03

" Até mesmo às pessoas mais corajosas sentem medo "

Catarina narrando

Eu nunca fui uma pessoa corajosa mas sempre senti que eu deveria ser, o pouco que meu pai e meus irmãos falavam da minha mãe era sempre dizendo o quanto ela era uma mulher maravilhosa , apaixonada pela sua vida, seu marido e seus filhos e que o seu maior sonho tinha sido realizado no dia da sua morte , o meu nascimento.

Outras pessoas dizem que ela era uma mulher corajosa , que jamais aceitou a vida que levava mas mesmo assim sempre demonstrou amor aos filhos a cima de tudo, mas todos sabemos que ela também foi obrigada a casar com meu pai em cima de uma cultura machista.

Meu maior medo era que eu tivesse sido entregue ainda menor de idade à um casamento falido, pelo menos eles esperaram que eu completasse os meus 18 anos de idade , que ainda era cedo para casar , acredito que independente da idade ninguém deveria ser obrigado à casar.

- Catarina - Lucas bate na porta - Você está pronta minha irmã?

- Nicolas já chegou? - Eu pergunto.

- Já sim, está lá embaixo. Todos estão, estamos apenas te esperando.

- Eu já vou descer.

- Catarina, não fique com medo.

- Não estou com medo, apenas estou com raiva de ter que me casar com alguém que eu nem conheço.

- Vocês irão se dar bem, Nicolas não vai te tratar mal.

- Só o fato de está casada com ele já será horrível.

- Catarina, por favor entenda.

- Não tem oque entender .

- Não chora minha irmã.

- É um casamento, estou sendo obrigado à casar com aquele homem, você conhece ele sabe do que ele é capaz , sabe como ele age.

-  Você precisa ajudar a gente , eu prometo minha irmã que assim que eu conseguir fazer a situação da empresa melhorar, eu mesmo te tiro desse casamento.

- Você não faria isso, Você está dizendo isso só para me convencer a casar.

- De todos os nossos irmãos a gente sempre foi mais unidos, você sabe disso. Eu prometo Catarina , eu te tiro desse casamento, você confia em mim?

Eu olho para ele com os olhos cheios de lágrimas, eu olhava para Lucas e ele me olhava com um olhar que até me transmitia confiança.

- Eu confio.

- Então vamos descer?

- Sim.

Ele desce na minha frente e eu termino de me arrumar em detalhes para descer também. Meu coração estaca quase saltando para fora, eu sentia medo em cada degrau da escada que eu descia em direção a sala.

Lucas e eu a gente sempre foi unidos, de todos os irmãos eu sempre me dei bem com ele  , ele sempre me ajudou , me aconselhou , fez o papel de pai já que o meu pai mesmo nunca se importou com nada.

- Catarina - Meu pai fala - Até que em fim você desceu - Eu o encaro - Catarina, esse é Nicolas  - Eu encaro o homem para ao seu lado.

Ele me olhava sem parar com um sorriso de lado, eu o encaro de cima a baixo da mesma forma que ele me olhou.

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