♥ Capítulo 1 ♥

Hilary Moretti.

Cinco anos depois.

Segunda-Feira.

Minha vida mudou tanto durante esses cinco anos, como aquele canalha me expulsou da nossa antiga casa. Voltei para a minha cidade natal, que é na Itália. Meus pais me receberam de braços abertos, meus antigos amigos também me receberam de braços abertos, foi um grande alívio para mim saber que não estava sozinha. Mas confesso que durante muito tempo acabei entrando em depressão, sofri muito por causa dele, mas fui começando a me erguer novamente.

Voltei com o meu antigo sobrenome, resolvi mudar os meus hábitos, quando estava casada com ele, estava pesando cento e vinte quilos, mas quando entrei em depressão, acabei perdendo alguns quilos. Ainda estou acima do peso, mas estou pesando cento e seis quilos agora. — Descobri que gosto de estar com crianças, sempre estive cuidando dos filhos dos meus amigos enquanto eles estavam trabalhando, já que no momento eu não tinha nenhum trabalho. Foi então que me veio uma ideia, trabalhar como babá.

Meus amigos me ajudaram a ir à agência de babá, consegui trabalhar muito bem durante esses cinco anos, passei um ano em cada casa, mas infelizmente eu fui demitida por causa que as crianças começaram a me chamar de mamãe. E claro, as verdadeiras mães não gostavam daquilo, por isso fui muitas vezes demitida.

Antigamente não gostava do que eu via no espelho, mas agora, quando vejo a minha imagem, pele morena, o meu cabelo todo cacheado sendo da cor preta, os meus olhos castanhos claros, o volume dos meus seios, das minhas pernas e bunda, eu me amo. Claro que às vezes tenho uma recaída, como qualquer ser humano tem. — Mas durante esses cinco anos não me relacionei com ninguém, admito em dizer que é por causa do meu trauma, trauma de ser trocada novamente por alguém mais magra e mais nova do que eu. Estou com quarenta anos, ainda tenho muito que aproveitar, mas não consigo, o medo me impede de prosseguir.

Estou sempre focada no meu trabalho como babá, já que não posso ser mãe, ser babá é algo que preenche o vazio do meu coração. E quando as crianças começaram me chamar de mamãe, chorei muito, porque sempre quis ser chamada dessa maneira.

Mas agora estou indo para minha entrevista como babá na casa da família Russo, na Itália eles são a família mais cobiçada do mundo, mas neste momento estou indo fazer a entrevista na casa do filho mais velho do casal, o senhor Dominic Russo.

Ele é o empresário mais cobiçado do mundo, muitas mulheres querem ser sua esposa, mas nenhuma conseguiram. E parece que ele tem um irmão que também é muito cobiçado, não assisto muito jornal ou leio site de fofocas, por isso não sei como são. Se eu tiver a chance, posso conhecê-los hoje.

Será que são realmente tão lindos assim? O que eu sei é que são novos, o mais velho, Dominic Russo, tem trinta e um anos, e o seu irmão que ainda não sei o nome, tem trinta anos. Foi o que a minha amiga disse, ela avisou que não tinha muita informação sobre o seu irmão, é como se as pessoas não tivessem visto ele ainda.

Estou nervosa, faz um mês que não consegui nada. Mas graças ao meu amigo que comprou um jornal, ele viu que o senhor Dominic estava precisando urgentemente de uma babá. Rapidamente mandei o meu currículo e fiquei muito feliz ao receber um e-mail, avisando que hoje eu seria entrevistada para a vaga de babá.

Estou muito feliz com minhas mudanças, trabalho na área que eu gosto, mas dentro do meu coração, sinto falta de ter alguém comigo, de ter alguém me olhando com desejo, de alguém me querendo.

E principalmente. Ter alguém me amando do jeito que sou.

Ah, mas acredito que isso nunca vai acontecer.

******

07:30 — Residência dos Moretti. — Itália.

— Lary, você está pronta? — Minha amiga Pietra perguntou entrando no meu quarto.

— Estou, só estou checando a minha bolsa. — Ela revirou os olhos.

— Você já fez isso milhares de vezes ontem. Tente se manter calma. — Soltei um suspiro.

— Eu não consigo, Pietra. Estou indo fazer uma entrevista na casa do Dominic Russo. O maior empresário mais cobiçado do mundo. Tenho certeza que muitas pessoas se candidataram para essa vaga. Estou nervosa, amiga.

Pietra é uma mulher de trinta e seis anos, alta, branca, ruiva, a cor dos seus olhos azuis claros, o seu corpo parece de uma modelo. Ela é muito linda.

— Eu sei amiga, mas você não pode perder essa oportunidade. Agora vamos, sua entrevista começa às oito e meia, é melhor chegar cedo para eles verem que você é uma mulher pontual. — Suspirei.

— Você está certa, vamos indo. — Peguei a minha bolsa colocando no meu ombro.

Estou a usar um macacão preto, muito ajustado ao redor do peito, não gosto de roupa com decote, porque trabalho com crianças, seria muito inapropriado. E também porque não me sinto confortável com os meus seios quase à mostra. Estou usando uma sapatilha bem confortável, o meu cabelo está solto, estou apenas usando um batom vermelho muito claro, não gosto muito de maquiagem.

Descemos as escadas e encontro os meus pais, apesar de terem sessenta anos, não parecem ter, parecem ter apenas cinquenta, os meus pais sempre cuidaram muito bem da sua aparência e especialmente da sua saúde.

A minha mãe é baixa, o seu tom de pele é escuro, o seu cabelo é castanho escuro, a cor dos seus olhos é castanho claro. O corpo da minha mãe é normal, tem tudo no seu devido lugar, como se ela não fosse uma senhora de sessenta anos.

O meu pai, por outro lado, é alto, o seu tom de pele é escuro, o seu cabelo é castanho claro, a cor dos seus olhos é castanho muito escuro, tem um corpo saudável, o meu pai sempre foi academia quando era mais novo e continua a fazendo-o até hoje.

— Já está indo, princesa do papai? — Sorri carinhosamente com o apelido que o meu pai me deu quando era criança, ele ainda me chama assim.

— Está linda, meu amor. — Minha mãe se levantou vindo até mim. — Eu tenho fé que você será aceita neste trabalho, minha princesa.

— Obrigada, mãe. Sim, pai. Estou indo agora pra entrevista. Me desejem sorte. — Ele se levantou do sofá, vindo até mim.

— Nós acreditamos no seu potencial, meu amor. — Os dois beijaram minha testa. — Agora vá.

Me despeço deles e vou indo para o carro da Pietra, ela que vai me levar.

— Estou nervosa, amiga. — Falei assim que ela deu a partida.

— Respira amiga, vai dar tudo certo. — Respirei fundo.

— Será que terei que morar lá? Porque todos os empregos que tive, os patrões queriam que eu morasse lá, para facilitar. — Pergunto em dúvida.

— Acho que sim, amiga. Porque será bem mais fácil. — Concordo.

Espero que eu não trave na entrevista. Mesmo que eu tenha feito várias entrevistas, nunca trabalhei com alguém famoso assim, por isso que estou nervosa. Sinto que poderia desmaiar a qualquer momento.

Irei ter minha própria entrevista mentalmente, para me preparar. Preciso de foco.

Que Deus me ajude.

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