Enquanto se despia, Mikhail deixou cair a camisa no chão, com o olhar fixo no espelho do vestiário. Seu reflexo lhe deu uma imagem que ele odiava: o homem que antes era poderoso e forte agora estava quebrado, incompleto. A cicatriz em suas costas parecia brilhar sob a luz fluorescente, lembrando-o de que, por mais que tentasse, não conseguiria andar tão perfeitamente como antes.Ele ouviu passos atrás dele e ficou tenso. Anna entrou no vestiário masculino sem dizer uma palavra, com uma expressão séria. Ele não conseguia evitar: a mera presença dela o agitava, fazia com que ele se sentisse vivo e magoado ao mesmo tempo."Anna, quero que você volte para casa", ele perguntou com um tom que tentava ser firme, mas seu olhar o traiu.Anna olhou para ele, franzindo a testa, surpresa com seu pedido repentino. Sem dizer uma palavra, pegou o celular e, sem tirar os olhos de Mikhail, começou a discar um número. -O que você está fazendo? “Vou chamar os seguranças”, ela respondeu friamente. Pre
Depois do jantar, durante o qual Anna ficou inquieta, ele foi para o quarto sem dizer mais nada. O silêncio de Mikhail a atormentou. Ele não havia mencionado nada a ela sobre seu encontro com Mark, e isso só aumentou sua ansiedade. Sentindo que precisava se acalmar, decidiu tomar um banho.—Agora, o que Mikhail está fazendo? — ela murmurou para si mesma enquanto a água quente tentava, sem sucesso, relaxá-la.Ela odiava quando ele engolia coisas, quando a deixava no escuro. —Será que você não me conta nada que me impeça de agarrar María e bater nela? —murmurou ela ao sair do banheiro, enrolada em um roupão de seda, secando os cabelos exasperada—. Certamente ele a protege para o filho, mas não vou deixar isso acontecer assim.—Ana—. Ela pulou um pouco quando virou o rosto e o viu ali, próximo às cadeiras. Não foi Maria, não foi ela quem orquestrou tudo o que aconteceu com você.Anna olhou para ele, estreitando os olhos, e franziu a testa como se não conseguisse processar o que acabar
Depois de investigar minuciosamente, Anna descobriu que Fina, prima de Mikhail, era dona de um centro de beleza exclusivo do qual ela já tinha ouvido falar muitas vezes, mas nunca teria imaginado que estava sob o controle daquela mulher. Decidida a confrontá-la, bem cedo naquela manhã, ela convidou Tatiana e deixaram Lucas aos cuidados de Svetlana.Ao entrar no centro de beleza, os olhos dos funcionários estavam fixos neles. Anna e Tatiana, fingindo ser clientes comuns, foram obrigadas a concordar com alguns tratamentos enquanto esperavam a chegada de Fina. Minutos se passaram até que a viram aparecer, com um café americano em uma das mãos e uma sacola cara na outra, que parecia um troféu. Ele cumprimentou todos os presentes com um sorriso forçado, mas quando seus olhos pousaram em Anna, o sangue pareceu escorrer de seu rosto.Fina se aproximou disfarçadamente, tentando manter as aparências. "Você não é bem-vinda no meu negócio", ele disse a ela em um tom gelado. Vá embora.Anna o
Já na consulta médica, María sentou-se diante do médico com o coração na garganta. A espera a estava consumindo, mas o que veio a seguir foi ainda pior.“Senhora, lamento informar que o bebê tem uma deformidade grave...” o médico falou com cautela, como se cada palavra fosse uma faca afiada.Maria sentiu todo o seu mundo desmoronar de repente, mas sua reação foi de fúria e negação.—Já se passaram 37 semanas e agora é que me contam isso! —exclamou Maria, dando uma risada sarcástica—. Você não tem ideia do que está dizendo."Não, você está errada, senhora", respondeu o médico com firmeza. Desde as primeiras semanas de gravidez informei-a que esta gravidez não era normal e que tinha que ser interrompida porque o feto tinha uma deformidade. Mas você se recusou a me ouvir. —A médica tirou os registros e colocou na frente dela—. Aqui está, tudo bem claro.—Não vou me livrar do meu filho! ele gritou, batendo com o punho fechado na mesa. É a única coisa que tenho! A única coisa que me resta
Embora três dias tivessem se passado, María estava perturbada, consumida pelo ódio e pela raiva. A imagem de Mikhail sorrindo e celebrando a gravidez de Anna continuava a assombrar sua mente, como um eco incessante que a atormentava. Se não posso ter um filho saudável e feliz, ninguém o terá, pensou ela com amargura, a sua mente a traçar um plano cruel. Determinada a se vingar, ela sabia que se quisesse destruir Anna e Mikhail, tirar Lucas deles seria o golpe mais devastador. Ele não se importava com o que tinha que fazer para alcançá-lo. Ele estava vigiando a casa de Mikhail e percebeu que Tatiana levava Lucas para brincar em um parque próximo todas as tardes.Ele estava quebrando a cabeça sobre o que fazer para atingir seu objetivo, mas quando viu a garota que morava em sua casa, brincando ali perto, com um sorriso falso, ligou para ela."Venha aqui, pequenina", disse ele, seu tom envenenado por uma doçura fingida. Você gostaria de ir brincar em um parque? O pequeno inocente ass
Os pneus cantaram quando eles desviaram e as patrulhas logo começaram a perseguição. Lucas, exausto de tanto chorar, finalmente adormeceu no banco de trás, completamente alheio ao caos que se desenrolava ao seu redor. María olhou pelo retrovisor e percebeu como os faróis dos carros da polícia se aproximavam cada vez mais. O medo a consumiu, mas também a sua teimosa recusa em desistir."Não... eles não vão me pegar", ela murmurou baixinho, segurando o volante com força, enquanto lágrimas involuntárias se acumulavam em seus olhos.A velocidade era extrema. María recusou-se a ceder, mesmo sabendo que estava à beira do abismo. Seu coração batia forte no peito e suas mãos suavam enquanto ele girava o volante desesperadamente, procurando uma saída, uma rota de fuga que parecia cada vez mais impossível.Mas tudo mudou em um segundo.Ele desviou, fazendo o carro derrapar na estrada molhada. O controle escapou de suas mãos e o carro derrapou incontrolavelmente na pista contrária. O impacto f
—Eu te explico quando você chegar. Não se preocupe, basta vir ao hospital.” Sergei tentou manter o tom calmo, embora por dentro estivesse igualmente afetado.Anna ficou em silêncio por um segundo, mas finalmente concordou.—Tudo bem... vamos.Ele desligou o telefone e Sergei virou-se para Mikhail, que olhava para ele com os olhos vermelhos de raiva e medo.— Vamos, Mikhail. Lucas precisa de nós.Minutos depois, eles chegaram ao hospital. Mikhail se apressou, quase tropeçando a cada passo, o coração batendo forte de angústia. Os corredores brancos da sala de emergência pareciam um túnel sem fim, e tudo ao seu redor desaparecia. Ele só conseguia pensar no filho, só conseguia pensar em salvá-lo.Ao chegar ao pronto-socorro, a primeira coisa que viu foi María. Ela estava em uma maca, com o rosto encharcado de lágrimas e as mãos trêmulas cobertas de sangue. A dor e o pânico em seus olhos eram evidentes. Ela o viu e, estendendo a mão para ele, entre soluços, implorou:—Mikhail… por favo
Na sala de cirurgia, a atmosfera estava fria e carregada de tensão. As luzes brilhavam intensamente no corpo de Maria, enquanto ela tremia na maca. O suor cobria sua testa e seus olhos, vermelhos de tanto chorar, permaneciam fixos no teto. Eu sabia que não poderia empurrar. Ela estava exausta, sem forças, mas mais que o cansaço, era o medo que a consumia."Não posso... não posso..." ele sussurrou entre soluços, enquanto uma enfermeira enxugava seu suor com uma toalha quente.O médico-chefe da operação veio ao seu lado.—María, vamos ter que fazer uma cesárea de emergência. O bebê não aguenta mais. Temos que agir rapidamente.Maria engoliu em seco. Seu coração parecia bater fora de controle. Ele não conseguia parar de pensar em tudo o que havia acontecido, no acidente, no impacto, no sangue que vira saindo de seu corpo. Mas acima de tudo, ela pensava em seu bebê. Ela sentiu um nó na garganta que a impedia de falar, mas, apesar de tudo, uma única ideia se repetia em sua mente: seu be