“Nada muda o passado, mas nunca é tarde para resgatar aquilo que foi bom.”O armazém era um labirinto de sombras e mofo, com o cheiro de madeira podre e metal enferrujado impregnando o ar. Bernardo estava amarrado a uma cadeira, seus olhos grandes e azuis estavam assustados, iluminados pela luz fraca de uma lâmpada que entrava pelas janelas quebradas. Ele não sabia quanto tempo havia passado desde que foi sequestrado, mas cada minuto parecia uma eternidade. O medo o envolvia como um cobertor, mas havia uma sensação de espera, como se algo ou alguém pudesse vir para salvá-lo.Estava com medo, mas precisava ser forte. Lembrou do seu padrinho Nicolas dizendo que ele sempre deveria proteger a sua mamãe, mas naquele momento o que mais desejava era que ela chegasse e o levasse para casa. Os dois homens maus conversavam um pouco distante dele. Ele tentava entender o que falavam, mas não conseguia. Fechou os olhinhos e começou a chorar baixinho e enquanto pedia ao papai do céu que sua mamãe
“Não creio que o destino seja algo traçado . Prefiro acreditar que com determinação , coragem e muita fé , podemos escolhê-lo.”Chloe HughesEstou sentada no sofá abraçada ao urso de Bernardo, não consigo parar de pensar no meu filho ou em como ele deva estar assustado. Sei que devo confiar em Brandon, ele vai trazer nosso bebê a salvo de volta para os meus braços. Sinto o peito doer ao me lembrar da forma que ele me olhou e de como hesitou em me abraçar, sei que quando tudo acalmar, ele vai exigir explicações e terei que contar tudo. Sabrina se aproxima trazendo mais uma xícara de chá, não consegui ingerir nada, na verdade, não consigo pensar em mais nada, apenas desejo abraçar meu filho novamente. Escuto o barulho da porta e sem hesitar levanto do sofá indo em direção a entrada, sinto o coração tranquilizar-se ao ver meu bebê nos braços de Leon. Os olhos de Bernardo encontram os meus e corro ao seu encontro retirando-o dos braços de Léon, envolvendo-o num abraço apertado. — Mamãe…
“O que fizeram comigo me criou,é um princípio básico do universo,que toda ação cria uma reação igual e oposta!”Brandon se inclinou para frente, deixando a lâmina a poucos centímetros do rosto do homem. Iohan assistia a tudo com um sorriso no rosto. — Eu não o traí, fui enganado assim como você e… HahahahaHahahaha— Não me faça rir, Ricardo, você escolheu o lado errado, armou contra mim e contra meu filho. Diabolik retrucou, sua voz agora carregada de uma fúria controlada. Com um movimento rápido, cravou a faca no braço do traidor, a lâmina penetrando na carne com um som seco e horrível. O homem gritou, um grito que ecoou pelas paredes, mas Diabolik não se deteve e continuou falando:— Você não entende o que é lealdade, não é? Foi para isso que matou seu pai? Para se tornar a porra de um general manipulável e sem colhões? Diabolik pressionou a faca mais fundo com o olhar fixo nos olhos do traidor, observando a dor e a humilhação que se desenrolava diante dele. — Ah, por D
“Não deixe que os sentimentos controlem suas decisões. A emoção erra, a razão não.”Brandon ri nervosamente e logo em seguida, sua risada se transforma em um grunhido de raiva. Eleva os olhos encarando Iohan e continua:— Eu... eu sempre soube que ele era um traidor, mas nunca imaginei que fosse tão audacioso! Matá-lo, foi a única coisa que me trouxe um pouco de paz, a sensação que poderia, finalmente, seguir em frente. Agora, ele está de volta, como uma serpente que se esconde nas sombras, manipulando tudo de longe querendo me foder novamente?Brandon começa a andar de um lado para o outro, sua mente fervilhando de emoções. Iohan apenas ouvia seu líder e amigo desabafar. Sabia que ele precisava disso, antes de se encontrar com sua família. Brandon parou diante da grande janela do quarto e ficou analisando o céu que jazia negro, sem qualquer vestigio de estrelas no firmamento, como se aquele céu representasse o seu interior. — Você tirou tudo de mim, tio! — ergueu a voz como se ele
“Não sei se o mundo é bom, mas ele ficou melhor desde que você chegou.”Brandon ficou parado na porta, observando Bernardo correr pelo quarto com a empolgação de um raio de sol. O menino não parava de falar, sua voz alegre ecoava como uma melodia que penetrava nas paredes frias de seu coração. A cena era tão simples, tão inocente, mas para Brandon, era um choque de realidade. Como um homem que sempre esteve cercado por sombras e violência, poderia estar vivenciando isso?A cada risada de Bernardo, algo novo invadia seu peito, uma sensação que não sabia existir dentro dele. Era como se um calor começasse a derreter o gelo que o envolvia e o fazia questionar tudo o que havia construído. Como um ser tão puro e cheio de vida poderia ser fruto de alguém como ele? Brandon que sempre foi o vilão em sua própria história, agora se via diante de uma luz que iluminava até os cantos mais escuros da sua alma.Brandon sentiu o peito apertar em um misto de orgulho e vulnerabilidade, uma combinação
“Tudo o que precisamos é um pouco de paciência.”Chloe HughesCaminho em direção ao quarto de Bernardo para saber como as coisas estão. Confesso que estou nervosa em ficar tão perto de Brandon, principalmente depois de tanto tempo. Suspiro fundo tentando controlar as batidas do meu coração, percebo que a porta está entreaberta e a empurro devagar, a cena que vejo faz meu coração saltitar. Bernardo está adormecido nos braços do pai, com os braços envoltos em seu pescoço enquanto Brandon o olha de maneira apaixonada. Por Deus, essa foi a cena que eu tanto desejei ver durante esses quase quatro longos anos. Encosto na porta do quarto, enxugo as lágrimas que insistem em cair dos meus olhos. Apesar de tudo o que aconteceu para esse momento existir, confesso que não poderia estar mais feliz. Estava tão envolta na cena que não percebi Brandon me observar, não consegui não corar com o seu olhar intenso, como senti falta disso. Ele desvia o olhar para nosso filho e diz: — Olhe para ele.. –
“Quando se fala a verdade, o coração se alivia e a mente se clareia.”O ambiente no restaurante era acolhedor, mas a atmosfera entre Brandon e Chloe estava carregada de emoções não ditas. Eles estavam sentados em um canto reservado, longe da agitação, mas o clima não era suficiente para dissipar a tensão que pairava no ar. Brandon olhou para Chloe, que parecia imersa em seus pensamentos e decidiu que era hora de enfrentar os fantasmas do passado.— Quero que me diga o que aconteceu para você fugir com outro homem carregando um filho meu no ventre! — Brandon começou, a voz carregada de um misto de raiva e ciúmes. Chloe o encarou nos olhos e por uns segundos seus olhares se conectaram… maldito coração! Brandon se sentiu enfeitiçado, amaldiçoando a si mesmo por amá-la demais. — Vamos Chloe, seja direta!— Dias depois da morte da minha mãe…. descobri que estava grávida. Eu… eu fiquei tão desesperada, lembrava que você sempre fez questão de deixar bem claro que não queria ter um filho… pr
“Nada é mais difícil e tão precioso, do que ser capaz de decidir.”Napoleão BonaparteChloe e Brandon saíram do restaurante em direção ao apartamento. Durante o percurso, Brandon não disse mais uma única palavra e no fundo, Chloe agradeceu por isso. Chegaram ao apartamento e ao abrir a porta, ela sentiu uma pontada no peito ao ver o filho sentado no sofá chorando copiosamente. Jogou a bolsa sobre a mesa e correu em direção ao menino, envolvendo-o num abraço acolhedor:— O que houve, meu bebê?Bernardo levantou o rostinho e os olhinhos vermelhos indicavam que chorava. Desviou o rosto como se buscasse por algo ou alguém e sorriu ao ver o pai parado no meio da sala ao lado do seu padrinho. — Mamãe… Bernardo sonhou com os homens maus, mas… — os olhos azuis brilharam ao encarar o pai que o fitava preocupado. — O papai está aqui para proteger o Bernardo e a mamãe. Chloe desviou os olhos do filho e encarou Brandon que se aproximou devagar e se ajoelhou na frente do filho:— Ninguém mais