Nos dois dias seguintes, Sílvia manteve uma rotina frenética, dividindo seu tempo entre o hospital, o norte da cidade e a mansão.Enrico e seu grupo estavam igualmente ocupados com suas tarefas. Sílvia soube por Yuri que a comunicação com a Oficina dos Sonhos estava tensa, sobretudo porque a empresa não parava com sua busca por departamentos específicos.Sílvia queria ajudar, mas Enrico e os demais, cientes de que ela estava assoberbada com questões relativas ao seu avô, não permitiram sua participação.Íris a consolou:- Não se preocupe, Síl, é apenas um contratempo. O chefe, com certeza, dará um jeito.Sílvia, reconhecendo sua limitada capacidade de ajuda, não insistiu.Ela não havia mais contactado Marcos, não por falta de desejo, mas por não saber o que dizer.Foi somente quando o Dr. Murilo a convocou ao hospital que Sílvia solicitou o reparo do encanamento no norte da cidade.O antigo bairro, com sua infraestrutura precária e atual escassez de moradores, havia visto o serviço de
Isabelly, desesperada, se lançou para proteger Bianca, envolvendo ela em seus braços, enquanto o chute de Yago acertava seu braço com força.Com a voz rouca, Isabelly soltou um grito agudo, o que apenas intensificou as maldições ferozes de Yago.- Você é um inútil! Como ousa voltar sem cumprir o que ordenei? Mandei você arranjar centenas de milhares com aquele bastardo, e falhou? Fale! Queria que eu fosse morto por aquelas pessoas? - Enquanto vociferava, ele se levantou, tirou o cinto da cintura das calças e açoitou as costas de Isabelly!O som do golpe era alto e nítido, acompanhado pelo incessante xingar e insultar do homem.- Eu te digo, se você me faz infeliz, não espere felicidade para si. Vou até vender minha filha para o exterior, para que seja esposa de alguém. Acredite se quiser!Isabelly, abraçando Bianca, apenas chorava, até que, finalmente, Yago, exausto, desabou sentado na cadeira, irritado, coçando o rosto.Ele chutou Isabelly com o pé, com uma voz sombriamente aterroriza
A cirurgia do avô estava agendada para a manhã de sexta-feira.Sílvia chegou ao hospital na calada da noite, sem conseguir pegar no sono, e decidiu ir diretamente ao hospital para ficar ao lado de seu avô.Felipe havia alertado ela repetidas vezes para não criar expectativas de 100% em relação à cirurgia, mencionando que a condição de saúde do avô era bastante delicada e que o risco seria maior do que o usual.Sílvia estava ciente disso, mas tinha plena consciência de que seu avô preferiria não passar o restante de seus dias em um estado de confusão. Por isso, preferiu a cirurgia.Ao chegar ao quarto, viu que seu avô ainda descansava, por isso Sílvia não quis incomodá-lo e esperou do lado de fora.Às seis da manhã, o avô finalmente acordou, com a cirurgia programada para ser a primeira do dia.Devido à anestesia, ele estava em jejum desde a noite anterior. Com expressão serena, Sílvia umedeceu um cotonete com água e passou suavemente nos lábios de seu avô.Os olhos do avô, turvos e c
Sílvia acabara de chegar à área de espera da cirurgia quando recebeu uma ligação de Henrique, cujo tom era de urgência.- Síl, estou em viagem de negócios e só agora soube que meu avô está sendo operado hoje. Como estão as coisas?Sílvia, que nos últimos dias estivera tão ocupada que mal tinha conversado com Henrique, se lembroudisso e respondeu.- Não há problema algum.- Não se preocupe tanto, o avô é uma pessoa de sorte, com certeza ficará bem.Sílvia agradeceu e então ficou em silêncio.Após um breve momento, Henrique suspirou, com um tom de auto-reprovação.- Desculpe, Síl, parece que sempre que você está com problemas, eu não estou por perto.Sílvia, segurando o telefone, disse:- É algo que eu mesmo deveria resolver.- Parece que sou um amigo muito incompetente. - Henrique sorriu amargamente, pois recentemente tinha assumido muitas responsabilidades familiares e passava a maior parte do tempo viajando a trabalho.Sílvia não sabia como confortá-lo, apenas disse:- Não se preocupe
As visitas na UTI são sempre à tarde e, como o avô acabou de ser operado, para evitar infecções, ele não pode receber visitas por enquanto.Sílvia cuidou de toda a burocracia necessária e, depois, não tinha mais o que fazer.Ela planejava passar mais uma noite no hospital, mas, para sua surpresa, Bruna apareceu no final da tarde.Mesmo indo ao hospital, Bruna ainda usava seus saltos altíssimos, dizendo que, sendo baixinha, parecia mais imponente dessa forma.Assim que chegou, Bruna, franzindo a testa, olhou para Sílvia:- Por que você está com essa cara tão cansada? Não é à toa que Enrico disse para eu vir te levar para jantar.Sílvia ouviu de várias pessoas que parecia cansada, mas ela mesma não tinha prestado muita atenção. Tocou o queixo e disse em voz baixa:- Estou bem.- Bem o quê? Você está acabada. - Bruna balançou a cabeça. - Você não jantou ainda, né?Sem jantar, Sílvia não tinha comido nada o dia todo, preocupada com a cirurgia do avô, ela simplesmente não tinha apetite.-
Entretanto, Marcos não atendeu o telefone.Sílvia desligou e esperou um pouco antes de tentar novamente.Desta vez, foi atendida rapidamente.Mas quem atendeu não foi Marcos.- Olá, quem fala? O Presidente Marcos está ocupado e não pode atender ao telefone agora. Posso passar algum recado para ele?Era Ana, com um ruído de fundo que soava um tanto barulhento.Sílvia hesitou por um instante.- Marcos está ocupado?Assim que Ana percebeu que era Sílvia, imediatamente se moveu para um local mais silencioso e falou em tom mais baixo,- Você está procurando o Presidente Marcos por algo urgente? Estamos em uma degustação de vinhos agora, e o Presidente Marcos está socializando com pessoas da Cidade L.- Degustação de vinhos? - Perguntou Sílvia. - Por que tem uma degustação de vinhos pela manhã? Não deveria ser à noite?- As pessoas da Cidade L precisam retornar à tarde, então decidimos antecipar para agora. - Ana explicou e, em seguida, questionou. - Se é algo urgente, posso passar o telefon
Na manhã seguinte, quando Sílvia desceu, Íris e os outros estavam tomando café da manhã. Ao ver Sílvia descendo, eles se surpreenderam por um momento.- Síl, você não dormiu bem ontem à noite?Sílvia, que havia acabado de se lavar e já tinha notado no espelho sua aparência cansada, de fato não conseguiu dormir durante a noite, portanto, sua aparência certamente não estava das melhores.Ela observou Íris e os outros, vestidos de forma bastante formal, e mudou de assunto, indagando:- Vocês têm algum compromisso hoje?- O chefe marcou um encontro com as pessoas do departamento; teremos outra reunião hoje.Sílvia franziu a testa ligeiramente:- Como assim vocês não me avisaram?Após falar, ela se lembrou de que tinha passado os últimos dias ocupada, indo ao hospital, provavelmente Enrico estava tentando não sobrecarregar sua agenda.De fato, Yuri explicou:- É apenas um pequeno seminário, não precisamos de tantas pessoas. O chefe disse para você se concentrar no que está fazendo.Sílvia,
Isabel tinha um temperamento difícil, sempre se mostrando altiva e arrogante com todos, falando de maneira cortante e desagradável.Sílvia não se surpreendeu.Ela desviou o olhar, se virando para entrar no escritório, mas Isabel a viu de repente.A expressão de desgosto em seu rosto se tornou ainda mais fria e dura. Ela zombou ao falar:- Realmente, as boas notícias nunca vêm aos pares, mas as más sempre chegam todas de uma vez.Juliana também viu Sílvia e percebeu que ela poderia ter ouvido o que Isabel acabara de dizer, ficando com o rosto tensamente rígido.A única que permaneceu calma foi Sílvia, que entrou no escritório como se não tivesse ouvido Isabel.Dr. Murilo a viu, com uma atitude bastante amigável:- O paciente está bem agora, mas, claro, uma cirurgia sempre debilita o corpo, então ele definitivamente precisa de um bom tempo para se recuperar. Considerando a situação especial do paciente, pensamos em mantê-lo na UTI por mais quinze dias. Você acha que isso seria possível?