com a ficante? Perguntei me sentando a mesa.- Tudo bem, ela até que está mais interessada, me ligou ontem várias vezes, acho que ela ta querendo compromisso comigo também.- e você gosta dela mesmo ou é só passageiro? Perguntei.- eu acho que to gostando mesmo, ela é diferente, madura e bem resolvida.
BernardoComo eu não estava conseguindo me concentrar em nada eu resolvi ir embora logo, pois do jeito que eu estava não conseguiria mesmo resolver nada... mas que merda! Eu pensava, porque esse maldito apareceu logo agora que a minha vida está completamente mudada, o que ele quer de mim? O que ele quer que eu faça? Porque eu sei que não veio só pra me convidar pra tomar um uísque e bater papo, ele quer que eu faça alguma coisa, e isso é o que mais me preocupa, ainda mais que ele já falou das minhas filhas e de Manuela... eu não posso colocar minha família em perigo, tenho que protegê-las.Chegando em casa minhas pequenas já estavam lá, e estavam brincando na sala, quando me viram correram até mim me abraçando, e eu apertei elas em meus braços, como eu amo minhas filhas, se algo acontecesse com elas eu não me perdoaria nunca.
E depois de todos prontos nós saímos de casa, levei Manu junto com Lena e as meninas pra casa dos meus pais, falei com eles rapidamente que eu não iria poder ficar pois tinha um compromisso e depois voltei pro centro do Rio, em direção a aquela casa que eu nunca mais tinha visto, e sinceramente não sei se estou pronto pra ver de novo, mas eu tenho escolha? Não, eu não tenho... pelo menos não foi aquela que eu mantinha Manuela, pois se fosse, eu não sei o que eu faria, não sei nem se eu conseguiria entrar nela... chegando eu estacionei e desci, respirei fundo olhando praquela casa e muitos pensamentos me vieram a mente, aqueles pensamentos horríveis que eu não queria lembrar nunca mais, mas é inevitável, toda vez que nós olhamos pra alguma coisa que um dia nos fez mal, nos lembramos exatamente de como era.Fui me aproximando da entrada e meu coração disparava de tão tenso que eu estava... por sorte não eram os mesmo se
Assim que chegamos fomos levar as meninas pro quarto, pois elas haviam dormido, colocamos elas em suas caminhas e colocamos os seus pijamas, e depois de nos despedir delas fomos pro nosso quarto... Bernardo foi tomar banho primeiro, eu até quis ir com ele mas pelo jeito que ele tava, nada ia rolar... esperei ele sair e depois fui, e quando voltei já de camisola ele estava sentado na cama somente de cueca como sempre, recostado na cabeceira, com os olhos fixos no nada... me aproximei e sentei ao seu lado.- Hei, o que foi? Está tão distraído... eu disse.- Hum? Não, não amor, é que eu to pensando aqui numas coisas de trabalho, só isso... ele disse voltando os olhos pra mim.- Parece que essa conversa com esse tal cliente te deixou nervoso, preocupado, tenso... eu disse.- Eu? Não, impressão sua, claro que não.- Não mente pra mim Bernardo, parece até que n
Depois que minha pequena me acordou, eu tomei um banho pra acordar de verdade e me arrumei pra levar elas pra dá um passeio no shopping como ela havia pedido.Fui pra cozinha e Manuela estava com Lena tomando café.- Bom dia senhoras... digo dando um beijo nas duas.- Hum, acordou muito bem hoje né Perguntou Manu.- Digamos que sim... eu pisquei pra ela... prontas pra passear? Perguntei.- Sinto muito, mas você vai ter que ir sozinho com as meninas... disse Manu.- Porque? Que compromisso você tem hoje? Perguntei.- Ir com sua mãe e com Lena visitar um orfanato que precisa de ajuda.- Huuum.. sua promessa ainda de pé né... eu disse revirando os olhos.- O que é isso Bernardo? Ela perguntou brava.- Nada, só comentei... eu disse tomando um gole de café.- Qu
Depois de almoçarmos, Benjamin e eu levamos as meninas pra brincar mais um pouco num lugar lá no shopping que era tipo um playground, nos sentamos em um banco que ficava de frente e enquanto elas brincavam nós conversávamos.- E ai, me fala, qual o problema cara? Ele perguntou.- O problema é o passado... eu disse... to sendo ameaçado por um desgraçado que um dia foi meu cliente e que hoje é dono de tudo que eu tinha.- Que? Me explica isso direito Bernardo... ele disse.- Ele comprou as casas que eram minha, mas ele não conseguiu fazê-las progredir, elas faliram, e o maldito quer que eu volte a administrar as casas... ele ameaçou a Manu e as meninas, eu to desesperado, não sei nem o que fazer... eu disse.- Mas que filho da mãe cara! Você tem que falar com a polícia Berna.- Cara, é muito complicado, tudo indica que ele tem a polícia no c
ManuelaDepois que Bernardo sai com as meninas pro shopping eu fui ao orfanato com Lena e com minha sogra... mas antes que ele saísse conseguiu criar um caso... isso quase sempre acontece quando eu digo que vou fazer alguma caridade... não porque ele não goste que eu ajude as pessoas, mas sim porque ele acha que sempre que faço isso eu fico me lembrando de Lohan e ele morre de ciúmes... mas como não lembrar? Lohan passou a vida dele ajudando as pessoas, inclusive a mim, e o que ele mais queria era que eu continuasse essa boa ação, e depois de 4 anos ajudando eu não podia para assim do nada sendo que eu tinha condições pra isso.Mais caso ele criaria se ele soubesse que eu ainda tenho uma conta em meu nome que Lohan deixou, disso ele não sabe, eu nunca disse, mas essa conta eu não uso pra mim, eu uso pra ajudar mais fora o dinheiro que eu ganho com
Domingo de manhã - ManuelaQuando acordei estranhei o silêncio em casa, olhei pro lado na cama e Bernardo não estava, então me levantei e fui pra sala, as meninas também não estavam... fui até a cozinha e Bernardo estava tomando café sozinho.- Hei, cadê as meninas? Perguntei a ele.- Levei pra minha mãe, lembra que o dia hoje é nosso? Ele disse.- Nem me deixou se despedir delas amor... eu disse.- Elas se despediram de você, não tenho culpa se você não acordou... ele disse.- Af Bernardo... enfim, o que vamos fazer hoje?- Vou te levar a um lugar aí... ele disse se levantando.- Que lugar? Pra que? Perguntei.- Ih mulher, pra que tanta pergunta, quando chegar lá você vai ver.- Só estou perguntando p