Eu poderia sonhar com qualquer pessoa, com o Padre Fábio de Melo ou até com o Faustão, mas não com o Marcelo.
Não faz sentido nenhum!
Estou andando de um lado para outro desde que me levantei esta manhã. Penso e repenso em busca de respostas para esse sonho repentino. Não encontro nada. Quero ligar para a minha irmã, mas contar a ela não vai me ajudar em nada, Adriana só irá falar um monte de coisas que nem quero imaginar.
E, então, tomo a decisão de ligar para única pessoa que pode me entender nesse momento: minha amiga do ensino médio, Carolina.
— Carol? — Minha voz soa cansada. Estou exausta e mal levantei da cama. Que sentimento
Marcelo passa por mim presenteando-me com um sorriso preguiçoso.Ele está acompanhado de uma mulher que é muito bonita por sinal. Eles se dirigem para os fundos do bar, enquanto eu evito continuar olhando para os dois.Com tantos bares no centro do Rio de Janeiro, ele escolhe o mesmo que eu?Que azar! Volto para minha mesa um pouco frustrada, experimentando aquele sentimento de ter sido pega no flagra quando você sabe fazer algo legal na sua vida particular e as pessoas não sabem. Bem, agora sabem.— Arrasou, amiga. Gente, você samba muito! — Brenda se volta para minha cadeira toda empolgada e continua. — Até o seu chefe parou para te ver sambando.&mda
Quando acordo ao som do terrível galo do despertador, tenho medo de que tudo o que vivi na noite anterior não tenha passado de um sonho esquisito. No entanto, ao olhar para mim com as mesmas roupas e sapato, percebo que a chance de ter sido tudo real é bem grande. Minha cabeça ainda está doendo, não sou muito forte para a bebida.No lado de fora ainda está escuro e minha irmã não chegou do plantão. Quero ligar para Carol, mas ela me mataria se eu fizesse isso agora, às quatro da manhã.Tomo o café da madrugada depois de um bom banho. Me arrumo com cuidado, optando por um vestido leve. Capricho na maquiagem mais suave do que o normal, além de colocar o meu melhor perfume e um hidr
Os dias seguintes passaram rápido, firmando a certeza de que eu tinha feito a escolha certa ao me mudar para a casa da minha mãe. É incrível como mãe cuida da gente de outro modo, melhor do que podemos cuidar de nós mesmos. Não tinha percebido o quanto sentia falta de seus cuidados. Graças a ela, nunca senti falta de um pai biológico. Dentro do que podia, Zé Carlos, meu padrasto, supriu essa necessidade. Existem muitas coisas que nos distanciam, como o fato de eu ser uma lembrança de um período em que ele esteve separado da minha mãe. No entanto, com o passar do tempo, aprendi a compreendê-lo.Não nego que houve ocasiões em que necessitei muito mais de um afeto paternal, mas o carinho e o cuidado de minha irmã e mãe abrandavam o vazio.
— Um compromisso? — Marcelo pergunta curioso enquanto garçons passam de um lado para outro atendendo as outras mesas.— Sim. — Não quero meu nome sendo envolvido em mais fofocas, então não dou detalhes.— É uma pena. Pensei que poderíamos sair para algum lugar e nos divertimos. Mas já que tem um compromisso, deixa para outro dia.Percebo que Marcelo tem me convidado mais vezes que o normal e eu só recuso. Ele dá uma rápida olhada na tela do celular e sorri de um jeito que não entendo.— Mas, pensando bem, ainda temos quarenta minutos do seu horário de trabalho, acho que você não poderia recusar já que até lá ainda
— Mil desculpas, eu nunca a vi antes — digo um tanto nervosa. Se antes eu estava sem graça, agora estou completamente constrangida. A mulher apenas balança a cabeça.— Eu quem deveria ter me apresentado antes. Marcelo e meu marido falam muito de você! Marcelo então... — ela dá um sorriso sugestivo, o que me deixa meio abobada. Marcelo fala de mim? — Eu tinha muita curiosidade em conhecer a secretária que finalmente conseguiu parar em seu posto.A frase foi simples, mas me dá uma queimação no peito. Meu posto. Esse realmente é meu posto, mas não pretendo ficar nele para sempre. Meus planos para ter meu próprio negócio ainda estão bem vivos.
— Você só pode estar brincando! — grito, sentindo meu rosto esquentar ao me imaginar voltando para casa com ele. Minha mãe falaria horrores.— Não estou brincando. É só para eu não ter que enfrentar essa gente amanhã de manhã. Eu preciso de um tempo...— Posso ver uma vaga em um bom hotel para você! — continuo falando alto. — Você pode ligar para umas das suas... amigas solteiras e passar a noite com elas, como você sempre faz.— Eu tô com tanto problema que eu brocharia — Marcelo confessa com um sorriso de lado. Aff! A segunda-feira chega e eu estou muito preocupada.Já é meio-dia e Marcelo, Felipe, o senhor Moreira e outros acionistas estão reunidos em uma das salas de reunião. Juliana também foi convocada, o que deixa tudo ainda mais estranho.Só porque eu tenho algo muito importante para resolver com Marcelo referente à ligação de Felipe... isso parece carma!Quando Marcelo sai da reunião, apenas me avisa que eu posso almoçar, faz um sinal de abano com a mão e se tranca na sala. Estou tremendo muito por imaginar que ficarei engasgada um pouco mais, mas decido ir.Ligo para Henrique que na mesma hora marca de nos encontrarmos na entrada do prédio. Quando ele chega, fico um pouco aliviada.Capítulo 13
Meu telefone está no silencioso, mas a cada dez minutos vibra. Minha irmã me olha com uma expressão de curiosidade. Desistindo de me fazer falar, decide ir se deitar. O básico sobre a demissão eu já contei, mas Adriana não se contentou e quer saber o “real” motivo disso tudo.Agarrada ao meu travesseiro, torço para que tudo dê certo. Pedi demissão no impulso do momento e justamente quando a minha situação financeira não permite. Contudo, como ficar em um lugar onde meu chefe não me valoriza de forma adequada e só vê em mim uma ajudante para escapar das suas furadas? Não dá para aguentar isso. Sem falar que no momento da discussão com o Marcelo, eu estava bem emotiva, talvez por causa da pressão que Henrique, mesmo sem saber, exerceu sobre mim com aquele