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Capítulo 5: Precisamos impedir esse casamento!

"Daphne! Mike!"

A voz alta e grossa de Emiliano assustou as crianças.

"Nosso papai!", exclamaram, agitando as mãozinhas assustadas.

"O que vamos fazer?", perguntou Mike à irmã, com os olhos arregalados.

"Empate-o, tire-o da casa, enquanto você." Ele olhou para o homem que eles resgataram: "Você precisa se esconder, venha comigo ao banheiro", ele implorou, agarrou o próprio pai pela mão e ambos sentiram um grande calor.

"Mas..." Juan Miguel não queria se esconder, mas sim mostrar seu rosto, para agradecer ao pai das crianças por sua bravura, mas vendo-as tão assustadas e desesperadas, ele concordou com relutância.

Mike escondeu a caixa de Luciana embaixo da cama e saiu correndo para cumprimentar Emiliano.

"Olá", respondeu ele, agitado.

Emiliano o observou atentamente.

"O que está acontecendo? Onde está sua irmã?"

"Lembrei que amanhã temos que levar alguns materiais e que a livraria da esquina está fechando, então vamos logo. Ela o pegou pela mão e o levou para fora da casa.

"Espere, você não me disse onde está a Daphne."

"Ele foi para a casa de Doña Caridad, está com ela, por favor, pai, vamos rápido".

Emiliano não ficou muito convencido com a explicação, ele imaginou que alguma travessura havia sido feita e que Daphne estaria recolhendo ou limpando a bagunça, ele os conhecia bem, o homem estava longe de imaginar que os gêmeos haviam escondido o pai.

****

Quando Daphne ouviu o rangido da porta de ferro, olhou pela janela e viu Emiliano e seu irmão atravessando o parque, depois bufou de alívio, foi até o banheiro e bateu na porta.

"Senhor."

Juan Miguel abriu.

"Você pode ir agora, por favor, não demore."

Miguel a observou com ternura.

"Não concordo em mentir para seus pais." Ele se abaixou até ficar da mesma altura que a garota, olhou para o rosto doce que se tornou tão familiar para ele, "nem é bom trazer estranhos para dentro de casa, pode ser muito perigoso".

"Mas você não parece perigoso". Ela focou seus olhos azuis nos de Miguel, "Você parece ser uma boa pessoa, eu gostei de você." Ela sorriu da mesma forma que Lu costumava sorrir, aquele gesto chocou o homem. Ele sentiu a mesma agitação inexplicável em seu coração, suspirou profundamente.

"Você também, eu gosto muito de você, além disso, eu lhe devo minha vida." Ele estendeu a mão para acariciar a bochecha da moça, mas se conteve, pois era um estranho e suas intenções poderiam ser mal interpretadas, então desistiu. Ele mudou de posição: "Acompanhe-me até a porta", pediu.

Daphne acenou com a cabeça e o levou para fora. Miguel olhou para aquela casa simples, tudo estava muito bem arrumado, cheirava a limpo, o lugar era aconchegante, havia uma energia pura no ar.

"Sua casa é muito bonita.

"Obrigada", respondeu Daphne.

Então Miguel se lembrou do que tinha ido fazer naquele bairro.

"A propósito, quero lhe perguntar uma coisa, estou procurando uma pessoa, o nome dela é Lucía Cedeño, você a conhece?"

Os lábios de Daphne se entreabriram de surpresa, ela congelou, pensou nos bandidos, embora o homem à sua frente parecesse bom, e sua pele se arrepiou.

"Por que ele está procurando minha mãe?", pensou.

"Não, eu não a conheço, talvez ela tenha ido para o endereço errado". gaguejou ele, nervoso.

Miguel assentiu, a moça tinha razão, ele tinha ido até aquele parque fugindo daqueles delinquentes, além disso, o endereço que ele tinha do Lu, era de sua casa anterior, bem na esquina do mesmo parque, ele não sabia que o destino o tinha levado até a casa do Lu, ele não imaginava que aqueles pequenos que salvaram sua vida, tinham o mesmo sangue que ele.

"Bem, obrigado por tudo, Daphne." Ele tirou de sua carteira uma nota de vinte dólares: "Tome, fique com ela".

Daphne negou.

"Não, não posso aceitar dinheiro de estranhos."

Miguel sorriu para ela.

"Não sou mais um estranho, sou seu amigo, meu nome é Juan Miguel Duque". Ele tirou o cartão do bolso da jaqueta, "aqui estão meus números de telefone, se precisar de minha ajuda, não hesite em me procurar".

Ele olhou para ela com ternura e colocou o dinheiro em um vaso de plantas: "Cuide bem de você, Daphne". Ela sentiu uma pontada no coração: "Diga também ao seu irmão que ele é muito corajoso".

Ele saiu da casa, sentindo uma sensação estranha, como um vazio em seu estômago, enquanto se afastava do local.

Ele chegou ao carro em pensamento, entrou e ficou lá por vários minutos. Ele fechou os olhos, sentindo aquele buraco em sua alma, aquele enorme vazio que Irma não tinha conseguido preencher.

"Por que você vai se casar com ela?", a voz de seu irmão gêmeo ecoou em sua mente.

"Porque Irma esteve comigo em meus piores momentos, ela me ama, desde que sofri o acidente ela me apoiou, eu a conheço desde sempre", foi a resposta dele.

"Mas você não a ama".

Ela suspirou profundamente, seus lábios tremeram, todo o seu corpo tremeu, lágrimas grossas escorreram pelo seu rosto.

"Se você não tivesse me traído, Lu, tudo seria tão diferente, talvez agora tivéssemos dois filhos como... eles, mas isso é uma impossibilidade."

****

Os gêmeos esperaram que a mãe e Emiliano dormissem. Lu chegou quase às onze horas da noite, muito cansada, pois havia servido muitas mesas naquele dia.

Depois, as crianças foram para debaixo da cama, acenderam o abajur e tiraram as coisas que Luciana tinha na caixa de sapatos.

"Só há fotos nossas", sussurrou Daphne.

De repente, encontraram um grande envelope amarelo e uma folha de papel dentro dele. Olharam um para o outro e o retiraram, era uma carta, e começaram a lê-la.

"Mas não diz nada, não temos o endereço do nosso pai, só sabemos que ele se chama Miguel", murmurou Mike.

Em seguida, verificaram o envelope e leram: Para Juan Miguel Duque.

Daphne abriu os olhos com grande surpresa, saiu rapidamente de baixo da cama, abriu a gaveta do criado-mudo e procurou em seu esconderijo secreto o cartão que Miguel havia lhe deixado.

"Mike!", exclamou ele.

"Shhh!", exigiu o garoto, "O que há de errado?", perguntou ele, saindo de debaixo da cama.

"O homem que resgatamos tem o mesmo nome de nosso pai".

Mike abriu os lábios em um grande "O" e depois piscou.

"Mas deve haver muitas pessoas no mundo com esse nome, não podemos simplesmente vir e dizer que o senhor é nosso pai."

"Mas ele perguntou sobre nossa mãe", rebateu Daphne.

"Não estou entendendo uma coisa." Mike coçou a nuca: "Na carta, mamãe, assine como Luciana Gomez".

Daphne sentou-se na cama, movendo os lábios de um lado para o outro.

"Como tudo isso é estranho!", ele disse, e novamente eles vasculharam a caixa e encontraram uma certidão de óbito, juntamente com uma certidão de nascimento.

"Aqui diz que Luciana Gomez morreu."

Daphne e Mike se entreolharam.

"Ela mudou sua identidade, então os bandidos não podem encontrá-la. Agora só temos que procurar uma foto ou algo que nos leve ao nosso pai."

"Daphne! Mike! Você está acordada?"

Os pequenos ficaram assustados, esconderam suas coisas e fingiram estar lendo um livro de detetive.

"Por que eles não dormem?", perguntou Lu, entrando no quarto.

"Não estamos com sono", respondeu Daphne, "mamãe... você poderia nos contar mais sobre nosso pai, como ele é, onde ele mora?"

Luciana suspirou profundamente, lembrando-se de que era, por um lado, lindo e, por outro, extremamente doloroso.

"Ele é um homem muito bonito, alto, sempre se veste bem, gosta de estar impecável, é muito parecido com você." Ele abraçou Mike, "você é a cara chapada dele". Ela suspirou e acariciou a bochecha do filho, "vocês dois têm a mesma cor de olhos e aquele olhar sincero, ele é muito inteligente, gentil, cavalheiro". Sua voz ficou trêmula, "há muito poucos homens como o pai dele, espero que ele não tenha mudado". Ela cerrou o punho, sentindo um aperto no peito, pensou em Irma e seu sangue ferveu.

"Você ainda a quer?", perguntou Mike.

Luciana sentiu seu coração apertar.

"Com toda a minha alma", respondeu ela, abraçou os filhos e derramou as lágrimas que estava segurando.

Emiliano cerrou os punhos com força, ele tinha saído para procurá-la e a ouviu.

"Ela ainda o ama"

****

Miguel retornou nos dias seguintes para procurar o endereço e, quando encontrou a casa, ela estava vazia, e ninguém podia lhe dar notícias de Lucía.

"Talvez você fosse outra pessoa", pensou ele desanimado, e vagou pelo parque na esperança de encontrar as crianças que haviam salvado sua vida, mas não as viu, pois as crianças estavam a caminho da escola pela manhã. Com suas esperanças frustradas, ele se dirigiu à empresa.

Juan Miguel havia aberto uma filial da fábrica de café na cidade, ele não tinha tido a oportunidade de conhecer o novo gerente, mas não podia deixar passar mais tempo, precisava lhe dar orientações antes de sua viagem de lua de mel.

Poucos minutos depois, ele chegou à empresa e foi recebido por seu assistente.

"Diga ao engenheiro Emiliano Gamboa que estarei esperando por ele em meu escritório", ordenou.

"É claro, Dr. Duque."

Miguel entrou em seu escritório, de lá a vista da cidade era de tirar o fôlego, ele estava no auge de sua carreira profissional; no entanto, sua vida era vazia, a única coisa que o preenchia eram as lembranças que lhe vinham em sonhos de Lu.

"Posso entrar?", perguntou o homem de olhos profundos, olhos castanhos, cabelos escuros e pele bronzeada.

"Claro, entre, Emiliano", respondeu Miguel e se aproximou de sua mesa.

 "Como vai o senhor, doutor Duque?" Ele estendeu a mão.

Miguel retribuiu a saudação cordialmente.

"Desculpe-me", ele ordenou.

 Conversaram sobre a experiência de trabalho de Emiliano, sobre novas ideias para a fábrica, sobre benefícios para os funcionários, entre os dois senhores gerou-se muita empatia; no entanto, Miguel estava longe de imaginar que o homem à sua frente, durante todos esses anos, havia sido o pai de seus filhos e marido de Luciana.

Emiliano não fazia ideia de que seu chefe era o homem que Luciana amava e, obviamente, seu rival.

 ****

Um dia antes do casamento, já era tarde, Dona Caridad havia voltado para casa e os gêmeos ficaram sozinhos. Mike havia derramado suco acidentalmente no chão da cozinha e eles foram pegar uma folha de jornal para colocar sobre o azulejo para que absorvesse o líquido antes de passar o esfregão.

Então, quando abriram uma página, viram que alguém havia riscado com marcador a imagem de uma mulher ao lado do homem cuja vida eles haviam salvado.

"Veja isso", disse Daphne ao irmão.

O garoto franziu a testa.

"Não fui eu, nem conheço essa senhora." Ele sorriu ao ver que em outras imagens a mulher havia desenhado bigodes.

"Ele está falando de um casamento aqui, e este é o mesmo homem que resgatamos".

"Mamãe disse que nosso pai ia se casar com outra mulher, uma muito ruim." Daphne arregalou os olhos.

"Então..."

"Ele é nosso pai! Juan Miguel Duque é nosso pai!", exclamou Mike, sentindo uma enorme emoção.

"Não podemos deixar que ele se case com essa bruxa! O casamento é amanhã! Temos de impedir isso!", propôs Daphne com firmeza e, ao mesmo tempo, com desespero.

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