Capítulo 5

Capítulo 5

Um grave acidente.

No fim do dia, Reginaldo e Cristina entram em seu carro sentido o aeroporto. No caminho o casal conversa animadamente, por um milésimo de segundo Reginaldo perde o foco da direção olhando para a esposa enquanto sorri animado.

Ao olhar para frente está de frente com um caminhão na pista contrária, a colisão é inevitável.

Após a batida, o motorista consegue sair do caminhão, mas antes de ir ajudar o casal o fogo se alastra o fazendo sair de perto, segundos depois o carro explode.

***

A noite chega, Mariza ficou responsável pelo jantar, os demais aguardam a refeição enquanto Dito conta outra história inédita.

Alexandre Gonzalez observa o filho entrar no casarão cabisbaixo, suspira preocupado, pois sabe o que o deixa assim tão triste.

— Amor, eu não aguento ver meu garoto assim.

— Infelizmente esse tipo de dor demora a passar, mas tenho fé, que nosso garoto irá encontrar o amor verdadeiro em breve.

— Tomara...

***

Nu, Tiago entra no banheiro, toma uma ducha demorada. Só sai do banheiro porque o celular toca com insistência no quarto.

Pega a toalha e sai do banheiro se secando apressado, olha a tela do celular, é seu advogado. Olhando as horas atende no viva voz.

— Pelo horário que está me ligando deve ser um assunto delicado.

— Senhor Gonzalez, infelizmente não tenho uma boa notícia. Seus funcionários, Reginaldo e Cristina sofreram um acidente de carro e não sobreviveram.

— Ah, meu Deus! E a filha, estava junto?

— Não, Senhor. A garota está comigo, tentei convencê-la a voltar depois do enterro, mas ela se nega terminantemente. Os tutores seriam os avós, mas estão com a saúde debilitada ou o tio que está separado há poucos dias. Mas como a jovem não quer voltar e não posso obrigar, o Senhor será seu Tutor legal temporariamente até a decisão do Juiz ser tomada.

Tiago fica boquiaberto com as informações, tem tanta preocupação na cabeça.

— Marcos...

— Eu sinto muito, Senhor. Será temporário, tempo o suficiente para descobrir porque a jovem não quer voltar. Caso o Senhor se negue, terei que levá-la ao conselho tutelar...

— Está bem, até onde sei ela está beirando os dezoito e poderá tomar suas próprias decisões em pouco tempo.

— Fico feliz com sua decisão, chegaremos na fazenda em uma hora.

— Estarei aguardando — diz e desliga o celular.

Suspira chateado pelo que aconteceu com os pais dela, Tiago não tem a mãe de sangue viva, mas a Mariza sempre foi uma excelente mãe para ele, não se vê sem os pais.

— Deve ter sido muito difícil pra ela...

Coloca as roupas e vai até a área gourmet onde todos devem estar reunidos para o jantar. Chama os pais para conversar no escritório, explica tudo o que aconteceu e pede conselho para os pais sobre o que deve fazer, nunca pensou que um dia pudesse ser responsável por alguém em sua vida.

— Se ela não quer voltar é porque algo a incomoda. Depois do enterro tentarei descobrir o que aconteceu. Vou preparar um quarto pra ela — disse Mariza ao se levantar.

— Quarto? Mas ela tem a casa dos pais...

— Querido, ela está sozinha agora, passando por uma fase muito difícil na vida dela. Acredita mesmo que seria melhor a deixar sozinha numa casa no meio do mato mesmo tendo vizinhos?

Tiago coça a cabeça, na verdade não sabe que atitudes deve tomar com a jovem, então balança a cabeça concordando com a mãe.

— A Senhora está certa.

Mariza vai até o quarto de hóspedes que fica no início do corredor, ao lado do quarto do Tiago.

— Pode ficar tranquilo, meu filho. Conversarei com o Dito e a Natália, ficaremos mais um tempo. Pelo menos até decidirem onde a garota irá ficar — disse Alexandre segurando o ombro do filho para lhe passar segurança. — Venha, vamos contar para todos o que aconteceu. A garota deve se sentir acolhida por todos nessa fase tão difícil da vida dela. Foi muito difícil quando perdi meus pais, achei que eu ia morrer também de tanta tristeza. No mesmo dia comecei a namorar a Mariza, foi a melhor coisa que me aconteceu, ela só tinha 14 anos eu já tinha 18, lembro como se fosse hoje. Bom, chega de conversa. Vamos!

Tiago nunca se cansa de ouvir a história dos pais, o amor deles enfrentou muitas barreiras até ficarem juntos. Gostaria de ter tido um amor lindo como o deles, mas tudo indica que nasceu para ser titio.

Todos estão reunidos ao redor da fogueira após o jantar. Dito estava se preparando para começar uma de suas histórias quando Alexandre o interrompe.

— Atenção, temos um comunicado a fazer.

— Reginaldo e Cristina sofreram um acidente vindo a falecer no local. Todos estarão liberados para ir no velório, a filha do casal ficará conosco por enquanto...

Tiago conta o que aconteceu sem entrar com muitos detalhes, alguns ficam surpresos, outros choram, mesmo com pouco tempo, já criaram um vínculo de amizade.

Natália fica chateada, lembra muito bem quando perdeu os pais, ainda era muito jovem, não tanto quanto essa garota, mas sabe o que deve estar passando em seu coração.

Após o comunicado todos ficam aguardando a chegada da jovem, enquanto isso, Dito conta um conto e Natália entra no casarão com Alexandre e Tiago.

— Vou procurar a Mariza — disse Natália indo até o corredor dos quartos.

Mariza coloca a última fronha no travesseiro, seus olhos estão marejados, sabe o que é perder os pais sendo tão jovem.

— Amiga, o que foi? — perguntou Natália entrando no quarto indo abraçar Mariza.

— O que aconteceu com essa mocinha me fez lembra do meu passado. Eu sofri tanto quando perdi meus pais... — responde aceitando o abraço carinhoso.

— Eu também... Mas não podemos receber a garota com toda essa tristeza.

— Você está certa — diz Mariza se recompondo.

***

Na sala de estar, Tiago observa o relógio no pulso, está na hora de chegarem, chama o pai para ficarem com os demais enquanto aguardam.

Alguns minutos se passam, Tiago olha para o lado, o carro do advogado estaciona do lado da casa. Saindo do carro, ele dá a volta no mesmo para abrir a porta para a filha de seus falecidos funcionários.

Todos se calam ao perceberem o patrão observando o veículo que acabou de chegar.

Marcos oferece a mão para a jovem sair do carro, ela aceita, desce devagar, sua vista está embaçada de tanto chorar.

Tiago está agoniado, observa a jovem se erguer, está de costas, mesmo sendo noite, a claridade da lua b**e nos cabelos compridos e cacheados mostrando todo seu brilho.

Segurando a mão da jovem, Marcos a leva até onde estão os demais. Tiago pisca algumas vezes, sentiu seu coração traiçoeiro dar um salto no peito, não sabe o que isso quer dizer, mas não gostou da resposta de seu corpo pela proximidade dela.

Suspira, uma, duas, três vezes tentando manter o controle de suas emoções, mas seus olhos o trai, repara em tudo na moça, do cabelo cacheado a pele morena e a beleza dos traços de seu rosto.

— Tiago, está é Luciana Lima da Silva. Luciana, este é Tiago Gonzalez, será o seu Tutor até o juiz decidir o que será melhor para você.

— Muito prazer — diz Tiago estendendo a mão para cumprimentá-la.

Luciana aceita o cumprimento, ao tocar a mão dele sente como se um choque percorresse todo seu corpo, ela puxa a mão sem jeito respondendo.

— Obrigada por entender o meu lado. Eu... Eu... — Novamente as lágrimas a toma fazendo seu corpo sacudir.

Triste com essa situação toda, Tiago abraça a jovem pelos ombros, olha para o advogado que também está triste pela garota e agradece por tê-la levado.

— Obrigado, vou cuidar dela. Amanhã cedo vamos para o velório.

— Eu que agradeço. Luciana, eu preciso ir, nos encontramos amanhã no velório, tente descansar um pouco.

Mesmo tendo parado de chorar não se afastou do abraço acolhedor do Tiago, levanta o rosto apenas para agradecer e se despedir do advogado e volta a enfiar o rosto no peito acolhedor do cowboy mais bonito que já viu na vida.

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