Quando Elijah chegou na estação, viu Valerie conversando no telefone, ela parecia nervosa e quando viu o capitão, ela se despediu rapidamente.
— Tudo bem? — Ele se arriscou a perguntar.
— Minha filha está doente... meu marido está tentando cuidar dela, mas, meu mais velho também não está muito bem hoje... — ele conhecia bem aquele cenário, conhecia também a sensação de desespero de estar trabalhando com os filhos passando mal.
Valerie era mãe de duas lindas crianças, Noah de três anos e Sarah de apenas um aninho.
— Eu deveria ter pensado nisso antes de voltar ao trabalho... — ela murmurou e o capitão imaginava quantas coisas Valerie ouvia, assim como Lidia, já que a mulher vivia um trisal com outra mulher e um homem, as pessoas não eram empáticas ou ao menos respeitosas.
— Se fosse assim, nem mesmo eu teria filhos ou me arriscaria na profissão! — Ele tentou confortá-la.
— Sua esposa deve cuidar muito bem dos seus filhos... — ninguém ali sabia sobre Miguel, o que para Elijah era bom, mas, ele entendeu o motivo de estar ali, Arturo teve o cuidado de o colocar em uma estação que o faria se sentir confortável, já que, Gustave e Lidia eram pansexuais, Pietro e Nathan eram gays e casados e mesmo que Valerie fosse hetero, ela não tinha problema algum com a sexualidade dos amigos, diferente da antiga estação e Elijah.
— Bom... na verdade eu sou gay! Sou casado com um homem a dez anos e ele é enfermeiro! Nós dois temos que conciliar trabalho e casa! — Elijah viu a surpresa genuína estampada no rosto da mulher — você tem algumas horas extras, se toda a equipe concordar, pode ir para casa e cuide dos seus filhos!
— Tem certeza? Eu dou conta tanto quanto os outros!
— Sei que sim... na verdade, é uma das melhores que já vi, por isso, vá para casa sem se preocupar, não tem que me provar nada! — A mulher sorriu agradecida e quase correu em direção ao refeitório.
O capitão foi pelo mesmo caminho, em passos mais lentos e quando chegou, a viu abraçar Lidia e depois Nathan.
— Capitão, todos concordaram! Muito obrigada! — Ela o abraçou antes de sair praticamente correndo.
— O senhor foi muito gentil em deixá-la ir... nosso antigo capitão faria um discurso sobre como mulheres com filhos são menos produtivas! — Lidia foi a primeira a falar.
— E minha antiga equipe fez um protesto obre ter um capitão homossexual! Por isso, nos encaixamos bem, hm? — Ele viu a surpresa nos rostos de alguns, menos em Nathan e Pietro — todos tem filhos, não é?
— Menos eu e a Lidia! — Carrine falou sorrindo — mas somos ótimas tias!
— Imagino... Pietro e Nathan, vocês têm quantos filhos? — Ele decidiu dar mais uma chance para si mesmo, queria se sentir conectado a todos.
— Dois! — Pietro respondeu já procura da carteira, onde puxou uma foto e levou até o superior — Jake tem oito anos e Vance tem dois!
Jake era ruivo como Nathan, mas, seus olhos eram escuros, seu sorriso era grande e mostrava a falta de um dos dentes, já Vance tinha o cabelo castanho escuro, sua pele oliva tinha pequenas manchinhas, na foto, eles estavam em um parque e sorriam.
— Esse foi o aniversário de oito anos do Jake, ele não quis festa nem nada, chamamos todo mundo da estação e fomos ao parque... — ele voltou a falar — Gustave, você tem as fotos?
Gustave pegou o celular, Elijah se sentou e logo encarava inúmeras fotos.
Os filhos de Gustave eram sua cara, Danny de dez anos tinha o cabelo castanho e muito bagunçado, sua cara de criança arteira era fofa de se ver, Anne tinha o cabelo bem enroladinho, a garotinha de cinco anos tinha um sorriso aberto e infantil, seus olhos estavam escondidos pelos óculos escuros da Hello Kitty.
— São muito fofos, Gustave! — Elogiou.
— E os seus? — Pierce questionou, o Foster pegou seu celular e abriu sua galeria.
— Esse é Miguel meu marido! — Mostrou uma foto dos dois — esse é o Oliver! — Mostrou uma foto do garotinho mostrando seu desenho — esse é o meu mais velho, Dominick! Ele vive machucado!
O assunto girou em torno das famílias, todos falando um pouco dos seus filhos e seus parceiros, Elijah descobriu que Carrine era demissexual, ela não se envolvia com qualquer um, ela criava vínculos sentimentais antes de sentir uma atração física, não que ela não visse beleza nos outros, mas seu interesse físico era ligado aos sentimentos, por isso, ela tinha poucos relacionamentos amorosos em sua vida.
Lidia não queria ter filhos! Ela e seus parceiros não desejavam aumentar a família com crianças, mas, mantinham cachorros e gatos.
— Será que vai ter muitos chamados hoje? — Jhonny questionou.
— Vamos! Já se preparem, porque a primeira demora, mas depois dela, vem uma atrás da outra! — O capitão falou suspirando.
(><)
Elijah estava certo!
Após a primeira chamada que foi até que rápida, vieram mais e mais, com pouco espaço de tempo entre elas e muito, muitos pequenos acidentes. Elijah saiu de sua sala na mesma hora que Lidia surgia no corredor, a mulher parecia um tanto apavorada.
— Senhor, temos uma chamada! — Ela quase se atropelou nas palavras e Elijah a esperou completar — uma criança ligou e disse que o pai dele é dos bombeiros, ele ligou direto para cá! — Elijah então correu junto a sargento até a recepção.
Todos estavam ali e logo Elijah pegou o telefone e o levou até o ouvido.
— Foster! — Elijah atendeu sentindo seu coração muito acelerado.
— Pai! — Era Nick! — Pai o papai está no quarto com a titia e tem fumaça! — Nick falou e Elijah ouviu quando Oliver tossiu no fundo.
— Nick, escuta o papai... tem como sair pela porta da frente?
— Tem sim! — O mais velho agradeceu por aquilo.
— As janelas estão abertas? — Garantiu.
— Sim!
— Então, sai pela porta e leva seu irmão com você, não atravessa a rua, mas não fica muito perto da casa... tenta chamar um adulto que o papai conhece para ficar com vocês! O papai está chegando, ‘tá’ bom?
— ‘Tá’ bom, papai!
O telefone foi desligado e logo todos estavam saindo, Elijah estava muito nervoso e não sabia o que iria encontrar, seu coração parecia saltar dentro do peito. Suas mãos tremiam e suavam, ele tentava pensar que Miguel ficaria bem, mas ele já não imaginava como isso seria possível.
Quando ele entrou na sua rua, notou que não era sua casa que estava em chamas e sim a de Hayla que parecia ter um incêndio menor e interno, já que não se via chamas grandes ou muita fumaça, Oliver e Dominick estavam sentados no meio fio e Nick abraçava o irmão.Elijah desceu rápido e logo seus filhos ergueram a cabeça e estavam correndo até o pai.— Fiquem no caminhão, o tio Gustave vai ficar com vocês. — Elijah indicou Gustave que já pegava as duas crianças e olhava se eles estavam bem.Elijah tinha se esquecido completamente do protocolo, tudo na sua mente gritava que Miguel talvez estivesse em perigo.— As chamas não são altas e tem entrada e saída, tem um cômodo que parece estar bloqueado, mas não tem chama nele. — Nathan informou e Lee tinha o braço na frente de Elijah, para impedir sua entrada na casa. — Na verdade parece que o fogo começou na panela e se alastrou nas cortinas.Lee e Elijah entraram rapidamente, logo Carrine e Lidia apagaram o fogo na cozinha que não passava da s
Elijah acordou e ouvia gritos do lado de fora, ele estava dentro de uma das ambulâncias e sabia que a situação era muito ruim. Ele se levantou e saiu do carro, logo algum bombeiro desconhecido se aproximou e fez uma checagem rápida.— O que está acontecendo? — Elijah perguntou.— As chamas se espalharam, com a primeira explosão o incêndio se espalhou bem rápido. A questão é que todas as casas daqui tem gerador. — O rapaz respondeu e Elijah sabia disso. Afinal ele morava ali.— Os moradores?— Os que moram deste lado já foram realocados para uma área segura, os que moram do outro lado da rua, estão em aviso. — O menino informou e Elijah concordou — o senhor parece estar bem e necessitamos do máximo de pessoas, acha que pode voltar?— Claro! — Elijah confirmou já vestindo sua roupa de incêndio e pegando uma nova máscara e indo ajudar, ele não conseguia ver Nathan e nem Carrine, seus olhos acharam algumas pessoas da equipe e todos estavam trabalhando para acabar com os incêndios.Quatro c
No hospital Miguel foi prioridade e logo era atendido. Enquanto o enfermeiro era cuidado por seus colegas, Elijah foi atrás de notícias. Lee estava perambulando pela sala de espera, Gustave, Jhonny e Lidia já estavam ali e todos estavam exaustos e sujos.— Notícias? — Elijah perguntou e todos negaram.Miguel apareceu e olhou o marido, se aproximando com dificuldade, já que estava machucado.— Tenta achar notícias por favor! — Elijah pediu preocupado. — Nathan Boyd e Carrine Collins.— Vou olhar com o Harper... — Miguel disse deixando um beijo simples nos lábios do marido. — Vai tomar um banho, você sabe aonde ir e pode levar seus amigos.— ‘Tá’ bom! — Elijah agradeceu e viu Miguel afastar e virou-se para sua equipe — vamos para o banheiro, lá tem chuveiro para todo mundo.Eles seguiram e as pessoa
Já tinha se passado um mês desde o grande incêndio e naquele dia seria treinamento de equipes.E Elijah não queria ir!O Foster estava sentado na beirada da cama, Miguel voltaria de férias no dia seguinte e por isso o enfermeiro ainda estava adormecido. Elijah assou a mão em seu rosto e tentou pensar.Sua antiga estação estaria presente e ele não queria ter que enfrentá-los. Poderia sim, ser um ato de covardia, mas ele não conseguia olhar para eles e agir com normalidade.— Eu juro que se você suspirar mais uma vez, eu te chuto da cama! — A voz de Miguel soou e Elijah olhou surpreso para o marido que ainda estava de frente para a parede e de olhos fechados.— Te acordei? — Elijah perguntou.— Você deixou de me abraçar... O que foi? — Miguel perguntou virando e assim olhando o marido que estava sem camisa e com o semblante preocupado.Miguel se sentou na cama e Elijah ligou o abajur. O Sánchez viu como Elijah parecia estar mal e assim abriu os braços para que o marido se acomodasse ali.
Elijah tentava pensar no que dizer a sua equipe, naquele momento já tinham duas pessoas da estação sete, feridas por causa de "acidentes".— Nathan, você ajuda a Giulia e o Declan na descida! — O capitão avisou ao ruivo que apenas concordou — às vezes não tem passagem por baixo, então a equipe vai por cima — Elijah explicou apenas por fazer parte do treino — essa parte do treino é para ser feita de forma eficiente e cautelosa, como se vocês realmente tivessem que entrar em um local incendiado.Elijah falou conferindo se o equipamento estava correto.— Aí, você já sabe o seu apelido nas outras estações? — Declan questionou e Elijah franziu o cenho.— Apelido? — Elijah questionou.— Gaypitão! — Giulia respondeu rindo — Combina... A gente até fez uma aposta para saber se você é a mulher do relacionamento. — A mulher continuou rindo enquanto estava terminando de prender seu cinto ao cabo que iria segurar seu corpo.Elijah ficou sem resposta!Um sentimento de humilhação tomou conta de si e
Elijah sabia que aquele chamado não era normal.Uma casa com vazamento de gás!A questão era que o conselho tutelar já estava na porta da casa e de longe, Elijah reconheceu Kiah, a mulher foi quem cuidou da adoção de Oliver e Dominick. A ruiva parecia tensa e a sua frente tinha um homem gritando e xingando alguém que não era ela.— Capitão, está tudo normal, parece ter sido alarme falso. — Lee informou.— Então por que tanta gente aqui? — Elijah questionou olhando as duas viaturas de polícia e mais um caminhão de bombeiro.— Parece que alguém ligou mais de uma vez.Elijah caminhou até seu irmão-que ele não via a muito tempo- e se encostou no carro. Elliot estava em seu uniforme costumeiro uniforme azul escuro de mangas curtas, o cabelo preso em um rabo de cavalo baixo e o cabelo preto e liso descia por suas costas, os olhos negros avaliaram o irmão e suspirou ao encara a cena da ruiva tentando acalmar o homem raivoso.— O que foi? — Elijah questionou baixo.— Parece que uma criança ch
Elijah viu que o menino não demorou a sair com somente uma mala e uma mochila, ele já estava com tudo pronto.— Vamos! — Elijah chamou, vendo o menino concordar um tanto que depressa.A equipe olhava tudo de longe e ficou surpresa quando menino se aproximou junto ao capitão.— E aí, fujão? — Lee cumprimentou sorrindo.— Deixem a gente no hospital... — Elijah pediu — meu turno acabou a uma hora e preciso levar ele até Miguel.— Já andou no caminhão dos bombeiros? — Nathan perguntou a Kendrick que negou — quer ligar a sirene?— Eu posso? — Kendrick questionou e prela primeira vez desde que Elijah esteve ali, o Foster viu inocência nos olhos escuros.— Vamos lá! — Nathan falou sorrindo.(><)Miguel ficou surpreso quando ouviu o resumo que o marido fez, Dean era quem iria fazer a perícia dos ferimentos, o fotografo já estava junto com a polícia e com Kiah, Elijah ficou do outro lado do vidro, ele sabia que deveria ficar à vista de Kendrick.— Tem certeza disso? — Miguel perguntou vendo o
Kendrick estranhou quando bateram em sua porta mais cedo do que o normal, ao abrir a porta o adolescente se deparou com Dominick ansioso e com um sorriso grande no rosto.— Vamos bater parabéns para o nosso pai! — Nick falou alto e Kendrick tentava ao menos raciocinar.— O que? — O adolescente questionou coçando o olho esquerdo.— O pai Elijah! — Nick falou alto.— Ah... Eu só vou lavar o rosto! — O adolescente falou indo ao banheiro e vendo Dominick esperar do lado de fora. Geralmente Oliver ficava junto ao irmão, mas naquele dia a ausência do menino causou estranheza. — Cadê o Oli?— Está fazendo o bolo com o papai! — O garoto explicou e Kendrick deu a mão para o mais novo descer a escada.Os dois desceram juntos e na cozinha, Kendrick viu Miguel jogar granulado em cima do bolo de chocolate junto com Oliver.— Bom dia! — Miguel falou vendo o adolescente sentar na cadeira e encostar a cabeça em seus braços esticados e apoiados na mesa.— Bom dia! — O adolescente falou bocejando.— Vam