Theo Fernandes
No dia seguinte eu tinha acordado tão cedo por causa das janelas abertas do apartamento que um resmungo saiu da minha boca.Havia dormido no chão, com o celular na mão que me fez arregalar os olhos uma vez que tinha enchido a caixa de mensagens de Melissa Tompson com sabe se lá o que.Dei um tapa no meu próprio rosto, passando aos poucos a levantar daquele lugar.Poderia ser pior? pensei.Dei uma breve olhada envolta, tinha garrafas de cerveja e tudo o que poderia imaginar de mais deprimente.Soltei um suspiro pesado, minha atenção foi logo capturada pela série de batidinhas na porta.Senti automaticamente uma dor de cabeça por causa daquilo, soltei um palavrão e deixei a língua bater no céu da boca.Quem poderia ser?Olhei por alguns segundos pro relógio, observando os ponteiros no cinco e outro entre o três e o dois algo que me fez ficar ainda mais descrente, quem bateria na casaTheo FernandesEu não respondi aquilo, me mantive calado e por causa da minha reação muito extravagante - ironicamente falando é claro - minha mãe voltou a fazer o que estava fazendo anteriormente.Suspirei fundo, e mandei mais um pouco de café para dentro do estômago. Mesmo ela dizendo que não tinha segundas intenções eu não conseguia - de forma alguma - imaginar um cenário em que Amélia Fernandes não tivesse segundas intenções, ainda mais comigo que tinha algo que ela queria. Ela passou então a limpar a minha pequena bagunça, me virei um pouquinho e soltei um riso baixo no exato minuto em que ela começou a pegar as garrafas de cerveja.Dei de ombros. Já a mulher de pele envelhecida por causa do tempo preferia apenas fazer uma lenta negativa com a cabeça. Eu estava necessitado, o quê poderia fazer demais? Pensei.— O quê? — Retruquei quando percebi que ela ainda me observava. O rosto franziu um po
Theo FernandesA olhei sem acreditar nas coisas que ouvia.Como assim? Me perguntei. Ela olhou pro nada, mordiscou um pouco a pele um pouquinho. — Primeiro que só uma parte da minha família era rica e a outra não. — Falou dando um espaço para que eu dirigisse cada informação que saia da boca feminina. — Eu morava com os meus avós e por causa disso fui criada bem simples, o único problema disso era que eu...— Você? —Retruquei assim que ouvi, mordi a língua um pouco com força.A minha pequena ação conseguiu arrancar um riso baixo da boca feminina. Por causa do que eu fiz acabei consequentemente ficando um pouco constrangido. Fiz um sinal com a cabeça para que minha mãe continuasse a falar, e dessa vez tentaria ao máximo não interromper enquanto a mulher falava. — Era que em um momento da minha vida, eu tive que fazer uma escolha que eu não gostei de fazer. — Disse deixando uma pausa entre as falas e
Theo FernandesAs palavras ditas pela mulher perambulavam a minha cabeça como uma espécie de assombração.Estava em choque por causa daquela informação.Ao que eu entendi o meu pai, digo, a pessoa que eu achava que era o meu pai só queria o poder que isso poderia trazer. O meu avô era um velho idiota que acreditava em boas tradições, na mente dele o poder vinha de alianças e a aliança mais forte era a da família. Se o meu pai tivesse uma consequentemente poderia então assumir o cargo de presidência e não iria sofrer nenhum corte ou algo do tipo. Então resumidamente, tudo o quê eu acreditei ser verdade era uma mentira deslavada inventada sabe se lá pra que. Passei longos minutos encarando a parede, tentando assimilar as coisas.Eu não tinha reação.E tinha todos os motivos do mundo - universo - para não ter. Amélia tentou se aproximar de mim, tentou me consolar ou qualquer do tipo o único
Theo Fernandes A olhava sem acreditava nas coisas que ouvia. A minha respiração estava pesada, os batimentos do coração acelerados por uma fração curta de segundos. As palavras dela, todas elas, batucavam na minha cabeça como uma espécie de música chiclete bem irritante. Não sabia o que falar, muito menos o que fazer, o que fiz foi uma das coisas mais inusitadas que poderia fazer me conhecendo, passei os braços pelo corpo feminino abraçando a por alguns segundos. Aquilo pegou tanto eu como ela de surpresa. Demorou até que sentisse os braços da minha mãe passarem pelo meu corpo, os dedos gentilmente me fizeram um cafuné e ficamos ali por um bom tempo. Não me lembro ao certo quando foi que eu tive um contato tão direto com a minha mãe, na verdade, me lembro de pouca coisa da minha infância, já que na maior parte do tempo sempre estive em internatos, e quando não estava normalmente o meu tempo era ocupado com a prese
Theo FernandesEu admito que nada do que aconteceu estava nos meus planos. Ficar mais próximo da pessoa que eu mais odiava na fase da terra, descobrir a verdade sobre a história do meu nascimento e te outras coisas com toda a certeza, não estavam na minha lista de afazeres diários ou de planejamentos. Mesmo que ainda estivesse um pouco confuso sobre algumas coisas deixava para perguntar depois, agora nesse momento eu queria focar em outra coisa como comida, por exemplo.Convidei Amélia para sair do apartamento e se distrair em um lugar que talvez um dia em vida já esteve.Isso seria engraçado.Ver a minha mãe em uma lanchonete.O lugar era algo simples, não tinha lá detalhes muito elaborados na frente ainda assim ganhava atenção do público, por causa da escolha de cores como: vermelho e azul claro sendo destaque em tudo menos no chão que tinha a cor preta dominante. No lado de dentro era possível se lembrar d
Melissa TompsonEu não sei ao certo como eu devo começar isso, talvez do início seria uma boa ideia? Ri de nervoso com aqueles pensamentos.A semana de ano novo com toda a certeza é a mais agitada em toda a minha vida e eu posso facilmente listar os motivos pelo qual ela de torna agitada, primeiro é que eu não tenho paz nem um único segundo e não menos importante que isso, é claro trabalho quase vinte e quatro horas por dias ou seja é um período muito grande de tempo para tentar fugir do meu querido chefe. Nao tive mais notícias de Amélia Fernandes algo que eu sinceramente agradeço do fundo do meu coração, talvez só talvez, aquela mulher tenha achado um pouquinho de bondade em seu ser ou apenas teve uma leve amnésia e esqueceu totalmente da minha existência, seja lá o que for eu agradecia de pés juntos por ter acontecido.E tem mais uma coisa, faz alguns dias que recebi um áudio de Theo Fernandes.Eu tinha bloqueado o contato como uma pe
Melissa TompsonAs horas seguintes foram menos perturbadoras do que as anteriores, agradeço mentalmente por cada minutinho em que a minha mente foi graciosamente ocupada com outra coisa, e não a minha perturbadora vida pessoal.Como sempre na hora de ir embora fiquei até mais tarde Emily me esperava sentada em uma das mesas, comendo um pouco de chocolate ri com a cena. Eu estava testando uma nova receita e não iria embora até que tudo estivesse certo. Demian entrou naquele ambiente vendo tanto eu como a loira ali, seu rosto franziu um pouco confuso.Já tinha dado o horário de ir embora como também o horário de fechar.Ele suspirou um pouco, por fim questionou o que queria saber. — O quê estão fazendo ainda aqui? — deu uma pausa entre as falas apenas para poder olhar cada um ali presente. — Vocês sabem bem que não vão ganhar mais por ficar mais tempo no restaurante não sabem disso?Emily riu e eu fiquei concentrada na m
Melissa TompsonQuando eu cheguei em casa era bem tarde, eu estava cansada e não conseguia sentir nem ao menos os meus dedos.O sapato apertava os meus dedos de maneira tão cruel que ao andar soltava gemidos baixinhos, andei até o sofá e praticamente me joguei logo depois de fechar a porta, soltei um palavrão entre os lábios.Acho que nunca havia ficado tão feliz quanto agora, pode ser até bobo, ainda assim fiquei feliz de verdade em ter contato com algo macio e fofinho e não algo duro e gelado como o chão. Quando você vai crescendo e consequentemente tem a tendência de virar um adulto chato - ou não - coisas pequenas e bobas como aquela te alegram e muito, pelo menos era esse o meu caso. Se tinha uma coisa que eu poderia dizer com toda a certeza que odiava era que odiava sapatos muito apertados, me livrei deles sem demora alguma.Fiquei me perguntando mentalmente o motivo pelo qual ainda insistia em comprar essas peças de tort