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Alicia Rogers narrando

Os anos foram passando e o meu casamento com Jonas foi ficando cada vez pior, a nossa relação e a nossa convivência era horrível. Após a chegada da nossa filha eu achei que as coisas iriam melhorar, mas pelo ao contrário. Ele nunca me tratou bem, nunca demonstrou carinho ou sentimento por mim, nem mesmo durante a gravidez, ele fazia com que o nosso casamento fosse realmente por contrato, fazendo com que tudo que era feito entre nós dois fosse feito por mera obrigação.

Logo após o nascimento da nossa filha, eu achei que ele mudaria, ficaria mais comigo, mais em casa e que daria mais importância a família que a gente está criando, mas pelo ao contrário, no mesmo dia que cheguei da maternidade eu implorei que ele ficasse em casa comigo e ele se negou, saindo e voltando no outro dia bêbado e com cheiro de mulher e assim era até hoje.

Ele era um ótimo pai para ela, Maria Alice realmente era tudo na sua vida, ele parava tudo para ficar com ela e tinha uma paciência que eu jamais tinha visto, realmente ele era um pai presente na vida dela e ela amava o pai. Isso era a única coisa que eu não poderia me queixar dele.

Comigo, ele continua a mesma coisa.

Eu estou sentada na frente do computador escrevendo, eu sempre gostei de escrever a minha vida toda e quando me casei com Jonas eu tive que trancar a minha faculdade de Letras.

- Boa noite – Jonas entra pela porta do quarto me dando um susto.

- O que você faz aqui tão cedo? – eu falo fechando rapidamente o notebook.

- O que você está fazendo que ficou tão nervosa? – ele fala colocando a sua pasta em cima de uma poltrona que tinha no quarto. – Alicia? – ele pergunta andando em minha direção.

- Nada de mais, estava pegando algumas receitas apenas – ele me encara. – Você disse que voltaria só mais tarde, você me assustou.

- Minha reunião foi cancelada, o meu novo sócio não conseguiu chegar em Nova York ainda. Deve chegar em algumas horas, ainda não tive noticia só sei que ele já saiu do Rio de Janeiro– ele tira seu terno e me entrega para que eu guarde.

- Deve atrasar os negócios de vocês – eu falo.

- Sim, atrasa e isso me deixa muito irritado – ele fala tirando a sua gravata e me entregando – Cadê Maria Alice?

- Está no quarto, eu dei o banho e coloquei ela para dormir – eu falo.

- Vou passar lá dar um beijo nela – ele fala e eu apenas assinto com a cabeça.

Ele sai do quarto dando tempo que eu guardasse melhor as minhas cosias, eu estou me matriculando novamente na minha faculdade, escondida dele e eu nem sei qual seria a sua reação quando eu contasse para ele.

Não demorou muito para ele voltar do quarto de Maria Alice, ele entra em silencio e vai para o banheiro. O seu celular começa a tocar e vejo a foto de um homem loiro de óculos na tela do seu celular e leio o nome Mateus Costa e pego o celular na mão, logo a ligação para e eu coloco o celular novamente no lugar e Jonas sai do banheiro.

- Teu celular tocou – eu falo. – eu vou descer preparar algo para você comer.

- Não precisa, eu já comi na rua – ele fala. – me prepare uma bebida, que eu já desço.

- Ok – eu falo. Coloco o hobby por cima da camisola longa e desço as escadas.

A gente tinha se mudado para essa casa logo quando Maria Alice nasceu, Jonas queria um espaço para ela brincar, queria dar tudo a ela.  

Eu vou até o bar na imensa sala e preparo a bebida de Jonas que logo desceria, deixo em cima da mesinha do centro como fazia todas as noites.

Alguém b**e na porta e eu acho estranho porque nenhum dos inúmeros seguranças de Jonas deixaria alguém b**er na porta.

- Boa noite – eu falo abrindo a porta e vendo o mesmo homem da tela do celular parado na minha frente, ele me encara de cima a baixo e eu encaro ele. – Como posso ajudar? – eu pergunto vendo que ele está todo molhado.

- Mateus? – Jonas pergunta atrás de mim – estava preocupado com você – Jonas passa por mim – coloque uma roupa apropriada e arrume os aposentos para ele – ele fala baixo.

Mateus me encara e eu o encaro, é como se o seu olhar penetrasse em mim e eu tivesse ficado impactada por ele. Eu saio andando, mas olhando para trás e os nossos olhares sempre se cruzando.

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