Numa noite de outono, a primeira chuva lavava as janelas do bar.

Na sala, Nicole Dias estava com as mãos presas por um homem, empurrada com força contra o sofá, enquanto ele ávida e brutalmente buscava seu corpo.

Os movimentos do homem eram brutais, passando por uma mistura de dor intensa e prazer no início. Mas agora Nicole só sentia muita dor.

O corpo parecia não ser mais dela.

- Não... Não... Pare... - A voz suplicante, cheia de desespero, escapou dos lábios dela.

Mas esse tipo de coisa, ela não tinha como parar.

O homem estava indiferente aos seus pedidos. A força brutal não diminuía nem um pouco.

Ele não tinha a intenção de parar, as chamas dentro de corpo de Nicole cresciam onda após onda, levando ela às alturas e em seguida, a uma queda abrupta.

O toque repentino do celular quebrou o clima de intimidade.

O homem foi perturbado e sua ação parou subitamente.

- Desliga! - Ele ordenou com desagrado.

Nicole sabia que não podia irritar esse homem. Ela estendeu a mão para pegar o celular, mas o deixou cair no chão.

O toque continuava a soar.

Nicole se inclinou para pegar, mas o homem não tinha essa paciência, agarrando ela pela cintura e a puxando de volta...

Depois de um momento, essa intensa paixão abruptamente cessou.

Depois que tudo terminou, o homem soltou ela sem hesitar, deixando Nicole cair sem forças no sofá. Ela mordeu os lábios, rapidamente se levantou e arrumou seu vestido com pressa.

O aroma de amor e desejo no ar gradualmente se dissipou, deixando um silêncio pesado no ambiente.

O homem não a olhou, pegou alguns lenços de papel e se limpou.

Ele tinha um rosto bonito, quase perfeito, mesmo fazendo esses gestos banais, parecia incrivelmente charmoso.

O homem puxou o zíper da calça, vestia uma camisa branca com calças pretas, as cores eram nítidas e limpas. No ar frio, ele exalava uma aura de distância, com um toque residual de paixão recém-extinta. Tinha um certo ar de abstinência, uma presença contida e austera.

Ele pegou o celular que estava ao lado com suas mãos grandes e bonitas, os nós dos dedos distintamente visíveis enquanto ele tocava a tela algumas vezes.

“Ding.” O celular de Nicole emitiu um som de notificação.

- Sai. - O homem largou o celular e deu um ultimato frio.

Sua expressão indiferente era suficiente para manter as pessoas a quilômetros de distância, como se o homem selvagem e indulgente na cama não fosse a mesma pessoa.

Nicole naturalmente não pretendia ficar nem mais um minuto ali, então pegou seu celular e disse:

- Até à próxima.

Mal terminou de falar, ela já se sentiu muito constrangida.

Até à próxima... O que ela estava dizendo... Como eles poderiam se ver de novo? Nunca mais se veriam.

Davi Furtado franziu os olhos escuros, um leve sarcasmo passando por eles.

“Até à próxima?

Essa garota realmente dominava o negócio, já planejando uma segunda vez?”

Agora ele duvidava se ela realmente era virgem, ou se tinha usado algum artifício para enganar ele.

Nicole não disse mais nada, se levantou e saiu. De repente, ela sentiu uma dor aguda entre as pernas, suas pernas fraquejaram e caiu de joelhos, soltando um gemido abafado.

Com a distância entre eles, o homem atrás dela poderia facilmente ajudar ela, mas ele permaneceu imóvel.

Nicole também não esperava que ele estendesse a mão para ajudar ela. Ela mordeu o lábio, suportando a dor enquanto se levantava lentamente.

O que ela não sabia era que, por causa da queda, parte de sua saia se levantou, revelando uma grande extensão de pele branca da coxa. A luz brilhava sobre suas pernas úmidas, emitindo um brilho sedutor.

Os olhos de Davi se fixaram nessa área, sua expressão se tornando mais sombria.

O desejo, que tinha diminuído, agora começava a ressurgir.

Davi teve que admitir que essa mulher tinha um corpo muito sedutor.

No entanto, ele era meticuloso e tinha padrões elevados quando se tratava de fazer amor, e nunca se envolvia com uma mulher suja e imoral como ela.

Esta noite foi uma questão de necessidade, então não seria possível haver uma segunda vez.

O ar estava quieto, a atmosfera um tanto sutil.

Nicole não olhou para cima, mas sentiu a presença intensa dos olhares ao seu redor.

Suas bochechas ficaram vermelhas. Sem dizer uma palavra, ela se levantou apressadamente, ajeitou a saia e saiu.

Ao sair pela porta, ela foi mancando em direção ao elevador, sem perceber que havia alguém na frente dela, e acabou colidindo com um homem que vinha em direção oposta.

- Desculpe. - Disse Nicole. Por ter andado rápido demais, ela não percebeu o lampejo de surpresa nos olhos do outro.

Gabriel Martins entrou na porta com as mãos nos bolsos, balançando de um lado para o outro, vendo Davi sentado no sofá fumando.

Os lábios finos e frios do homem seguravam o cigarro, com a camisa de colarinho aberto mostrando dois botões, revelando um pouco de clavícula, com um desejo sutil surgindo atrás da fumaça, até mesmo ele, um homem, achou isso cativante.

- Cara, você foi cruel demais, aquela garota tão bonita, você deixou as pernas delas bambas, mal podia andar. - Gabriel brincou.

Davi estava descansando os olhos, os abriu ao ouvir isso. Ele olhou de soslaio para ele através da leve fumaça, sem dizer uma palavra.

Gabriel fez um som de desapontamento e continuou:

- Mas aquela gata é realmente linda, especialmente aqueles olhos, parecem que podem falar, se eu soubesse que era tão linda, teria guardado para mim mesmo...

- Não se envolva com mulheres daquele ramo!

Gabriel ainda estava pensando nisso quando as palavras geladas de Davi vieram, ele ficou momentaneamente atordoado, se perguntando estranhamente:

- Mano, você acabou de satisfazer seus desejos sexuais, por que ainda está tão irritado?

Davi também ficou atordoado por um momento, de repente se sentindo um pouco estranho consigo mesmo. Era apenas uma mulher com quem dormiu, como poderia fazer ele perder um pouco do controle emocional.

Ele esfregou a testa com os dedos longos e friamente mudou de assunto:

- Você já descobriu quem foi que colocou a droga na bebida?

- Descobri sim, foi alguém enviado pelo seu irmão mais velho. Ele queria armar uma situação de escândalo com fotos comprometedoras. Já detivemos a pessoa. Você quer dar uma olhada? - Gabriel respondeu.

Davi ordenou sem piscar:

- Dê a ele uma dose dez vezes maior e mande de volta.

Gabriel ergueu as sobrancelhas com malícia:

- Dez vezes! Mesmo sendo afrodisíaco, uma dose tão grande certamente é fatal. Mano, essa é uma vingança pesada demais!

Os rumores sobre o Terceiro Senhor da família Furtado, diziam que ele não tinha piedade, sendo chamado até de o "Rei dos Vivos e dos Mortos".

Isso não era nada exagerado, era uma descrição realista.

Mas quem mandou aqueles caras perderem a cabeça no primeiro dia em que Davi voltou? Eles mereciam!

Davi não comentou. Seu olhar capturou um vislumbre do vermelho sangue no sofá, seu olhar parou.

Na mente, uma imagem daquele rostinho chorando e suplicando por misericórdia nele piscou, e uma emoção indescritível passou por seus olhos. Seu sangue ferveu um pouco mais, o desejo se tornou ainda mais intenso.

Davi franziu a testa, apagou seu cigarro com força no cinzeiro. Ele se levantou rapidamente, indo em passos largos para o banheiro, para um banho de água fria.