05

O brilho prateado da lua guiou o meu caminho enquanto eu fugia para o desconhecido, deixando para trás o castelo que um dia abrigara a promessa dos sonhos de uma princesa.

Corri até minhas pernas fraquejarem sob mim, ofegante, enquanto me encontrava envolvida na esmagadora escuridão da floresta onde minha vida começara.

Tropecei, sentindo as raízes retorcidas de uma árvore se estendendo para me abraçar como dedos esqueléticos. Meu corpo tremia de medo e exaustão, mas me forcei a continuar, determinada a colocar o máximo de distância possível entre mim e aquele maldito castelo.

Finalmente, não pude correr mais. Meu coração batia como um tambor de guerra, e meus pulmões gritavam por um descanso. Apoiando-me em uma árvore, desabei no chão da floresta, meu corpo tremendo tanto pelo esforço quanto pelo terror que ainda me assombrava como um espectro implacável.

O ar da noite sussurrava cantigas sinistras, me incitando a descansar. Minhas pálpebras pareciam pesadas, como se fossem sobrecarregadas pelo peso dos segredos que eu carregava.

A luz da lua filtrava entre os galhos, lançando sombras fantasmagóricas que dançavam no chão da floresta, fazendo-me questionar cada ruído e movimento na escuridão.

A exaustão finalmente superou meus medos, e cedi ao sono, sem saber o que a noite me reservava. Meus sonhos eram assombrados por memórias de um passado distorcido e visões de um futuro incerto, entrelaçados como vinhas espinhosas, sufocando a vida dentro de mim.

Enquanto eu estava ali, vulnerável e sozinha, a floresta prendia a respiração, como se a própria terra sentisse o peso da minha inocência destroçada e a gravidade do caminho que eu estava destinada a percorrer.

A floresta era testemunha da minha angústia, a sentinela silenciosa da minha trágica história, e a escuridão tornou-se minha única companheira na quietude daquela noite.

**

Eventualmente, ouvi vozes próximas e fingi estar dormindo.  — Quem é essa garota? —  alguém disse com autoridade e uma voz profunda.

Meu coração saltou dentro do meu peito enquanto seu aroma sedutor pairava no ar, envolvendo-me em um abraço intoxicante. Mesmo sem vê-lo, eu sabia no fundo da minha alma que ele era meu companheiro destinado.

Mas um turbilhão de emoções inundou meu ser enquanto a dúvida e a incerteza turvavam minha mente. Será que ele realmente poderia me aceitar como sou? Ele era o rei majestoso que meu pai falecido havia mencionado, aquele que tinha carinhosamente me adotado em seu coração?

Enquanto eu estava ali, cercada pelos olhos atentos dos lobos, meu coração ansiava por um amor que desafiasse todas as probabilidades. Ousava sonhar com um amor tão puro e apaixonado, onde os sussurros do destino entrelaçariam nossas almas.

No fundo da minha mente, eu me agarrei à memória do abraço caloroso do meu pai, suas palavras amorosas ressoando como uma estrela-guia. Ele me disse que um dia, eu encontraria meu verdadeiro companheiro, um amor que transcendesse o tempo e as circunstâncias.

Meu companheiro!

Quando me ergui, a atmosfera estalou com uma tensão elétrica, e os lobos ao meu redor recuaram em reverência, seus olhos fixos em mim com uma mistura de medo e reverência.  — Seus olhos... —  exclamou um deles, e como um ripple em um lago, todos deram um passo para trás coletivamente.

E então, como se atraídos por uma força invisível, eu colidi com um Alfa. Meu companheiro.

Naquele momento de colisão, o tempo parecia parar, e o mundo desapareceu, deixando apenas nós dois em um universo próprio.

Seus olhos penetraram nos meus, como se ele pudesse ver até as profundezas da minha alma, e senti uma conexão profunda que transcendia os limites dos simples mortais.

Nossos corações batiam em uníssono, sincronizados pelos antigos laços do destino que nos uniam. Como companheiros, ouvíamos os batimentos rítmicos do amor ecoando entre nós, abafando os sons do mundo exterior. A intensidade do nosso vínculo era palpável, como uma sinfonia de emoções tocando em perfeita harmonia.

 — Quem é você? —  ele disse em uma voz ao mesmo tempo terna e comandante.

Com cada fibra do meu ser, eu queria contar a ele tudo, derramar minha alma e compartilhar as profundezas do meu coração. Mas o peso da incerteza me segurava, e hesitei, minha voz mal passando de um sussurro.  — Eu sou Rarity. — 

Naquele momento, o tempo parecia se esticar indefinidamente, como se o universo estivesse prendendo a respiração. Seu olhar não vacilou, e era como se ele visse não apenas o nome, mas a essência do meu ser.

Ele estendeu a mão, tremendo de antecipação, como se estivesse prestes a tocar um tesouro raro e precioso. Naquele toque, senti uma onda de energia percorrer meu corpo, acendendo um fogo que ardia dentro da minha alma.

Ele colocou as mãos no meu rosto e balançou a cabeça,  — Não. Você é minha companheira. — 

Eu estava olhando suavemente para o rei, não proferindo uma única palavra. Eu o amara desde o momento em que nossos olhos se encontraram.

Mas por que ele afirmava que eu era sua companheira?

Poderia ser que ele realmente me aceitasse, apesar da minha aparência pobre, minhas roupas sujas de lama e suor?

Naquele momento, eu nem sequer sabia o nome dele. Meus dias e noites eram consumidos pelo trabalho no castelo, deixando-me distante das vidas normais dos lobisomens. Eu estava em pior situação, tendo abandonado meus estudos e sem o treinamento que me tornaria digna aos olhos do rei. Ele me referia como uma "Luna analfabeta".

Seus olhos suavizaram, mas minha mente não conseguia compreender a razão por trás de sua felicidade ao me encontrar. Afinal, ele era o Alfa mais poderoso, capaz de escolher qualquer companheira que desejasse.

Por que então ele me escolheu?

Com delicadeza, ele segurou minha mão e depositou um beijo terno em minha mão superior. Eu tremi levemente, mas seu toque não me repeliu.  — Meu rei, estou tão confusa, —  pisquei, tentando dar sentido às emoções avassaladoras que me invadiam.

Em resposta, ele tirou seu casaco caro e o colocou sobre meus ombros, um gesto ao mesmo tempo gentil e protetor.  — Por quê, minha Luna? —  Sua voz continha uma ternura que fez meu coração bater mais rápido, como um morcego voando na escuridão, anunciando o amanhecer precoce.

 — Eu sou pobre e suja, e... —  tentei explicar, minha voz tremendo de autodesgosto.

Ele gentilmente segurou minhas bochechas, olhando profundamente nos meus olhos como se pudesse enxergar até minha alma, como se seus poderes permitissem que invadisse minha mente e desbloqueasse meu passado.

 — Rarity? Estou certo? —  ele perguntou, e eu assenti, minhas bochechas se aquecendo com um leve rubor.  — Onde é sua casa? Onde você mora? —  ele perguntou.

Senti uma onda de irritação, insegura de quanto deveria revelar. Deveria dizer a ele que era a princesa adotada, ou compartilhar a verdade dolorosa de que meus pais verdadeiros me abandonaram na floresta muitos anos atrás?

E quanto ao segredo sombrio de ser forçada a trabalhar como criada, suportando abuso e dificuldade?

Nervosamente, engoli em seco e reuni coragem para falar,  — Você realmente quer ouvir a verdade? —  perguntei, ansiosa sobre sua reação.

Um sorriso caloroso iluminou seus lábios, mas seus olhos tinham uma firmeza que advertia contra a desonestidade.  — Claro, tudo. Eu desprezo mentiras, lembre-se disso. — 

Dando um passo para trás, mexi nervosamente nos meus dedos, olhando em volta para a presença de sua matilha, guardas, betas e amigos nos cercando.

Embora eu quisesse um novo começo, não buscava vingança contra ninguém. Tudo que eu ansiava era uma chance de escapar e começar de novo.

Mas... e se ele decidisse não ser meu companheiro depois de ouvir a verdade sobre mim?

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