Sub. Meu Novo Lar
22/08/2012 15h05min
O lugar onde resolvi me abrigar se tratava de uma pequena quitanda localizada a poucos metros de onde ficava meu apartamento. Era costumeiro comprar frutas e verduras importadas do Brasil sempre que dava, por um preço camarada. O dono do estabelecimento, o Sr. Wilson, sempre simpático, costumava me contar várias histórias do tempo em que passou no Exército. No momento em que entrei, pensei que seria acolhido, dando-me boas-vindas e m
Sub. Uma semana difícilEstava confuso.Desorientado.Não sabia o motivo do sol não estar brilhado no céu. Sabia que, mesmo com a tempestade que parecia não ter fim, deveria ter pelo menos alguns indícios de sua presença, mas tudo estava tão escuro como em um quarto fechado. Os raios eram as únicas luzes visíveis do lado de fora. Iluminando o básico.Casas vazias e estabelecimentos abandonados.Os fortes estrondos dos trovões tremiam o chão aos meus pés. Pelo menos, me distraíam. Não gostava do silêncio de antes. Meu corpo ainda queimava. As veias avermelhadas tinham começado a diminuir de tamanho. O que me deixou mais tranquilo, pois, mesmo sentindo as dores deixadas por elas, podia notar sua diminuição. Com toda a certeza, em mais alguns dias, sumiriam como se nunca tivessem sido feitas.Já passava das seis. Tinha comido alguma
Sub. O sonho16/09/2012Mais semanas tinham passado. O tempo parecia passar muito mais lento. Deveria ser pelo fato de não ter absolutamente nada para fazer. Estava sozinho e sem falar com outro ser humano. Parecia que já tinha se passado uma década, dês do ditoso eclipse. A solidão estava começando a me afetar. Tinha a noção que o falar sozinho vinha aumentando com o tempo. Mas se não fizesse isso com toda a certeza ficaria louco. Minha mente já buscava opções sombrias. Tinha pensado umas duas – ou cinco – vezes me matar. Mas ela se extinguia ao pensar na dor que poderia sentir. Muitos pensam que a morte é rápida e indolor, mas tudo não passa de enganação.A morte dói.Já vi isso acontecer. Vi pessoas tirarem suas vidas pensando que teriam um fim tranquilo, só que descobriam o contrário quan
Acordei com o frio e a dor latejante vir de minha nuca. Abri os olhos com dificuldade tentado me acostumar com a luz incessante acima de mim. O despertar instantâneo me deixou confuso. Estava deitado olhando para um teto repleto de teias de aranhas e com a uma luz fluorescente que ousava piscar a cada segundo como se em breve simplesmente de uma hora para outra nunca mais ficaria acesa me mergulhado de vez a escuridão sufocante do lado de fora daquelas paredes. Tentei levar a mão a nuca para averiguar de onde exatamente vinha a dor, mas para minha infame surpresa minhas duas mãos estavam algemadas. Me desesperei. De alguma maneira aquela situação acabou acarretando uma terrível sensação. Uma sensação claustrofóbica e pesada me fazendo perder o fôlego e ter palpitações constante em meu coração. O que tinha feito para ter sido algemado e largado em uma sala que parecia estar deserta a não ser por um Josef que se retorcia tentado sem sucesso se livrar das al
Os primeiros dias como o mais novo ajudante do abrigo me fez esquecer por um bom momento o inferno do lado de fora daquelas paredes, mas mesmo assim era lembrado do evento a todo instante, pois as pessoas que estava tratando deixavam-me na responsabilidade de não ser apenas um médico comum, cuidando de ferimentos e fraturas, mas também um terapeuta. Um amigo em que os sobreviventes poderiam se abrir e contar suas histórias e sentimentos. Tinha passado tanto tempo longe de pessoas que qualquer coisa que me contassem me animava.Cada um naquele abrigo tinha uma história e um ponto de vista diferente sobre o eclipse. A grande maioria tinha em mente que o fatídico evento tenha sido obra do próprio Deus, punindo os impuros e fazendo com que sofrêssemos até o dia que todos os nossos pecados fossem perdoados. Outros achavam que eram alienígenas que destruíram o sol para finalmente poder invadir e tomar a terra. Outros não tinham o q
A primeira coisa que eu e Jhenny notamos foi a correria. Sabia que algo estava acontecendo e Jhenny também. Ela estava ali mais tempo que eu então sabia quando algo ruim acontecia e pela movimentação dos guardas não deveria ser nada bom. — O que será que aconteceu? — Perguntei curioso. — Não faço ideia. — Respondeu sendo sincera. — Pode ir Josef já tirei muito do seu tempo. — Pediu tocando em meu ombro. — Eles com certeza precisam de você. Olhei para ela com um sorriso e disse passando a mão sobre o jaleco a procura de alguma sujeira visível. — Me desculpa mesmo Jhenny. Eu preciso voltar a trabalhar meu horário de almoço está quase no fim. Mas, não se preocupe não vou deixar o serviço me impedir de conversámos. — Não precisa se desculpar. Agora vá antes que algum guarda venha te buscar. — sorriu me abraçando. — Você tinha razão! Eu me sinto bem melhor depois de ter desabafado. — Eu falei. — Disse retribuído o abraço. — Bo
Após tomar um banho demorado no banheiro dos funcionários – umas das poucas regalias que tinha, já que o chuveiro ainda funcionava com água quente – me vesti ainda com o pensamento a milhão. Minha mente estava composta por cenas da operação de Rick e fragmentos da conversa que tive com Elenna. Estava me sentindo orgulhoso por ter conseguido salvar a vida de um amigo e podia sentir de Elenna e Miguel que tinha ganho pontos com eles. Me preparei rapidamente e me dirigi até a sala do comandante. Não sabia qual seria a conversa que teríamos. Estava ansioso e com um pingo de receio. Não sabia distinguir os meus sentimentos.Cheguei até a sala do comandante e fiquei a encarar a porta a minha frente. Tomando coragem bati e escutei um sonoro “Entre” vir de dentro da sala. Levei a mão a maçaneta e entrei no recinto.O escritório do comandante era realmente incrível. Dez metros de comprimento e quinze de largura repleta de artefatos
Eu passei o resto da tarde pensando e remoendo o ódio que sentia. Toda vez que tentava me distrair com os afazeres do fim do meu turno a lembrança do comandante invadia minha mente. Eu estava ansioso. Meu coração acelerava a cada dez minutos. Podia sentir a ansiedade em meus músculos. Não sabia como controlar os meus sentimentos. Já tinha chorado muito. Chorei, pois não podia fazer nada a respeito. Eu faria qualquer coisa para não ter que voltar para fora. Queria permanecer seguro no abrigo e esquecer o que vivi e presenciei nos poucos dias que passei sozinho neste mundo que sucumbiu a escuridão. Ellena me pediu para ficar calmo, pois tudo daria certo e que me protegeria. Para ela era fácil falar. Ela tinha total conhecimento e experiência em missões perigosas. Ela trabalhava com isso. Eu não tinha conhecimento algum. Muito menos sabia qual seria o meu real propósito junto ao grupo. Com toda a certeza eu seria o médico. Isso já estava nítido em minha ment
Sub. AnimalAs finas gotas de chuva caia lentamente sobre o vidro fume do furgão. Apoiei minha cabeça contra o encosto do banco de couro, e fiquei a contemplar cada gota minúscula escorrer pelo vidro, feito lágrimas em um rosto tristonho. O odor de cigarro e suor ali dentro se misturavam fazendo o meu nariz coçar. Estava apavorado e ansioso, mas mesmo assim me mantive calado. Não queria que os outros membros da equipe notassem meu nervosismo. Tinha que manter a calma e agir como um médico. Deveria ser profissional, aliás aquilo fazia parte do trabalho. Não importava se fosse ou não forçado eu tinha que cumprir o meu papel. Tentei me distrair olhando pela janela do furgão e notei o quão grande e organizada era o lado de fora. Os grandes muros eram bem iluminados e suas luzes eram sempre apostadas para a parte da frente do abrigo onde ficava a rua com barricadas para os transformados. Não sabia muito bem como