Haiden — O que diabos há de errado com você? – Ember gritou com Daphne e eu corri para o lado dela em menos de um minuto. Ofereci a ela um lenço tentado diminuir o estrago feito por Daphne, mas era inútil. Ember pegou sua bolsa na cadeira e, olhando para mim com decepção, saiu do restaurante em passos apressados. Eu mal havia percebido que todos olhavam para a cena horrorizada. Eu me virei para olhar para Daphne, a raiva crescendo dentro de mim. A função dela era me ajudar, não atrapalhar, afastar as mulheres que poderiam ser minha esposa perdida. Eu não queria causar outra discussão ali, enquanto toda a atenção estava voltada para nós dois. Olhando para ela pela última vez, eu virei as costas e saí. Ouvi os saltos de Daphne, me acompanhando apressadamente. — Eu não fiz de propósito – ela começou a dizer, mas eu não parei para ouvi-la – foi um acidente. Considerei difícil acreditar em suas palavras. — Deveria ter pedido desculpas – passei a mão sobre os cabelos, bastante frustr
Daphne Flashes da noite passada ainda assombravam a minha mente. Eu me esforcei para não chorar na frente do Haiden e mostrar o quanto a desconfiança dele me machucou. Por que eu deveria ficar ressentida com o meu chefe? Eu ganhava bem para fazer esse trabalho, então não podia me queixar. Mas a maneira como ele me olhou quando a taça de vinho caiu em cima da sua convidada me fez sentir culpada, mas eu não fiz de propósito, foi um acidente. Minhas mãos me traíram quando Haiden me ignorou, foi como se o meu coração não suportasse e o meu corpo reagisse ao seu desprezo. Voltei para casa chorando. No carro com o desconhecido, coloquei para fora toda a minha dor. Ali, ele não podia me ver e nem me achar uma patética. Sentia que nunca poderia me esquecer do olhar de nojo que Haiden me lançou naquela noite. Eu ainda pensava sobre isso quando cheguei ao trabalho. Eu não deveria voltar, mas eu não estava em condições de escolher isso. Eu morava de favor na casa da minha melhor amiga e eu n
Daphne Eu não estava preocupada em parecer inadequada na frente dos funcionários, aquelas pessoas queriam ver minha ruína, então eu daria a elas a arma de que precisavam. Mas a pessoa que eu queria que me visse com mas olhos parecia nem se importar com minha rebeldia. Era claro que Haiden ouviu meus gritos do escritório dele, mas ele demorou para sair do seu esconderijo e fingir se importar com o que estava acontecendo. Quando ele apareceu, eu estava entrando no elevador. Ele correu para me alcançar. — Por favor, Daphne, segure a porta do elevador. Eu deveria apertar o botão e deixar a porta fechar. A última coisa que eu queria era ficar presa em um espaço pequeno com o meu chefe, mas segurei a porta para ele entrar e sentir como se estivesse cometendo um enorme erro. A estrutura musculosa de Haiden estava bem ao meu lado. Seu perfume forte invadiu minhas narinas, ele, olhando para a porta do elevador enquanto ela se fechava lentamente. Um silêncio constrangedor invadiu o mín
Daphne Depois do encontro desastroso no elevador, o dia passou rápido. Terminei todos os documentos que o Haiden havia ordenado que eu trabalhasse antes do fim do expediente, mas eu não queria entrar no escritório dele para entregá-los. Outro encontro com ele nesse dia seria um desastre. Avistei Jeffrey se aproximando para entrar no escritório dele, quando corri com uma pilha de papéis nos braços, o interceptando antes que fosse tarde demais. — Oi, Daphne – Jeffrey era o único que parecia feliz em me ver, alargou o sorriso e me ajudou gentilmente. — Pode entregar isso para o senhor Haiden – eu disse ofegante, em um sussurro parado em frente à porta do escritório de Haiden. — Está evitando-o por quê? A pergunta me fez paralisar. Eu não estava o evitando, eu estava evitando a mim mesma. Haiden mesmo havia dito que todas as vezes que eu aparecia trazia comigo um problema, e ele estava certo. — Estou atrasada para um compromisso – menti enquanto olhava para o meu relógio de pulso
Haiden Antes Meu olhar endureceu assim que me lembrei do episódio no elevador. A conversa incomum que tive com a Daphne e a maneira curiosa como ela me perguntava sobre o casamento e o amor. Eu consegui ver uma urgência nas palavras dela, como se sua vida dependesse daquelas respostas. Eu não vi Jeffrey entrar, nem o momento em que ele colocou a pilha de papéis em cima da minha mesa. Eu estava em transe, fora do meu corpo, eu voltei quando ouvi a voz dele e direcionei o olhar em sua direção. — Estou há uns cinco minutos chamando você – olhei para os documentos, depois para a porta – o que está acontecendo? — Por que você está entregando esses documentos para mim? — A Daphne pediu – ele respondeu, quando me levantei, fui até a porta e a abrir procurando por Daphne. Ela havia ido embora. Fiquei furioso por não a encontrar. Ela causava uma situação constrangedora entre nós dois e depois desaparecia. — Você tem agido estranho nos últimos dias – Jeffrey continuou sua investigação
Daphne Estou paralisada, enquanto um frio percorre minha espinha e eu não consigo me mover. A voz de Haiden ressoa logo atrás de mim. O que eu estava pensando quando resolvi vir até aqui? Que tal um passeio ao parque? Que encontraria um cenário bom e aconchegante? Eu só podia estar louca e esse era o preço pela minha rebeldia. Eu deveria correr, mas minhas pernas não me obedeciam. Eu ouvi os passos de Haiden se aproximando, sua mão tocando meu ombro e sua força me virando, me obrigando a olhar nos olhos dele. Ele sorriu, como se estivesse feliz em me ver. Qual era a probabilidade de aquilo acontecer? Haiden aparecer no meio do seu encontro e parecer feliz em me ver? — Como você… — Precisei vir – eu o interrompi de repente, não deixando que ele completasse a frase – eu tentei ligar para o senhor, mas não atendia. Que bela mentira eu estava contando. — Estranho, meu celular está ligado – ele tirou o celular do bolso para verificar – eu não recebi nenhuma ligação sua. Meu coraç
Daphne Dirigi de volta para casa no automático. O trânsito tranquilo me permitiu estar ali, mas a mente em outro lugar. Minha visão ficava embasada em alguns pontos, devido às lágrimas insistirem em cair. Eu odiava me depreciar, mas eu não tinha sorte no amor. Todos os homens que eu conhecia e me apaixonei não haviam sido feitos para mim. Estranhamente, Evangelina estava na porta me esperando. Levei um susto quando a vi parada na entrada com um copo de café na mão e os olhos com enormes olheiras. Olhei no relógio, não era tão tarde, mas ela parecia não ter dormido há muitas noites. — Por que demorou tanto para chegar em casa? – ela me indagou, colocando seu pequeno corpo na minha frente, me impedindo de prosseguir – sei que o trânsito é um caos, mas já vai dar onze horas da noite. Fiquei preocupada, Daphne. Às vezes eu me esquecia de que poderia haver alguém que se preocuparia comigo de verdade. — Sinto muito não ter avisado – eu me arrastei, afastando-a para o lado e passando –
Daphne — De novo, está se sacrificando para salvar a Ember – a indignação saindo pelos meus poros – até quando vai continuar sendo uma péssima mãe? A expressão dela não era amigável. Rosália me olhou com fúria, o rosto ficando vermelho, o semblante contrariado. Em toda a minha vida, eu jamais havia falado com ela desse jeito, mas não me importei, ela mesmo havia dito que eu não fazia mais parte de suas vidas. Eu deveria respeitá-la como minha mãe? — Eu sempre fui uma boa mãe – ela fechou os punhos e cerrou os dentes para mim – sacrifiquei a minha vida para cuidar de vocês duas. Como pode dizer uma coisa assim para mim? — A Ember é assim por culpa sua, mãe – minha voz se elevou. Estávamos discutindo no meio da rua – por que não a educou como fazia comigo? Por que sempre tudo era para ela e nada para mim? Por que a senhora amou mais ela do que eu? Eu estava pronta para colocar para fora toda a minha dor, quando a atenção de Rosalía se voltou para o celular. Ela havia acabado de rec