Ponto de Vista da Kaia— Rosa... — Riley tentou fazer sua irmã se concentrar na tarefa em mãos, antes que seus olhos se perdessem em uma conexão mental. Quaisquer palavras de encorajamento que ele tinha dito pareciam funcionar, pois a cabeça dela começou a acenar lentamente, indicando que estava concordando.Ela se levantou sozinha, deixando o abraço constante da mãe e o meu, e se aproximou do homem acorrentado à sua frente.Ela era a jovem mais corajosa que eu já havia conhecido. Ela ficaria bem com o amor e o apoio de sua família e da sua matilha, ela ficaria bem.Não estava completamente certa do que estava acontecendo até Rosa rejeitar o vínculo de companheirismo, e o nome dele foi forçado para fora de seus lábios quando algo foi cravado em seu lado.Rosa não viu, mas eu vi, Riley fez aquilo de forma muito discreta.Enquanto ela fazia sua rejeição, ele lutava contra a força de Riley, um irmão protetor impondo sua própria vingança contra o que deveria ser o companheiro protetor de s
Ponto de Vista do Hector— Quer lidar com ele? — Abri uma conexão mental tripla entre Ezra, Riley e eu.— Você vai permitir isso? — Riley parecia surpreso com a minha oferta.Era verdade que aquilo era dever de um alfa, mas aquele desgraçado atacou a irmã dele. Eu deixaria ele acabar com o cara em pedaços, se quisesse. Mesmo assim, sabia que aquilo não traria alívio. Só eliminaria o risco, não a lembrança.— Ela é sua irmã. Ele deveria proteger ela. Acho que é um castigo justo. Mas, se você não quiser, eu entendo. Não vai apagar o ódio nem a memória... Só o macho.O cara já tinha perdido muito sangue, a ponta da adaga estava mergulhada em acônito. O ferimento não estava cicatrizando. Mesmo sem mais punições, ele morreria antes do pôr do sol.Riley não demorou muito para decidir. Puxou a adaga do lado do infeliz e cravou no pescoço dele.Eu provavelmente teria quebrado o pescoço dele com as mãos, mas cada um tinha seu jeito.No caminho de volta para casa, dei uma passada para conversar
Ponto de vista do ThanQue merda total.Eu pude sentir o momento em que meu membro da matilha morreu. Aquele que eu acabei de entregar.O que mais eu poderia fazer? Hector me colocou numa situação difícil sem saída e ele sabia disso.Como alfa, eu tinha a responsabilidade de sentir cada nascimento e cada morte, uma parte difícil de ser alfa às vezes... Mas era parte do equilíbrio.Ouvi dizer que o sentimento de cada alfa é diferente, mas para mim, é como se uma vela tivesse se apagado, o suave brilho da vida se tornando um pequeno vazio frio.Porém, aquilo não dura muito antes de um novo nascimento na matilha preencher o vazio, o ciclo da vida dos transformadores.Eu poderia ter matado ele mesmo por ter ferrado tudo.Naquele momento meu plano foi adiado.O homem, naquele momento morto, havia decidido tomar as rédeas da situação por conta própria.Não tenho dúvida de que ela era a companheira dele, mas se eu não o entregasse, minha reputação seria manchada como o alfa que permite ataque
Ponto de Vista da KaiaEu estava no escritório com o Hector, mas ele não estava tão falante como de costume. Hector parecia imerso em seus pensamentos. Quando virei o rosto, percebi que ele estava me olhando. Então, ele se movia rapidamente, de um jeito que eu nunca conseguia pegar, mas eu podia ver ele me observando pelos cantos dos olhos... O que será que ele estava pensando?Ele afirmou que não me entregou em uma troca e eu acreditei nele. Ninguém conseguiria fingir um nível de sinceridade como o dele na noite passada.Eu estava checando minha conta de e-mail pessoal no escritório. Eu não costumava passar meu e-mail para qualquer um, usava mais como um local de armazenamento, sem querer correr o risco de ser hackeado. Até o Than nunca soube meu endereço de e-mail, sempre fiz questão de pedir para ele me mandar mensagens no celular. Mas ele passava o dia inteiro comigo na faculdade, então quase nunca mandava mensagem.Somente algumas poucas pessoas sabiam meu endereço de e-mail, e um
Ponto de Vista da KaiaA caminhada estava mais longa do que eu esperava. Ou talvez fosse só o fato de saber quem estava no final da trilha.Quando Hector disse que prepararia guerreiros, eu imaginei que seriam no máximo uns 5... Mas 20 era um pouco excessivo.Hector não sabia que Than precisava que eu estivesse viva, precisava que eu estivesse segura. Ele só precisava que eu estivesse segura na Matilha Deserto de Âmbar, bem escondida e protegida.— Você tem certeza disso? — Hector perguntou enquanto caminhávamos lado a lado.— Sim... Ele se ofereceu para retirar seus guerreiros.— Beleza, vou acreditar nisso quando ver.— Eu também, mas é o primeiro passo para afastar eles das suas fronteiras, devolvendo a liberdade aos membros da sua matilha. Isso não pode continuar por muito mais tempo.Os membros da Matilha Fantasma das Trevas estavam sendo bem compreensivos com as ordens e restrições de toque de recolher de Hector. Mas logo eles começariam a reclamar, a tomar as rédeas da situação
Ponto de Vista do ThanNão podia acreditar no que via, uma traição completa. Ela não passava de uma traidora.Não só foi diretamente para a matilha inimiga, como também se enredou completamente no meio da matilha com eles... Com ele.Não havia como enganar, a leve curva da sua barriga quando se virou de lado.Ela estava grávida, aquela vadia estava grávida... E por ele.Se ela achava que a gravidez ia me impedir, estava completamente errada. Na verdade, aquilo só me deu mais motivação para derrubar os dois.Não perdi tempo e afastei meus subordinados imediatamente... Ela precisava saber a verdade e precisava saber naquele momento mesmo.Eu precisava separar eles, precisava deixar ela vulnerável... Sozinha.Ele ficava protegendo ela o tempo todo, mas se ela soubesse que ele só a estava usando, ela ia fugir, do mesmo jeito que fugiu de mim. Mas daquela vez, eu ia esperar. Ia estar preparado.Ela não iria escapar de mim de novo.Dirigi sozinho de volta para a Matilha Deserto de Âmbar, Zan
Ponto de vista da Alora— Than... Than... O que você está fazendo? Para... — Minhas mãos se moviam devagar demais. Não consegui alcançar minhas memórias de infância, aquelas coisas que guardei da casa dos meus pais... Memórias preciosas dos anos que passei amando o Than.Ele rasgava caixa por caixa, jogando tudo no chão, sem nem olhar o que tinha dentro. Eu não conseguia acompanhar. Minha loba tentava vir à tona, queria me alertar, mas ainda não tinha se recuperado completamente.Por que ele estava naquele surto cego?Então, algo caiu com um baque surdo.Meu coração disparou, o pânico subiu no peito e me deixou sem ar. Meu antigo diário preto caiu no chão.Ele parou. Os olhos dele se fixaram naquele caderninho ali, deitado aos seus pés.Quem teria guardado aquilo?Por que colocar numa caixa? Aquilo só traria dor para Than.Eu tinha escrito naquele diário no ano em que tudo começou a dar errado.Sem pais, sem amigos próximos fora do círculo dele com quem eu pudesse conversar ou pedir co
Ponto de vista da KaiaNada mostrava mais que eu estava envolvida até o pescoço do que levar uma cesta de comida para a casa de uma família que tinha passado por uma situação inimaginável.Mas eu não pude evitar. Meu coração não parava de pensar na Rosa. Eu precisava ver como ela estava e me certificar de que estava bem.Tinha feito pão fresco com a Aubrey e embrulhado uma seleção de queijos e frutas da cozinha da casa do alfa. Aubrey disse que não era problema e que Hector não se importaria.Era só um pretexto, uma desculpa para ir até lá, porque dizer algo como "Como você está depois de ser estuprada pelo seu companheiro que agora está morto?" simplesmente não dava.Quem abriu a porta foi a mãe da Rosa. O cabelo dela estava desgrenhado, como se já fizesse tempo que não tivesse um momento para si mesma, e as roupas estavam todas amassadas. Devia estar se desdobrando para ficar ao lado da Rosa... Imaginava que os pesadelos continuassem até de madrugada. Ele podia estar morto, mas as me