— Se você não quisesse me salvar, por que mudou de ideia?A voz grave do homem ecoou ao seu lado.Nicole se virou, visivelmente exasperada, e encarou-o:— Não pense que todos são tão ruins quanto você. Eu tinha intenção de te salvar, apenas subi à superfície para respirar.Naquele momento, ela própria estava quase sem ar, se não subisse para respirar, ambos se afogariam.Portanto, desde o início, ela planejava salvá-lo.Vasco estreitou os olhos:— Por quê?Ela claramente o detestava, mas ainda assim escolheu salvá-lo.— Por que salvar você? — Nicole deu de ombros e falou com tranquilidade. — Não posso simplesmente deixar você morrer.Não havia uma razão particular.Apesar de detestar Vasco, não podia deixar de salvar uma vida.Sinceridade transparecia em seus olhos.Vasco desviou o olhar, com emoções enigmáticas cintilando no fundo de seus olhos escuros.Ele, um homem habituado a ligar ações a interesses, pensava que ela o tinha salvado porque ainda precisava dele para confrontar Tábat
Essa frase soou como se ele tivesse sofrido uma grande humilhação.Nicole também realmente não queria perder tempo com ele, do contrário, teria que insultá-lo algumas vezes....Vasco, alto e grandioso, era carregado nas costas por Nicole, de corpo franzino. Cada passo era um esforço.Caminhavam um pouco e tinham que parar para descansar.Finalmente chegaram a um terreno mais elevado. Nicole encontrou um espaço aberto, colocou Vasco no chão e se sentou exausta, ofegante.— Pronto, vamos descansar aqui.Vasco olhou para ela seriamente e não disse nada.Nicole não tinha muito o que conversar com ele. Se sentou no chão, encostada em um tronco de árvore, olhando distraidamente para a superfície da água não muito distante.Não esperava que, Davi insistindo em ensiná-la a nadar, isso realmente salvaria sua vida.Ela estava cansada, com fome, se sentindo muito desconfortável, e muito... Saudosa de Davi.O rosto bonito de um homem apareceu em sua mente. Ela mordeu o lábio com força. Davi, você
Ao entardecer, Nicole encontrou algumas frutas silvestres para comer.— Isso também se come? Eu não quero! Vá me buscar algo diferente!O nobre em desgraça, ainda é um nobre.Vasco olhou com desgosto para as pequenas frutas vermelhas de aparência feia, nem sequer as tocou, como se fossem sujar suas mãos ao simples contato.— Vou fazer um banquete para você. Nem parece que estamos no meio do nada, encontrar frutas já é uma sorte!Nicole também se irritou, não se importando se Vasco comeria ou não, jogou duas frutas para ele e levou as outras quatro para sentar sob uma árvore próxima, começando a comê-las.Vasco, com repulsa, afastou as frutas e, olhando para as costas dela, depois de um tempo, falou: — Como você sabia que havia enchentes nas montanhas aqui?Nicole olhou para trás, deu a ela um olhar e voltou a olhar para o rio:— Eu cresci no campo quando era criança, isso é conhecimento básico de vida.— O que você está olhando?— Estou vendo se algum barco passa pelo rio, às vezes as
Esse cara realmente nos seguiu!Nicole percebeu que, atrás de Murilo, um pequeno barco estava parado no rio, ele provavelmente os tinha encontrado seguindo a margem até onde estavam na beira.— Você é a mulher dele?Murilo falou num português local, não muito claro, enquanto fixava o olhar em Nicole.Ela se recompôs e forçou um sorriso:— Na verdade, não tenho nada a ver com ele. Sou inocente. Se quer vingança, deve procurar a pessoa certa. Foi ele quem machucou o joelho de Tábata, por que não me deixa ir?Vasco a observava, incrédulo.Murilo, feroz como um lobo, mostrou os dentes e disse:— Sra. Tábata afirmou que quem está com Vasco deve morrer! Vocês dois não escaparão, vou começar por você! A arma estava apontada diretamente para Nicole.Não foi ela quem deixou Tábata incapacitada, por que começar por ela? Não deveria ser por Vasco?Murilo não perdeu tempo com conversas e, quando estava prestes a atirar, Nicole fechou os olhos e gritou:— Eu sei onde está sua filha!De repente, Mu
Nicole levanta a cabeça e os traços angulares e atraentes do homem invadem sua visão de repente.Seus lábios finos estavam apertados, uma barba azulada adornava seu queixo e seus olhos, vermelhos e cheios de veias, mostravam que ele não descansara há muito tempo.Nicole estremeceu, abraçando ele instintivamente, com seu rosto pequeno encostado no peito dele, ouvindo os batimentos cardíacos acelerados.Era realmente ele!Ela não estava sonhando!— Sou eu! Desculpe, cheguei tarde!A voz rouca e profunda do homem ecoou acima dela.Além de Davi, Felipe e outros subordinados correram e seguraram Murilo, que tinha sido baleado no ombro, pressionando-o contra o chão.O peito quente do homem parecia um muro seguro, e o corpo tenso de Nicole relaxou, com as emoções desmoronando junto.Lágrimas brilhantes rolavam grossas por seu rosto:— Eu pensei que não poderia voltar, pensei que iria morrer, por que você demorou tanto...Ela não chorou ao escapar do rio.Não chorou quando estava exausta e dol
Ao lado, Murilo, que estava sendo segurado e ajoelhado no chão, caiu numa posição estranha, com o sangue jorrando de seu joelho e se infiltrando na terra. Murilo já havia sido baleado no ombro e, com este novo tiro, uma dor extrema cobriu seu rosto pálido de suor frio, fazendo ele tremer violentamente enquanto emitia um som rouco de respiração, com os olhos ferozes fixos em Vasco. Davi esboçou um sorriso com seus lábios finos.Bang!Outro tiro soou.Os dois joelhos de Murilo foram destroçados!Ele apertou os dentes, quase desmaiando de dor.Vasco, casualmente, jogou a arma para o guarda-costas, com uma voz de escárnio cruel:— Agora, você não sairá desta floresta.O cheiro de sangue no ar era tão denso que parecia indissolúvel.Davi, com uma expressão inalterada, voltou seu olhar para Nicole e disse:— Vamos falar sobre isso quando voltarmos.Nicole estava coberta de sangue de Murilo, além de suja de lama.No entanto, Davi agiu como se não a visse, levantando ela horizontalmente e co
Nicole teve um sonho.No sonho, seu corpo estava submerso na água e uma voz anunciava que iria ensiná-la a nadar, ela aceitou contente. De repente, uma força poderosa a arrastou para dentro da água. Ela resistiu, mas a força era imensa, continuando a puxá-la para baixo! A cena mudou e um carro submerso surgiu diante de seus olhos. Através da janela do carro, um homem de corpo pálido estava sentado no banco do motorista, com seus olhos vermelhos fixos nela.— Por que você não me salvou? Por que você não me salvou?— Ah!Nicole ficou extremamente aterrorizada. Ela queria escapar, mas o homem de repente estendeu a mão e a agarrou, seus olhos transbordando ódio... Nicole gritou: — Me solte! Me solte! Me solte!— Nic, acorde! Nic!Uma voz familiar parecia vir de muito longe, incessantemente pedindo para ela despertar...Nicole de súbito abriu os olhos e viu, na luz tênue, o rosto próximo de um homem, seus olhos profundos fixos nela. Davi passou a mão pelos cabelos dela, molhados de suo
Davi olhava fixamente para ela.Nicole hesitou, se lembrando do dia em que o procurou na empresa, e com um brilho nos olhos, disse:— Ah, sim, naquele dia eu fui te procurar porque tinha algo importante para te dizer.— Está bem. — Respondeu Davi, de forma sucinta. — O que você precisa que eu faça por você?Após tudo o que havia acontecido, qualquer ressentimento que ele sentia por ela já tinha desaparecido.Afinal, pouco importava se ela não se importava com ele ou se estava se aproveitando da situação, desde que ela estivesse bem e ao seu lado.Nicole piscou, confusa:— Eu não queria que você fizesse nada por mim, você entendeu errado.Assim que ela terminou de falar, a expressão de Davi esfriou rapidamente, e ele a encarou com intensidade, com as costas eretas e a voz extremamente fria:— Você quer terminar?Nicole ficou perplexa.Como ele poderia pensar em término?Vendo que ela não respondia, Davi concluiu que estava certo e se levantou, agitado, com seus olhos sombrios fixos nela